Como a comunicação pode contribuir para o debate sobre a ressignificação dos monumentos públicos? Esta foi a pergunta norteadora da pesquisa de Bruna Serafim Moura (foto) no Mestrado Profissional em Inovação na Comunicação de Interesse Público da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). O objetivo geral foi compreender como a comunicação pode contribuir para o debate sobre as ressignificações dos monumentos públicos, tendo como objetivos específicos: caracterizar os monumentos públicos como símbolos culturais; relacionar os processos de produção de sentido e ressignificação dos monumentos públicos à Comunicação de Interesse Público; e desenvolver um produto de comunicação que contribua para o debate sobre a ressignificação dos monumentos públicos. A orientação da pesquisa de Bruna foi do professor João Batista Freitas Cardoso.

Formada em jornalismo pela USCS, Bruna conta que a origem do seu interesse pelo estudo sobre a produção de sentidos e ressignificação dos monumentos públicos, e seu potencial de uso na comunicação de interesse público, surgiu ao assistir uma palestra do Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (LPD&I) do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da USCS, na qual a convidada Sandra Uribe, doutora em Ciências e Humanidades pela Universidad Autónoma de Coahuila, no México, apresentou a tese sobre apreciação artística de três esculturas públicas por jovens da Universidade de Colima – México. “Durante a palestra, a Dra. Uribe demonstrou a metodologia e resultados da pesquisa com os jovens e fez um experimento similar com quem a estava assistindo naquele momento. Meu interesse por questões relacionadas ao campo da cultura orientou a definição do tema desta pesquisa em um sentido convergente à da tese de Uribe, direcionado aos aspectos culturais do ABC”, explica a jornalista.

Bruna registra que os monumentos públicos vêm sendo questionados em várias partes do mundo. A primeira grande repercussão sobre esse tipo de protesto começou com a derrubada de uma estátua na Inglaterra, em junho de 2020, da figura do traficante de escravos Edward Colston, jogada no rio da cidade de Bristol, motivada como protesto antirracismo pela morte de George Floyd, nos Estados Unidos, em maio de 2020. No mesmo ano, na Bélgica, o alvo foi a estátua do rei Leopoldo II, acusado de ter matado milhões de congoleses nativos na época da colonização. “Embora a maioria desses monumentos não represente as ideias de uma parte da sociedade atual, não se pode ignorar que, em algum momento, eles representaram ideais dominantes de uma época. Se, por um lado, o surgimento de novos sentidos faz com que algumas pessoas entendam que esses monumentos devam ser retirados, por outro, há o entendimento de que eles passam por um processo de ressignificação, que justificaria a sua manutenção”, avalia a ex-aluna do PPGCOM-USCS.

Na justificativa de seu trabalho, Bruna relata que, além da cidadania, os monumentos públicos podem ter potencial de desenvolver nos cidadãos o senso de identidade regional, ao considerar que traduzem, pelo seu significado, características inerentes à região.

“Ao realizar uma pesquisa em campo e pelos Centros de Memória regionais sobre os principais monumentos do ABC, identificou-se algo em comum nas cidades: grande parte deles representam imigrantes, mais especificamente, nas cidades de São Caetano, São Bernardo , Santo André e Diadema”, conta a pesquisadora, que limitou seu estudo à relação dos monumentos públicos com a cultura regional, concentrando-se ao seu aspecto comunicacional. Teve como foco a cultura imigrante do ABC, formada por imigrantes europeus e migrantes nordestinos, e suas representações, que estão localizados em locais de acesso público.

“No ABC, há oito monumentos, espalhados pelos municípios, que referenciam a imigração. Pode-se considerar que os monumentos públicos do ABC, em especial os que referenciam à imigração, se relacionam com a memória coletiva da região, considerando que este é um ponto forte da cultura local. Grande parte dos monumentos à imigração estão ligados à família, com representações similares entre eles, mas cada um tem potencial para gerar um sentido diferente na mente do interpretante, a depender de suas vivências e leis pessoais”, pondera a jornalista.

A íntegra da dissertação de Bruna Serafim Moura está disponível no link: https://www.uscs.edu.br/pos-stricto-sensu/arquivo/893.

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