Filmado em Ontario ao longo de 31 dias “A Garota Ideal”, no Prime Video, é uma comédia dramática dirigida por Craig Gillespie e escrita por Nancy Oliver, que disputou o Oscar na categoria  de melhor roteiro original. Ryan Gosling interpreta Lars, um jovem na casa dos 30 anos, solitário, introvertido e hiperestésico em relação ao toque. Ele literalmente sente muita dor quando é tocado por outro ser humano. Ele trabalha em um escritório, onde foge das investidas da colega Margo (Kelli Garner), e mora na garagem de seu irmão, Gus (Paul Schneider), desde a morte do pai. Gus e sua esposa grávida, Karin (Emily Mortimer) estão particularmente preocupados com a solidão de Gus e suas constantes recusas para estar na companhia de outras pessoas.

Um dia, seu colega de trabalho mostra uma boneca de vinil em um site de pornografia. Um tempo depois, uma encomenda grande e pesada chega para Lars. Em seguida, ele aparece na porta de Gus e Karin dizendo que está namorando. Gus e Karin suspiram aliviados, afinal, Lars finalmente deixou alguém se aproximar. No entanto, quando ele traz a nova namorada para o jantar, as coisas se mostram um pouco perturbadoras. 

Então, ele apresenta Bianca, uma mulher em cadeira de rodas, meio brasileira e meio dinamarquesa, que não fala o idioma e que tem alguns problemas de saúde. Na verdade, Bianca é uma boneca ultrarrealista, comprada na internet, que na fantasia de Lars é uma pessoa de verdade a quem conheceu on-line. O irmão e a cunhada estão em choque, mas decidem dar corda para o delírio do irmão. No entanto, o convencem de que é necessário levar Bianca para uma consulta médica no dia seguinte.

Na oportunidade, eles levam Lars para uma visita à doutora Dagmar (Patricia Clarkson), uma psiquiatra que finge tratar Bianca, enquanto escuta Lars se confidenciar sobre sua relação com a boneca. Bem, eu não sei se algum terapeuta utilizaria o mesmo método de Dagmar na vida real, mas a forma como ela aborda e trata o delírio de Lars é simplesmente genial.

Enquanto o escuta falar sobre como tem sido o cotidiano com sua nova namorada, Dagmar investiga as razões nas quais Lars precisa de Bianca em sua vida. É quando ela descobre que ele tem hipersensibilidade ao toque e traumas pessoais, envolvendo a perda da mãe durante seu parto.

Ele não é apenas muito tímido para se relacionar com pessoas, mas ele tem muito medo de se relacionar com elas, e isso envolve o medo do julgamento, da intimidade e, até mesmo, da perda. Bianca não pode se mexer e nem falar sem que Lars a carregue ou diga o que ela está falando. É muito mais fácil lidar com alguém que não tem vontades próprias e nunca irá machucá-lo ou rejeitá-lo.

Ao longo de seu tratamento, observamos um evento extraordinário ocorrer na pequena cidade em que eles vivem. Todos compreendem a solidão de Lars e entendem que Bianca é uma forma de aplacar isso. Então, a comunidade a abraça como uma pessoa de verdade. Lars a leva para todos os lugares. Eles vão juntos à igreja, passeiam pelas ruas, vão a festas. Todos começam a lidar com Bianca como se ela fosse real. E, nisto, temos uma belíssima lição de aceitação, pertencimento e empatia.

Vale ressaltar que embora Bianca tenha sido comprado em um site pornô e seja anatomicamente adequada para o uso sexual, esta nunca é a intenção de Lars, que dorme em quarto separado e lida com ela da maneira mais ingênua e delicada possível.

Inspirado na história de Pigmalião, que na mitologia grega foi rei de Chipre e um escultor que se apaixonou por uma estátua que ele próprio criou ao tentar reproduzir a mulher ideal. O mito trata da percepção da realidade e como modificamos a realidade para adaptá-la às nossas fantasias e expectativas.


Filme: A Garota Ideal
Direção: Craig Gillespie
Ano: 2007
Gênero: Drama/Comédia/Romance
Nota: 9/10

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