Quase um ano e meio depois de receber o diagnóstico de câncer, o atacante Sébastien Haller superou a doença e, neste domingo (11), fez o gol da vitória de Costa do Marfim por 2 a 1 sobre Nigéria na decisão da Copa Africana de Nações (CAN), no Estádio Olímpico de Ebimpé, em Abidjã.
Os Elefantes, como são conhecidos os jogadores da seleção marfinense, tiveram frieza e paciência para superar o bloqueio defensivo dos nigerianos e vencer de virada diante dos seus torcedores.
País anfitrião da CAN, a Costa do Marfim não conquistava a principal competição africana desde 2015. Após um começo de campanha desastroso, com demissão do técnico ainda na fase de grupos, o título até parecia pouco provável neste domingo.
O ídolo Didier Drogba esteve entre os quase 60 mil torcedores presentes no estádio e comemorou muito a cada gol marfinense e, é claro, no apito final. Drogba, vice-campeão da Copa Africana em duas ocasiões (2006 e 2012), nunca levantou esta taça.
Em uma decisão bem truncada e repleta de faltas, a Costa do Marfim deteve a posse de bola e tomou mais iniciativa, mas os nigerianos foram felizes no único escanteio ao seu favor no primeiro tempo e saíram na frente. Aos 37 minutos, o zagueiro Troost-Ekong aproveitou sobra de bola e mandou de cabeça para as redes.
Em desvantagem, os marfinenses pressionaram ainda mais os nigerianos, que formavam um paredão na entrada da grande área.
Somente aos 16 da etapa final, a Costa Marfim chegou ao empate com Kessié, que surgiu livre em cobrança de escanteio e testou para o chão.
Quando a Nigéria começava a ensaiar uma pressão sobre os Elefantes, foi a vez de Haller brilhar. Em cruzamento de Adingra, Haller se antecipou ao zagueiro Ekong e finalizou com o pé direito, aos 35.
Foi Haller, inclusive, quem colocou a Costa do Marfim na decisão do título. Nas semifinais, contra a República Democrática do Congo, ele acertou um voleio e fez o gol da vitória, por 1 a 0, aos 20 da etapa final.
Sébastien Haller, que ficou de fora da primeira fase por conta de lesão, deixou o estádio como o herói do tricampeonato. Atacante do Borussia Dourtmund, ele recebeu o diagnóstico de câncer no testículo em julho de 2022. Aos 29, Haller havia acabado de ser contratado pelo time alemão.
O atleta, então, foi submetido a um procedimento cirúrgico e voltou ao gramado em janeiro do ano passado.
Haller, aliás, marcou o seu primeiro gol com a camisa do Borussia no dia 4 de fevereiro de 2023 —contra o Freiburg pela Bundesliga. A data é reservada para comemorar o Dia Mundial de Combate ao Câncer.
A forma como a Costa do Marfim chegou à final aos trancos e barrancos deixou a conquista, neste domingo, ainda mais emocionante.
Na fase de grupos, a seleção dona da casa foi goleada pela Guiné Equatorial, por 4 a 0. Com o surpreendente revés, a federação marfinense demitiu o treinador francês Jean-Louis Gasset. Coube a Emerse Faé assumir o comando técnico, de forma interina.
Finalistas neste domingo, as duas seleções já haviam se enfrentado na fase de grupos. Na ocasião, a Nigéria levou a melhor ao vencer por 1 a 0 pela segunda rodada.
Depois deste começo ruim na CAN, a equipe marfinense contou com outros resultados para avançar ao mata-mata. Logo nas oitavas, os donos da casa se depararam com Senegal, do craque Mané e atual campeão. Costa do Marfim levou a melhor na decisão dos pênaltis.
Já a Africa do Sul derrotou Congo nos pênaltis (6 a 5) e ficou com o terceiro lugar, após empate sem gols no tempo regulamentar e na prorrogação.
Em 34 edições de Copa Africana, o Egito é o maior campeão com sete taças. Depois, Camarões e Gana têm, respectivamente, cinco e quatro conquistas cada.
Com o tricampeonato neste domingo, Costa do Marfim empata com Nigéria. Os marfinenses também venceram em 2015 e 1992, e os nigerianos fizeram a festa em 2013, 1994 e 1980.