É líquido e certo que a combinação entre El Niño e aquecimento das águas do Atlântico Tropical de fato prejudicará as produções de soja e milho em Mato Grosso nesta safra 2023/24. Mas deverá favorecer o algodão, sobretudo por causa do aumento da área plantada, uma vez que o atraso da colheita de soja tornará inviável o cultivo de milho safrinha no Estado, que lidera a produção brasileira de grãos e fibras.
SOJA
Segundo estimativas do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea/Famato) divulgadas ontem, a produção de soja deverá alcançar 42,13 milhões de toneladas em Mato Grosso nesta safra 2023/24, 7,04% menos que em 2022/23. A área plantada está calculada em 12,13 milhões de hectares, estável mas quase 6% é passível de replantio por causa das adversidades climáticas. A produtividade média tende a recuar 7,11%, para 57,87 sacas de 60 quilos por hectare. Por causa das incertezas, as vendas antecipadas da produção estão um pouco mais lentas. Conforme o Imea, 34% da produção esperada no Estado foi comercializada até o fim de novembro, 6,7 pontos percentuais a menos que um ano antes, quando estava em jogo a venda da colheita da safra 2022/23.
MILHO
No caso do milho, o Imea estima colheita de 43,75 milhões de toneladas em 2023/24, com queda de 16,7% ante a temporada passada. Em Mato Grosso, o cereal é cultivado basicamente na safrinha, e com o atraso no ciclo da soja a área plantada, que já iria cair por causa dos preços mais baixos, deverá diminuir mais: 6,3%, para 7 milhões de hectares. A produtividade média tende a ser 11,1% menor (103,85 sacas por hectare). De acordo com o instituto, as vendas antecipadas atingiram 15,6% do volume previsto até o fim de novembro, 26,7 pontos percentuais a menos que no mesmo período do ano passado.
ALGODÃO
O previsto atraso da colheita de soja, que reduzirá a janela climática para o plantio de milho safrinha, deverá beneficiar a produção mato-grossense de algodão. Nas contas do Imea, a colheita chegará a 2,4 milhões de toneladas em 2023/24, um incremento de 2,9% na comparação com 2022/23. Isso porque a área deverá aumentar 12,6%, para 1,35 milhão de hectares, uma vez que a produtividade tende a recuar 8,6%, para 284,35 arrobas por hectare.
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