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Como Saber Quem É Minha Pomba Gira?

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Como reconhecer pomba-gira

Suas cores são o vermelho e o preto, e ela é representada com saias rodadas, blusas rendadas, colares, flores e muitos enfeites. Suas oferendas são o champanhe, o vinho, as bijuterias e os batons. A saudação à Pomba-Gira é ‘Laroyê’. A Pomba-Gira não trabalha para Exu – e sim ao seu lado.

Quantas pomba-gira uma pessoa pode ter?

Fortalecer o poder feminino – Para a cigana, toda mulher é um ser espiritual de grande poder. Porém, todo ser humano possui uma Pomba Gira, inclusive os homens. Isso não depende de religião, crença ou orientação sexual. Se aproximar dela traz mais sensibilidade e força interior para lidar com as situações da vida.

  1. A presença dessa alma ancestral feminina vai chegando aos poucos, aconselhando através da intuição e dos sonhos.
  2. Ela faz mulheres e homens terem mais autoconfiança e autoestima, resgatando a capacidade do autoamor.
  3. Aos poucos ela pode mudar a vida de qualquer um para melhor”, conta Kélida.
  4. Engana-se quem acha que, para se conectar com uma Pomba Gira, é preciso incorporá-la.

Até porque, a incorporação não é indicada fora de templos espirituais ou em pessoas que não sejam médiuns de incoporação. “A entidade sabe que não deve se manifestar fora de um lugar sagrado ou em quem não a conhece, por isso não é preciso ter medo de incorporá-la.”

O que é minha pomba-gira

Pomba Gira é uma entidade amiga presente nas religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé. Suas inspirações abrem caminhos para a conquista do poder pessoal de quem pede ajuda, mostrando as oportunidades e auxiliando as relações.

Quais os nomes das 7 Pombagiras?

Resumo – “Laroyê, Senhora das Encruzilhadas!”. É com esta saudação que a Rainha Pombagira Sete Encruzilhadas entra no barracão principal da Cabana do Preto Velho da Mata Escura, terreiro de Umbanda localizado no bairro Bom Jardim, em Fortaleza. A festa é conhecida na cidade como a Festa da Moça e é uma das mais disputadas pela sua organização e alegria.

O Pai de Santo Valdo de Iansã é quem está a frente do terreiro e é um dos maiores incentivadores da festa para a Moça que acontece, geralmente, no segundo sábado de novembro. A Pombagira é uma entidade da Umbanda brasileira que representa as mulheres empoderadas e autônomas que não se submetem ao sistema machista e patriarcal da nossa sociedade.

Existe uma legião de Pombagiras com os mais diversos nomes e arquétipos que incorporam em seus médiuns para realizar, neste plano, as obras de caridade espiritual. Maria Padilha, Cigana, Sete Saias, Maria Mulambo, Maria da Praia, Princesa Malvada e Rosa Vermelha são as mais conhecidas e marcam presença na Festa da Moça.

  • O objetivo deste resumo é realizar uma narrativa sobre a festa apresentando uma etnografia a partir da percepção dos afetos (Favret-Saada, 2005), de uma Antropologia Visual (Samain, 2012), (Novaes, 2015), (Barbosa, 2016) e ampla teoria antropológica sobre festa (Duvignaud, 1983), (Perez, 2012).
  • A Festa da Moça é um ritual preparado durante vários meses pela comunidade de terreiro.

Para a grande festa acontecer é preciso realizar sete rituais preparatórios, o cortejo pela cidade (Anjos, 2018) e a matança. A matança é o ritual no qual são preparados os animais para o banquete da festa. A Rainha Pombagira Sete Encruzilhadas é celebrada na cidade com todo o amor, alegria e o fervor que seus súditos e admiradores lhe dedicam. Seção XI Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.b.

Como incorporar Pomba Gira pela primeira vez?

Para incorporar é preciso passar primeiro por um processo de aprendizagem, onde os(as) médiuns aprendem a sentir a energia dos guias e se conectar a eles durante as chamadas ‘giras de desenvolvimento’, que são restritas às pessoas que trabalham no terreiro.

O que a Bíblia fala sobre a pomba gira

ARTIGOS Exus e Pombas-Giras: o masculino e o feminino nos pontos cantados da umbanda 1 1 Trabalho realizado durante a vigência de bolsa de produtividade em pesquisa/CNPq. “Exus” and “Pombas-Giras”: the male and female in umbanda chants Adriano Roberto Afonso do Nascimento I ; Lídio de Souza II ; Zeidi Araújo Trindade II I Doutorando no Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo II Professor doutor do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo III Professora doutora do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo Endereço para correspondência Endereço para correspondência Rua Humberto Serrano, 550, apto 201, Ed.

Bourdon, Praia da Costa, CEP: 29101-460, Vila Velha-ES. E-mail: [email protected] RESUMO O presente trabalho tem como objetivo a caracterização dos Exus e Pombas-Giras, através dos pontos cantados da Umbanda, considerando aspectos que remetem a uma configuração mais ampla de componentes do imaginário social brasileiro.

Foram submetidas à Análise de Conteúdo 221 letras de pontos de Exu e Pomba-Gira. Os pontos de Exu contêm maior freqüência de menções relacionadas à descrição de poder e funções atribuídas a essa entidade (31,6% das respostas) e à sua identificação e saudação (22,4%).

Os pontos de Pomba-Gira apresentam mais freqüentemente a descrição de poder/funções atribuídas (30,23% das respostas) e a caracterização da entidade (30,23%). Os resultados possibilitam relacionar as características das entidades aos papéis socialmente esperados de homens e mulheres. Exu é representado pela liberdade, força e, principalmente, pelo trabalho.

Pomba-Gira é representada através de atributos considerados típicos do sexo feminino, como beleza e sensualidade, e também pelo trabalho. Os dados remetem a uma análise que procura a articulação entre fatores raciais e de classe social presentes na sociedade brasileira e as características definidoras das entidades, identificadas nos pontos.

Palavras-chaves: umbanda, estereótipo, gênero. ABSTRACT The aim of the present paper is the characterization of the Exus (male entities, loosely associated with the devil) and Pombas-Giras (female entities, the counterparts of the Exus) in the singing chants of the Umbanda religion, focusing on aspects, which relate to a broader configuration of components of the Brazilian social imagery.

Two hundred and twenty one lyrics of Exu and Pomba-Gira chants were subjected to Content Analysis. Exu chants have a higher frequency of citations related to the description of power and functions attributed to this entity (31.6% of the answers) and to identification and greeting (22.4%).

  1. Pomba-Gira chants present most frequently the description of attributed power/functions (30.23% of the responses) and the entity characterization (30.23%).
  2. The results allow for associations of the entities’ characteristics and the socially expected roles of men and women.
  3. Exu is associated with freedom, force, and, mostly, industry.

Pomba-Gira is represented by attributes considered typically feminine, such as beauty and sensuality, and also by industry. The data demand an analysis that seeks the articulation of racial factors and social classes present in Brazilian society and the defining characteristics of the entities, identified in the chants.

Key words: umbanda, stereotypes, gender. INTRODUÇÃO Exu, identificado comumente com um ser matreiro e amoral para os padrões ocidentais, sofreu modificações importantes desde a sua vinda da África, com os escravos, até a sua apropriação pela Umbanda. Essa entidade ocupa uma função ímpar entre as demais divindades cultuadas pelo Candomblé, possivelmente o culto que ainda mantém a representação de Exu mais próxima da originária.

Nessa representação é ele quem tem o papel/poder de servir como elo de comunicação entre os demais orixás e desses com os homens. Sua função é o próprio estabelecimento e manutenção da ordem do mundo espiritual. Além disso, desempenha tarefas específicas determinadas pelos orixás, servindo como uma espécie de mensageiro/instrumento (Bastide, 1978; Verger, 1999; Prandi, 2001).

  • Sua identificação histórica com o diabo cristão se estabeleceu, portanto, não devido a suas características funcionais, mas sim a aspectos relativos a sua aparência,
  • A rejeição do culto aos orixás e as perseguições empreendidas pelos senhores brancos criaramnos escravos a necessidade de encontrarem entidades cristãs que os representassem.

Como Exu é uma divindade do fogo, à qual eram atribuídos chifres, membro viril e sexualidade sem freios, assemelhando-se à representação do diabo cristão, a entidade escolhida foi o demônio (Bastide, 1978). Na Umbanda, a figura de Exu vai ser construída num amálgama de suas funções no Candomblé e sua percepção como demônio cristão.

Em princípio existem quatro gêneros de espíritos que compõem o panteão umbandista; podemos agrupá-los em duas categorias: a) espíritos de luz: caboclos, pretos-velhos e crianças – eles formam o que certos umbandistas chamam de ‘triângulo da Umbanda’; b) espíritos das trevas – os exus (Ortiz, 1991, p.71).

A ordem de apresentação também se constitui em ordem de valor. Pode-se, através dos atributos de cada entidade, relacioná-las, de forma geral, às seguintes imagens: índio idealizado romanticamente, negro escravo e ainda submisso, criança branca e homem da classe baixa, cuja falta de valores de nobreza o tornam propício às funções do labor.

  1. Além desses quatro grupos principais, também podem ser encontrados baianos, boiadeiros, marinheiros, ciganos e médicos, entre outros (Negrão 1996).
  2. Deve-se observar que a posição subalterna de algumas entidades é compensada por um fator fundamental para a sua valorização: são justamente essas que dão consultas e, por conseqüência, exercem contato e influência mais próximos aos fiéis do que aquelas que se encontram em mais alta posição na hierarquia espiritual (Birman, 1985).

No caso dos exus essa proximidade deve ser entendida, sobretudo, como afinidade, uma vez que eles são as entidades mais próximas do homem comum, com suas aflições e incertezas (Trindade, 1981; Negrão, 1996). Essa afinidade pode ser reafirmada pelas características da possessão na Umbanda.

Segundo definição de Magnani (1986), a possessão é a, forma de contato com o sobrenatural através da incorporação de entidades espirituais nos iniciados que, momentaneamente despojados de suas características individuais, passam a agir sob a influência daquelas entidades; em alguns contextos o mesmo que transe (p.60).

Na Umbanda, onde o transe se encontra entre as representações individual e mítica (como no Candomblé), atualizando personagens que se encontram presentes no cotidiano e na memória popular (Magnani, 1986; Birman, 1991), as entidades se encontram mais próximas do mundo dos homens, uma vez que já viveram e possuem, assim, história objetivada em locais, funções desempenhadas e características pessoais.

Aquelas entidades que não possuem uma vida objetivamente localizada constituem o que podemos chamar de categorias vazias, papéis sem personagens. Essas personagens podem, assim, ser construídas pelo próprio médium, utilizando a sua própria história para gerar categorias com sentido (Ortiz, 1991). Esse fato faz com que seja possível o estudo de determinadas relações sociais que considere a análise da dinâmica que se estabelece no interior da prática umbandista, através da própria interação entre suas entidades, por exemplo, nos pontos cantados.

Segundo Prandi (1996), Nas religiões afro-brasileiras, todo cerimonial é cantado ao som dos atabaques, e quase todo também dançando. As cantigas de candomblé e os pontos-cantados da umbanda são instrumentos de identidade das entidades (p.144). Considerando que as cantigas se constituem em instrumentos que atualizam a identidade das entidades a partir de elementos e personagens do cotidiano, o presente trabalho tem como objetivo a caracterização dos Exus e Pombas-Giras, através dos pontos cantados da Umbanda, destacando os aspectos que possibilitam uma articulação com componentes do imaginário social brasileiro.

  1. MÉTODO Foram analisadas 221 letras de pontos de Exu e Pomba-Gira recolhidos em livros e discos que se propõem a coletá-los e divulgá-los, encontrados em lojas de produtos religiosos.
  2. As letras foram submetidas à Análise de Conteúdo (Bardin, 1994 e Vala, 1986) e agrupadas em categorias.
  3. Três subdivisões foram previamente consideradas, quais sejam: a) pontos de Exu, b) pontos de Pomba-Gira e C) pontos de relação, onde são citadas as duas entidades.

RESULTADOS As categorias a) Descritivos de poder/funções atribuídas: pontos que fazem referência às funções das entidades, bem como aos poderes que possuem. Ex: Meia noite a maré vazou/ Lua veio anunciar/ Eu já vou vencer demanda/ Saravá, Calunguinha do mar.

  • B) Caracterização (indumentária, imagem): pontos que relatam a aparência física das entidades e/ou mencionam vestuário e acessórios/instrumentos que as caracterizam.
  • Ex: Olha que menina linda/ Olha que menina bela/ É Pomba-Gira Menina/ Me chamando da janela.
  • C) Identificação/saudação: pontos que contêm apenas o nome da entidade e/ou uma saudação a ela.

Ex: Pinga Fogo lá na encruza/ Pinga-Fogo lá na serra/ Abre a porta, minha gente/ Pinga-Fogo tá na terra. d) Relação hierárquica: pontos onde há menção a outras entidades associadas a Exu, exceto Pomba-Gira, e vice-versa, com alguma relação diferencial de poder e/ou hierarquia.

  1. Também foram considerados os pontos que explicitam a posição hierárquica que a entidade ocupa.
  2. Ex: Exu foi batizado/ E recebeu a sua cruz/ Na falange de Dom Miguel/ Kamiloá nos defende, nos conduz.
  3. E) Personalidade: nessa categoria foram incluídos pontos em que há referência a traços de personalidade/caráter das entidades.

Ex: A encruza estremeceu/ Uma gargalhada soou além/ Salve Exu, que é batizado/ Exu do fogo não ataca ninguém/ O Exu é bom, não ataca ninguém. f) Proteção: pontos que relatam o aspecto protetor das entidades àqueles a quem estão relacionados. Ex: Seu Sete-Pedras, livra o caminho que passo/ Seu Sete Pedras, livra o caminho que eu passo/ Quando ando com Sete-Pedras/ Meus caminhos não têm embaraço.

G) Morada: pontos em que há referência à existência de uma morada específica das entidades. Não foram consideradas referências às ruas, encruzilhadas e cemitérios, locais característicos de permanência de quase todos os Exus e Pombas-Giras, exceto quando os pontos utilizam o verbo morar ou seus derivados.

Ex: Pomba-Gira, aê, aê/ Pomba-Gira é de Maceió/ Aonde mora Pomba-Gira/ Ela mora no Maceió. h) Advertência: pontos que se propõem advertir sobre os poderes das entidades, sem fazer referência específica a esses poderes. Ex: Ao ver Exu na encruza/ Com ele não se meta/ É ali que ele trabalha/ O reino é de Capa-Preta.

Pontos de Exu Os pontos de Exu analisados (80,77% do total) apontam maior ocorrência de menções a aspectos relacionados à descrição do poder e às funções atribuídas a essa entidade (31,6%). Nessa categoria são identificados como principais funções/poderes dos Exus: trabalhar, vencer demandas, vigiar, levar mensagens, despachar Ebó, segurar a gira, defender, conduzir, fazer magia e levar o mal para o fundo do mar,

Como segunda categoria com maior freqüência (22,4%), encontramos os pontos relativos a sua identificação e saudação. A terceira categoria mais freqüente (15,3%) é aquela que se refere ao que chamamos de relações hierárquicas entre os Exus ou entre esses e outras divindades (Santo Antônio, Ogum, Dom Miguel).

Aqui também foram incluídos os pontos onde são encontradas referências a relações de parentesco (outros Exus ou Lúcifer) ou à filiação a linhas de Quimbanda ou Umbanda, desde que estivessem explícitas, em ambos os casos, condições desiguais de força ( Quadro 1 ). Pontos de Pomba-Gira As duas categorias com maior freqüência de respostas (30,23% cada) são aquelas que dizem respeito às descrições de poder/funções e à caracterização da entidade.

Como funções/poderes atribuídos encontramos: trabalhar, comandar a madrugada, vencer demandas, carregar mandinga para o fundo do mar, cortar o embaraço, vigiar. Quanto à imagem e indumentária: moça, linda, menina bela, muito formosa, farrapos de chita, linda saia com sete guizos, figa de ouro, “sandalinha de pau”, saia rodada, manto é de veludo rebordado todo em ouro.

Os instrumentos relacionados à Pomba-Gira nos pontos analisados são: tesoura, garfo de prata, ponteiro de aço. A terceira categoria com maior número de menções (9,30%) foi a de identificação ( Quadro 1 ). Pontos de Relação Devido à pequena quantidade desses pontos (07) não nos pareceu relevante submetê-los a tratamento quantitativo.

Uma primeira análise qualitativa pode, entretanto, nos indicar algumas características da relação entre as entidades. A figura de Pomba-Gira pode ser identificada como companheira, mulher (não esposa) dos Exus, desempenhando, quando em sua presença, os papéis esperados da figura feminina no contexto do modelo tradicional das relações de gênero.

Ex: Exu fez uma casa/ Com sete portas/ Com sete janelas/ Exu não precisa de casa/ É Pomba-Gira quem vai morar nela. DISCUSSÃO Os dados relacionados às entidades Exu e Pomba-Gira, descritos acima, sugerem inicialmente a importância da análise das representações relativas ao feminino e ao masculino em nossa sociedade.

Para entendermos a forma como se processam as relações entre o masculino e feminino no Brasil, é fundamental que consideremos a tradição patriarcal historicamente dominante nos sistemas social, econômico e cultural. Segundo Parker (1991), a diferenciação entre homens e mulheres poderia, sob determinado aspecto, ser considerada, na sociedade brasileira, como formada por pólos atividade-passividade, dominância-submissão, força-fragilidade.

Essa polarização não se dá, entretanto, de forma absoluta, devendo ser consideradas posições intermediárias marcadas pela presença de papéis como o da prostituta. Contudo, esses papéis, valorizados negativamente, funcionam mais como um fator de referência a ser considerado para ser evitado, do que como um lugar com importância estrutural para o funcionamento do próprio sistema.

Os valores sociais relacionados ao feminino referem-se tradicionalmente à virgindade, submissão e procriação, enquanto os masculinos relacionam-se à força, autoridade e realização sexual. Os dados coletados nos revelam a presença desses valores. Exu é caracterizado principalmente pelas suas funções.

Fundem-se na sua caracterização o homem da noite e o trabalhador, papéis historicamente associados ao masculino. O trabalho de Exu, entretanto, é o que podemos designar como braçal; aqui se apresenta a primeira característica de classe. A sua identificação com a noite apresenta aspectos que também podem ser considerados indicadores de classe.

Os lugares que freqüenta comumente não são os destinados às camadas mais privilegiadas; seu local é a rua, onde acontecem tradicionalmente as manifestações do povo. Também é o lugar atribuído às desordens, ao permissível e ao potencialmente perigoso (DaMatta, 1991).

  1. Há vários Exus para diversas funções/interesses.
  2. Sua atuação se refere às esferas da saúde, financeira, afetiva (motivos pelos quais mais são procurados) e sexual.
  3. Os Exus e Pombas-Giras são definidos principalmente pelo seu caráter sexual, relacionado à sua amoralidade, e, podemos dizer, provavelmente, aos lugares que freqüentam.

Pomba-Gira desempenha, por sua vez, funções, segundo os dados, muito semelhantes às dos Exus. Também é uma mulher da rua e do trabalho. Entretanto, o lugar da rua não é aquele esperado socialmente para a mulher, segundo a tradição patriarcal, podendo promover a sua identificação com as características atribuídas à prostituta.

Montero (1985) também identificou semelhanças entre as características atribuídas à Pomba-Gira e o estereótipo da prostituta, em oposição aos estereótipos da jovem virgem associado às caboclas, da mãe a Iemanjá e da mãe preta às pretas-velhas. Apesar das semelhanças porventura encontradas, não constatamos referências explícitas à Pomba-Gira como prostituta nos pontos analisados.

Sua identificação com essa figura, como dito, está baseada sobretudo nos lugares que freqüenta. Aqui, deve-se recordar que a categoria por nós definida como Morada não inclui os lugares onde as entidades transitam. Associação de Exus e Pombas-Giras com ruas e cemitérios são quase uma constante nos pontos analisados, o que não quer dizer que habitem nesses locais, e sim que mais provavelmente nele permaneçam por afinidade ou pelas características dos trabalhos que realizam ali.

Ex: Existe um Exu mulher/ Que não trabalha à toa/ Quando passa pela encruza/ Maria Quitéria não vacila/ Ela não faz coisa boa. Sobre a relação entre as Pombas-Giras e a prostituição, nos diz Meyer: Como é mulher, sua associação ao Mal, sua demonização passa pela imemorial marca infamante da feminilidade: a luxúria.

Encarnada noutro antigo estereótipo: a prostituta. Uma ‘mulher da vida’, com ‘sete maridos’, bem marcada, me parece, pelo tempo em que se constituía a Umbanda no espaço urbano: vários dos seus pontos cantados que ouvi, remetem a um espaço escuso da cidade, que já foi sinônimo de devassidão e ‘mulher perdida’: a Pomba-Gira é de cabaré (1993, p.104-105).

Segundo Prandi (1996), a Pomba-Gira “trata dos casos de amor, protege as mulheres que a procuram, é capaz de propiciar qualquer tipo de união amorosa e sexual” (p.148). A ela estão associados os trabalhos de feitiçaria, principalmente amorosa, o que nos permite fazer um paralelo com o espaço tradicionalmente relacionado à mulher, ou seja, o quintal, lugar das ervas e dos segredos mágicos e terapêuticos (Del Priore, 1993).

Suas atividades situam-se nos espaços exteriores à casa (a rua e o quintal), o que pode indicar a sua não-pertença ao núcleo familiar, uma vez que não se ajusta aos papéis tradicionais de esposa, mãe ou filha. Os dados revelam a entidade como dotada de uma beleza “física” e uma vaidade, que bem correspondem à expectativa em relação ao papel feminino, no qual a mulher deve se conservar sempre bonita, pois esse é o seu maior bem, a fim de satisfazer o homem.

Conforme nos mostram os pontos de relação, esse é o papel da Pomba-Gira, em presença dos Exus. Se considerarmos também as marcas de raça e classe que estão a eles relacionadas na literatura, seu papel se torna duplamente estereotipado, uma vez que mulher e negra (Montero, 1985; Ortiz, 1991). Como pode ser visto, a identificação tradicional de Exu com o diabo cristão não está relacionada somente a sua aparência original, africana.

Componentes outros se somam a essa aparência e remetem a uma caracterização de ações também próxima. Talvez o principal desses componentes seja a sexualidade exacerbada. Historicamente, o diabo no ocidente utiliza o sexo dos humanos para tentá-los (Nogueira, 2000).

Há referências diversas na história do Brasil sobre a proximidade entre o diabo e a luxúria, as práticas mágicas, a busca da resolução de problemas cotidianos, por fim, sua proximidade com o próprio homem (Souza, 1989). Até mesmo o caráter ambíguo da sexualidade esteve a ele relacionado, na figura de íncubos e súcubos (Mott, 1988).

Nesse ponto, há um aspecto particularmente importante: o diabo formou, desde o nosso período colonial, uma tríade bastante constante com a prostituição e a magia sexual. Segundo Souza, No Brasil colonial, dentre os que se ocuparam da magia, talvez a categoria mais estigmatizada com a prostituição tenha sido a das mulheres que vendiam filtros de amor, ensinavam orações para prender homens, receitavam beberagens e lavatórios de ervas.

Magia sexual e prostituição pareciam andar sempre juntas (1989, p.241). Companheiro da prostituta, o malandro é figura recorrente no imaginário brasileiro. Sua avaliação, entretanto, tende a ser menos negativa do que a dela. Segundo DaMatta (1997), sua caracterização está relacionada à sua aversão pelo trabalho e à individualização da sua figura e de seus costumes.

Contudo, é inegável em nosso meio social a valorização da sua desenvoltura para resolver problemas e quase sempre levar vantagem, inclusive nas situações francamente adversas. Uma estrutura marcada pela hierarquia, como é o caso da Umbanda, certamente deve refletir em si aspectos da ordem social que a comporta.

  • A relação de dominação-subordinação encontrada no Candomblé entre os orixás e Exu (Trindade, 1982) também pode ser percebida na Umbanda.
  • Outro fator relevante na identificação do lugar ocupado por Pomba-Gira e Exu na prática umbandista é a consideração das delimitações provenientes dos conceitos de linha e falange que “.

constituem divisões que agrupam as entidades de acordo com afinidades intelectuais e morais, origem étnica e, principalmente, segundo o estágio de evolução espiritual em que se apresentam, no astral” (Magnani, 1986, p.33). Essas divisões implicam uma hierarquia que indica, mais do que uma simples divisão entre o bem e o mal, esse caracterizado como inferior àquele, a necessidade de que “.

o simbolismo dos ritos exprima a subordinação do princípio espiritual inferior ao princípio superior” (Ortiz, 1991, p.141). Essa hierarquia está presente de forma significativa nos dados apresentados acima, nos quais o reconhecimento de diferentes poderes se constitui em um princípio organizador que impede o caos.

Na hierarquia identificada pode-se notar claramente a superioridade dos Exus. A eles estão subordinadas as Pombas-Giras, menos numerosas, fato que se refletiu inclusive na quantidade geral de pontos coletados. O caráter moralmente ambíguo das entidades, evidenciado pela costumeira associação entre os Exus e a figura do trickster (Augras, 1983; Queiroz, 1991), sugere ser este um aspecto relacionado ao lugar que lhe é designado na hierarquia da umbanda.

  1. As categorias denominadas “personalidade”, “proteção” e “advertência” referem-se a essa ambigüidade.
  2. Aqui encontramos Exu e Pomba-Gira como seres capazes de fazer tanto o bem quanto o mal, e por isso merecedores dos maiores cuidados e respeito.
  3. A moralidade das ações da entidade vai ser, entretanto, determinada pelo pedido do “consulente”, pois é esse quem vai fazer a sua oferenda, o seu pagamento.

Em última instância a responsabilidade moral é daquele que faz o pedido. A labilidade dessas entidades possibilita a solicitação de determinados favores somente a elas, não a outras consideradas mais evoluídas, pois poderia causar negativas ou repreensões.

Além desse fato, a percepção de Exu como alguém que já passou por condições adversas, em vida, pode caracterizá-lo como um interlocutor capaz de melhor entender os motivos daquele que pede, sendo, em determinado sentido, um igual. Dois eixos de submissão podem ser então considerados como centrais na análise.

O primeiro se relaciona à posição da figura feminina, localizada à margem pelo sexo e pela condição social. Seus atributos concedem-lhe a aparência desejada pelo masculino ao mesmo tempo em que sua caracterização como ser com sexualidade extremada a relega a uma situação em que sua inserção na rede social não pode se dar através do papel de mãe/esposa, sendo associada à prostituta na trama dos personagens cotidianos.

Suas funções estarão relacionadas aos pedidos de caráter sexual e afetivo, localizando-a então, conforme a moral cristã, no campo do pecado, ou seja, das trevas. O segundo eixo diz respeito à condição de Exu. Dado como amoral, só pode ser admitido para ele o local das trevas, a noite. É ali que pode expressar seu caráter sinuoso, escondido do convívio dos que trabalham normalmente.

Aqui também podemos considerar a sua inaptidão para o papel de pai/esposo, sendo considerado inadequado para as funções reprodutivas. Deve-se observar que não são encontradas referências familiares para os Exus e Pombas-Giras, o que é comum para os Pretos e Pretas-Velhas, geralmente chamados de tio/tia, avô/avó ou pai/mãe.

A relação que se estabelece com Exu é muitas vezes a de compadrio (Verger, 1999), reforçando a possibilidade de sua identificação, por parte de quem o consulta, como um igual. À medida que admitimos a entidade como um molde a ser preenchido pelo médium, podemos também admitir que os estereótipos a ela historicamente relacionados encontram nele possibilidade de se atualizarem e por isso sobreviverem.

Não nos estamos referindo a uma simples incorporação do papel, mas sim a um mecanismo que permite a construção de um campo de significados que estão de acordo com a própria percepção do mundo pelo médium e pelos fiéis. Pombas-Giras e Exus são representações de personagens presentes na vida cotidiana, que apresentam tanto características individuais distintivas quanto traços coletivos de classe, o que proporciona a manutenção do estereótipo.

  • Vistas como a própria ambivalência, as caracterizações não poderiam ser diferentes: as entidades que possuem como função primeira o trabalho, são percebidas como malandro e prostituta.
  • Como perigosas, necessitam de outras entidades mais elevadas para que sejam controladas e exerçam de forma adequada suas funções.

Segundo a descrição das moradas, são imigrantes que aportam num contexto que os considera inaptos para o desenvolvimento de funções que não estejam relacionadas ao trabalho braçal. Exu e Pomba-Gira podem ser, em última instância, alguns dos personagens pertencentes às camadas empobrecidas da sociedade, submetidas a toda sorte de preconceitos raciais, sociais, econômicos e culturais, que acabam por ser assumidos e propagados pela própria classe.

Quem é a rainha das Pombas Giras?

A Pomba-Gira surgiu no início do século XX, trazendo a figura de uma mulher independente. Em seus passes, essa entidade sugere banhos de ervas e aconselha seus visitantes. Ela atua como mensageira dos Orixás, cumprindo sua tarefa de evoluir através da ajuda aos outros.

O que que a Pomba Gira gosta?

A Pomba Gira Maria Mulambo é daqueles tipos que gosta muito de luxos e de caprichos. Não gosta de viver mal, comer mal nem se vestir mal. Adora luxos, boas roupas, boas comidas e bons locais.

O que posso oferecer a Pomba Gira?

Calcular o frete para este produto Disponibilidade: Em estoque R$ 44,00 Em até 4x de R$11,00 DESCRIÇÃO DO PRODUTO BANQUETES PARA EXU, POMBA GIRA E O MESTRE ZÉ PILINTRA Exu é uma divindade africana, de origem iorubá, trazida para o Brasil pelos escravos.

  • Muitos destes conseguiram trazer vários elementos pertencentes às suas religiões, incluindo assentamentos desta divindade.
  • Já o termo Pambu-Njila deu origem ao nome Pombagira, entidade feminina da umbanda que controla os caminhos e as encruzilhadas, tal como a divindade bantu.
  • Cada um deles tem sua bebida e comida preferida, indo desde a já famosa farofa, cachaça e a cerveja, até vinhos e uísques refinados.

Velas, charutos ou cigarros são sempre bem-vindos. Para as Pombagiras, itens mais delicados agradam mais, como brincos, pulseiras, colares, perfumes, rosas, champanhe, anis, vinho rosé. Em Banquetes para Exu, Pombagira e o mestre Zé Pelintra você encontrará simpatias e presentes fáceis para seu Exu ou para sua Pombagira e também para o mestre Zé Pelintra, malandro poderoso, faceiro, muito solicitado, saudado e amado por seus seguidores e pelos que a ele recorrem.

EditoraPALLAS
ISBN8534705119
Autor(es)ODÉ KILEUY; VERA DE OXAGUIÃ
Edição1º Edição
Páginas296 páginas
Ano de Publicação2013
AcabamentoBROCHURA
Dimensões21 x 14 x 2 (Altura x Largura x Comprimento)
Peso200g

Qual é a Pomba Gira mais bonita?

Mesmo assim, é justo destacar que a Pomba Gira Maria Padilha é vista com a guardiã mais linda dentre todas.

Qual o nome da sua Pomba Gira

Quais os nomes de Pombagira? – Pombagiras Conhecidas – As mais conhecidas são Pombagira Rainha, Maria Padilha, Pombagira Sete Saias, Maria Molambo, Pomba Gira da Calunga, Pombagira Cigana, Pombagira do Cruzeiro, Pombagira Cigana dos Sete Cruzeiros, Pombagira das Almas, Pombagira Maria Quitéria, Pombagira Dama da Noite, Pombagira Menina, Pombagira Mirongueira e Pombagira Menina da Praia.

  1. Maria Padilha, talvez a mais popular, é vista como o espírito de uma mulher muito bonita, branca, sedutora, e que em vida teria sido prostituta grã-fina ou cortesã influente.
  2. A escritora e professora de literatura Marlyse Meyer publicou em 1993 o livro Maria Padilha e toda sua quadrilha: de amante de um rei de Castela a Pomba-Gira de Umbanda, no qual conta a história de uma amante de Pedro I (1334-1369), rei de Castela, chamada Maria Padilha.

Seguindo uma pista da historiadora Laura Mello e Souza (1986), Meyer vasculha o Romancero General de romances castelhanos anteriores ao siglo XVIII, depois documentos da Inquisição e constrói a trajetória de aventuras e feitiçaria de uma tal de Dona Maria Padilha e toda a sua quadrilha, de Montalvan a Beja, de Beja a Angola, de Angola a Recife e de Recife para os terreiros de São Paulo e de todo o Brasil.

  • O jovem amante foi morto e ela levada de volta ao pai que cuspiu em seu rosto e a expulsou de casa para sempre.
  • Como tinha uma filha pequena, a quem devia sustentar, Rosa Maria, este era seu nome, submeteu-se a trabalhar em casa de parentes na cidade de Olinda.
  • Com a morte da filha, de novo viu-se na rua, prostituindo-se para sobreviver.

Tuberculosa e abandonada, foi enfim buscada por parentes para receber a herança deixada pelos pais mortos. Rica, teria então se dedicado à caridade até sua morte, quando então, no outro mundo, conheceu Maria Padilha e entrou para a linha das Pombagiras.

Qual é o nome da Pomba Gira do amor

Nossa história começa em Sevilha, no ano de 1334, com o nascimento de uma mulher que mudaria completamente os destinos de uma corte europeia. De amante a rainha, Maria Padilla influenciou o rei Dom Pedro I de Castela (1334-1369) nas mais importantes decisões, além de determinar o modo como governaria e auxiliar na negociação de seu casamento com Branca de Bourbon, visando uma aliança com a França.

Também conhecida como Maria de Padilla, a amante do rei de Castela teve com ele quatro filhos. Contam que estava prestes a dar à luz quando Branca de Bourbon chegou para selar o acordo de casamento. Três dias depois da cerimônia, o rei desfez a aliança com os franceses, abandonou a esposa e retornou para os braços de sua amada.

Dona Maria Padilla e Dom Pedro I de Castela seguiram juntos para Olmedo, onde se casaram secretamente. Viveram com certa tranquilidade até que os adversários políticos do rei descobriram que ele havia se casado e passaram a exercer grande pressão, obrigando-o a retomar a relação com sua primeira esposa.

  1. Dom Pedro, no entanto, preferiu manter Branca de Bourbon bem distante e a mandou para outras cidades.
  2. Por fim, a legítima esposa foi envenenada e morreu aos 25 anos.
  3. Em 1361, a peste bubônica assola o reino e, para desespero de Dom Pedro I de Castela, faz de Maria Padilla uma de suas vítimas.
  4. A princípio, a amante do rei é sepultada em Astudillo, no convento que ela mesma fundou.

Dizem que o rei nunca se conformou com essa morte prematura e um ano depois declarou, diante de todos os nobres da corte de Sevilha, que sua única e verdadeira esposa era Maria Padilla. Tanto fez, que o Arcebispo de Toledo acabou considerando procedentes as razões que o levaram a abandonar Branca de Bourbon, principalmente pelo conflito com os franceses.

  • A corte também aceitou as declarações do rei.
  • Foi assim que Maria Padilha sagrou-se como a única esposa de Dom Pedro I de Castela, tornando-se a legítima rainha e exercendo seu poder e influência mesmo depois de morta.
  • Seu corpo foi transportado para a Capela dos Reis, na Catedral de Sevilha, e seu túmulo é ainda hoje local de peregrinação.

Na mesma Sevilha ergue-se o cenário para Carmen, uma cigana que usa seus dons no canto e na dança para seduzir e enfeitiçar os homens. Conseguiu transformar o honesto Don José, um decente cabo do exército, numa pessoa desregrada. A linda cigana, que quando passa arrasta todos os olhares, acaba enfeitiçando o famoso toureiro Escamillo, que se apaixona perdidamente por ela.

  1. O ciumento Don José disputa com Escamillo o amor de Carmen.
  2. Ao tentar prever o futuro nas cartas, a cigana é avisada sobre um triste presságio: a morte.
  3. Enquanto o toureiro é ovacionado pela multidão, Carmen despreza o amor de Don José e joga violentamente o anel que lhe oferecera.
  4. Tomado pela paixão, Don José desfere o golpe fatal e mata sua amada com uma facada na barriga.

Percebendo a loucura que fez, cai de joelhos junto ao corpo da mulher de sua vida e chora. Um dos pontos de Maria Padilha parece lembrar essa história: ➤ Leia também: Onde estão os evangélicos progressistas? Chorei, chorei A mulher que tanto amava eu matei Mas eu chorei Tanto a ópera de Bizet quanto a história da amante influente do rei de Castela fornecem o arquétipo da mais controvertida entidade dos cultos afro-brasileiros.

De acordo com as pesquisas de Reginaldo Prandi, “Maria Padilha, talvez a mais popular pombagira, é considerada espírito de uma mulher muito bonita, branca, sedutora, e que em vida teria sido prostituta grã-fina ou influente cortesã.” Marlyse Meyer publicou em 1993 o livro Maria Padilha e toda sua quadrilha, contando a história da amante do rei de Castela.

“Seguindo uma pista da historiadora Laura Mello e Souza (1986), Meyer vasculha o Romancero General de romances castellanos anteriores ao siglo XVIII, depois documentos da Inquisição, construindo a trajetória de aventuras e feitiçaria de uma tal de Dona Maria Padilha e toda a sua quadrilha, de Montalvan a Beja, de Beja a Angola, de Angola a Recife e de Recife para os terreiros de São Paulo e de todo o Brasil”, explica Prandi.

  • E acrescenta: “O livro é uma construção literária baseada em fatos documentais no que diz respeito à personagem histórica ibérica e em concepções míticas sobre a Padilha afro-brasileira.
  • Evidentemente não encontra provas, e nem pretende encontrá-las, de que uma é a outra.
  • Talvez um avatar imaginário, isto sim.

E que pode, quem sabe, vir a ser, um dia, incorporado à mitologia umbandista.” De fato, não se sabe se Maria Padilha é o espírito da amante do rei de Castela que se manifesta nos terreiros de umbanda e candomblé, e pouco importa saber. Tanto os fatos históricos da corte de Sevilha quanto a ficção da ópera fornecem a imagem de uma mulher forte, influente, sedutora, transgressora, feiticeira.

  1. A pombagira é uma mulher livre.
  2. Livre de convenções e padrões sociais, livre da moral e da ética castradoras, livre do domínio dos homens, livre pra fazer o que bem quiser.
  3. Como ilustra a cantiga: ➤ Leia também: O exercício de ouvir policiais civis e militares revela surpresas Ela diz que vem de longe Pra dizer quem ela é É uma velha feiticeira Que trabalha como quer “Pombagiras são espíritos de mulheres, cada uma com sua biografia mítica: histórias de sexo, dor, desventura, infidelidade, transgressão social, crime”, afirma Prandi.

Muitos terreiros de candomblé incluíram o culto às pombagiras por força de adeptos convertidos da umbanda. Mas na Bahia, onde a umbanda não tem muita expressão, as “Padilhas” também estão presentes. Nos cultos afro-brasileiros de Pernambuco e de outros estados do Norte-Nordeste, pode-se notar a presença de “mestras” com o mesmo arquétipo das pombagiras.

Nas macumbas cariocas, elas são ainda mais populares e dividem espaço com “malandras e malandros”, entidades muito próximas do contexto sociocultural dos morros e favelas. A própria Maria Padilla teve seu amor de volta em três dias. Essa passagem serve pra expressar um dos motivos que tornaram as pombagiras tão populares: são elas que resolvem rapidamente todas as questões relacionadas ao amor.

➤ Leia também: ‘Enciclopédia Negra’, um estudo abrangente e politizado das personalidades afro-brasileiras Eu vim aqui pra falar com a pombagira Para fazer meu amor voltar pra mim Eu disse a ela que a saudade me apavora Eu pergunto a todo mundo aonde é que ela mora Mas as pombagiras já fazem parte do imaginário brasileiro.

Ângela Maria fez muito sucesso com a música Moça Bonita, que até hoje é cantada nos terreiros. Glória Perez escreveu a novela Carmem para a extinta TV Manchete, inspirada na ópera de Bizet, cujas cenas protagonizadas por Lucélia Santos e Neuza Borges ainda são lembradas mais de trinta anos depois. Aquela que bebe, que fuma, que fala palavrão, que anda pela madrugada.

Ousada, desafiadora, ela canta na sua chegada: Arreda homem que aí vem mulher, Ela comanda, ela liberta, ela vive. Conhece o prazer e a dor das paixões. Teve todos os homens a seus pés, amou e foi amada, não se curvou, não se deixou subjugar. Para os que falam dela um recado: Disseram que eu não valho nada Que eu ando pelas ruas À meia-noite, eu vou dar risada No meio da encruzilhada Nesses caminhos que se cruzam ela reina soberana, promovendo encontros e desencontros, ajudando homens e mulheres nessas trilhas obscuras e incertas do coração.

O que a Pomba Gira pode fazer na vida de um homem?

PombaGira tem o poder de deixar a pessoa mais feliz, mais sensual e de se sentir bem melhor em relação ao seu corpo. Acabam as tristezas, inseguranças e ainda os problemas amorosos. Antes de saber o que a Pomba Gira faz na vida de uma pessoa é importante saber como obtém a sua ajuda.

Como age o espírito da Pomba Gira

ARTIGOS Exus e Pombas-Giras: o masculino e o feminino nos pontos cantados da umbanda 1 1 Trabalho realizado durante a vigência de bolsa de produtividade em pesquisa/CNPq. “Exus” and “Pombas-Giras”: the male and female in umbanda chants Adriano Roberto Afonso do Nascimento I ; Lídio de Souza II ; Zeidi Araújo Trindade II I Doutorando no Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo II Professor doutor do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo III Professora doutora do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo Endereço para correspondência Endereço para correspondência Rua Humberto Serrano, 550, apto 201, Ed.

Bourdon, Praia da Costa, CEP: 29101-460, Vila Velha-ES. E-mail: [email protected] RESUMO O presente trabalho tem como objetivo a caracterização dos Exus e Pombas-Giras, através dos pontos cantados da Umbanda, considerando aspectos que remetem a uma configuração mais ampla de componentes do imaginário social brasileiro.

Foram submetidas à Análise de Conteúdo 221 letras de pontos de Exu e Pomba-Gira. Os pontos de Exu contêm maior freqüência de menções relacionadas à descrição de poder e funções atribuídas a essa entidade (31,6% das respostas) e à sua identificação e saudação (22,4%).

Os pontos de Pomba-Gira apresentam mais freqüentemente a descrição de poder/funções atribuídas (30,23% das respostas) e a caracterização da entidade (30,23%). Os resultados possibilitam relacionar as características das entidades aos papéis socialmente esperados de homens e mulheres. Exu é representado pela liberdade, força e, principalmente, pelo trabalho.

Pomba-Gira é representada através de atributos considerados típicos do sexo feminino, como beleza e sensualidade, e também pelo trabalho. Os dados remetem a uma análise que procura a articulação entre fatores raciais e de classe social presentes na sociedade brasileira e as características definidoras das entidades, identificadas nos pontos.

Palavras-chaves: umbanda, estereótipo, gênero. ABSTRACT The aim of the present paper is the characterization of the Exus (male entities, loosely associated with the devil) and Pombas-Giras (female entities, the counterparts of the Exus) in the singing chants of the Umbanda religion, focusing on aspects, which relate to a broader configuration of components of the Brazilian social imagery.

Two hundred and twenty one lyrics of Exu and Pomba-Gira chants were subjected to Content Analysis. Exu chants have a higher frequency of citations related to the description of power and functions attributed to this entity (31.6% of the answers) and to identification and greeting (22.4%).

Pomba-Gira chants present most frequently the description of attributed power/functions (30.23% of the responses) and the entity characterization (30.23%). The results allow for associations of the entities’ characteristics and the socially expected roles of men and women. Exu is associated with freedom, force, and, mostly, industry.

Pomba-Gira is represented by attributes considered typically feminine, such as beauty and sensuality, and also by industry. The data demand an analysis that seeks the articulation of racial factors and social classes present in Brazilian society and the defining characteristics of the entities, identified in the chants.

Key words: umbanda, stereotypes, gender. INTRODUÇÃO Exu, identificado comumente com um ser matreiro e amoral para os padrões ocidentais, sofreu modificações importantes desde a sua vinda da África, com os escravos, até a sua apropriação pela Umbanda. Essa entidade ocupa uma função ímpar entre as demais divindades cultuadas pelo Candomblé, possivelmente o culto que ainda mantém a representação de Exu mais próxima da originária.

Nessa representação é ele quem tem o papel/poder de servir como elo de comunicação entre os demais orixás e desses com os homens. Sua função é o próprio estabelecimento e manutenção da ordem do mundo espiritual. Além disso, desempenha tarefas específicas determinadas pelos orixás, servindo como uma espécie de mensageiro/instrumento (Bastide, 1978; Verger, 1999; Prandi, 2001).

  1. Sua identificação histórica com o diabo cristão se estabeleceu, portanto, não devido a suas características funcionais, mas sim a aspectos relativos a sua aparência,
  2. A rejeição do culto aos orixás e as perseguições empreendidas pelos senhores brancos criaramnos escravos a necessidade de encontrarem entidades cristãs que os representassem.

Como Exu é uma divindade do fogo, à qual eram atribuídos chifres, membro viril e sexualidade sem freios, assemelhando-se à representação do diabo cristão, a entidade escolhida foi o demônio (Bastide, 1978). Na Umbanda, a figura de Exu vai ser construída num amálgama de suas funções no Candomblé e sua percepção como demônio cristão.

Em princípio existem quatro gêneros de espíritos que compõem o panteão umbandista; podemos agrupá-los em duas categorias: a) espíritos de luz: caboclos, pretos-velhos e crianças – eles formam o que certos umbandistas chamam de ‘triângulo da Umbanda’; b) espíritos das trevas – os exus (Ortiz, 1991, p.71).

A ordem de apresentação também se constitui em ordem de valor. Pode-se, através dos atributos de cada entidade, relacioná-las, de forma geral, às seguintes imagens: índio idealizado romanticamente, negro escravo e ainda submisso, criança branca e homem da classe baixa, cuja falta de valores de nobreza o tornam propício às funções do labor.

Além desses quatro grupos principais, também podem ser encontrados baianos, boiadeiros, marinheiros, ciganos e médicos, entre outros (Negrão 1996). Deve-se observar que a posição subalterna de algumas entidades é compensada por um fator fundamental para a sua valorização: são justamente essas que dão consultas e, por conseqüência, exercem contato e influência mais próximos aos fiéis do que aquelas que se encontram em mais alta posição na hierarquia espiritual (Birman, 1985).

No caso dos exus essa proximidade deve ser entendida, sobretudo, como afinidade, uma vez que eles são as entidades mais próximas do homem comum, com suas aflições e incertezas (Trindade, 1981; Negrão, 1996). Essa afinidade pode ser reafirmada pelas características da possessão na Umbanda.

Segundo definição de Magnani (1986), a possessão é a, forma de contato com o sobrenatural através da incorporação de entidades espirituais nos iniciados que, momentaneamente despojados de suas características individuais, passam a agir sob a influência daquelas entidades; em alguns contextos o mesmo que transe (p.60).

Na Umbanda, onde o transe se encontra entre as representações individual e mítica (como no Candomblé), atualizando personagens que se encontram presentes no cotidiano e na memória popular (Magnani, 1986; Birman, 1991), as entidades se encontram mais próximas do mundo dos homens, uma vez que já viveram e possuem, assim, história objetivada em locais, funções desempenhadas e características pessoais.

Aquelas entidades que não possuem uma vida objetivamente localizada constituem o que podemos chamar de categorias vazias, papéis sem personagens. Essas personagens podem, assim, ser construídas pelo próprio médium, utilizando a sua própria história para gerar categorias com sentido (Ortiz, 1991). Esse fato faz com que seja possível o estudo de determinadas relações sociais que considere a análise da dinâmica que se estabelece no interior da prática umbandista, através da própria interação entre suas entidades, por exemplo, nos pontos cantados.

Segundo Prandi (1996), Nas religiões afro-brasileiras, todo cerimonial é cantado ao som dos atabaques, e quase todo também dançando. As cantigas de candomblé e os pontos-cantados da umbanda são instrumentos de identidade das entidades (p.144). Considerando que as cantigas se constituem em instrumentos que atualizam a identidade das entidades a partir de elementos e personagens do cotidiano, o presente trabalho tem como objetivo a caracterização dos Exus e Pombas-Giras, através dos pontos cantados da Umbanda, destacando os aspectos que possibilitam uma articulação com componentes do imaginário social brasileiro.

MÉTODO Foram analisadas 221 letras de pontos de Exu e Pomba-Gira recolhidos em livros e discos que se propõem a coletá-los e divulgá-los, encontrados em lojas de produtos religiosos. As letras foram submetidas à Análise de Conteúdo (Bardin, 1994 e Vala, 1986) e agrupadas em categorias. Três subdivisões foram previamente consideradas, quais sejam: a) pontos de Exu, b) pontos de Pomba-Gira e C) pontos de relação, onde são citadas as duas entidades.

RESULTADOS As categorias a) Descritivos de poder/funções atribuídas: pontos que fazem referência às funções das entidades, bem como aos poderes que possuem. Ex: Meia noite a maré vazou/ Lua veio anunciar/ Eu já vou vencer demanda/ Saravá, Calunguinha do mar.

B) Caracterização (indumentária, imagem): pontos que relatam a aparência física das entidades e/ou mencionam vestuário e acessórios/instrumentos que as caracterizam. Ex: Olha que menina linda/ Olha que menina bela/ É Pomba-Gira Menina/ Me chamando da janela. c) Identificação/saudação: pontos que contêm apenas o nome da entidade e/ou uma saudação a ela.

Ex: Pinga Fogo lá na encruza/ Pinga-Fogo lá na serra/ Abre a porta, minha gente/ Pinga-Fogo tá na terra. d) Relação hierárquica: pontos onde há menção a outras entidades associadas a Exu, exceto Pomba-Gira, e vice-versa, com alguma relação diferencial de poder e/ou hierarquia.

  • Também foram considerados os pontos que explicitam a posição hierárquica que a entidade ocupa.
  • Ex: Exu foi batizado/ E recebeu a sua cruz/ Na falange de Dom Miguel/ Kamiloá nos defende, nos conduz.
  • E) Personalidade: nessa categoria foram incluídos pontos em que há referência a traços de personalidade/caráter das entidades.

Ex: A encruza estremeceu/ Uma gargalhada soou além/ Salve Exu, que é batizado/ Exu do fogo não ataca ninguém/ O Exu é bom, não ataca ninguém. f) Proteção: pontos que relatam o aspecto protetor das entidades àqueles a quem estão relacionados. Ex: Seu Sete-Pedras, livra o caminho que passo/ Seu Sete Pedras, livra o caminho que eu passo/ Quando ando com Sete-Pedras/ Meus caminhos não têm embaraço.

G) Morada: pontos em que há referência à existência de uma morada específica das entidades. Não foram consideradas referências às ruas, encruzilhadas e cemitérios, locais característicos de permanência de quase todos os Exus e Pombas-Giras, exceto quando os pontos utilizam o verbo morar ou seus derivados.

Ex: Pomba-Gira, aê, aê/ Pomba-Gira é de Maceió/ Aonde mora Pomba-Gira/ Ela mora no Maceió. h) Advertência: pontos que se propõem advertir sobre os poderes das entidades, sem fazer referência específica a esses poderes. Ex: Ao ver Exu na encruza/ Com ele não se meta/ É ali que ele trabalha/ O reino é de Capa-Preta.

Pontos de Exu Os pontos de Exu analisados (80,77% do total) apontam maior ocorrência de menções a aspectos relacionados à descrição do poder e às funções atribuídas a essa entidade (31,6%). Nessa categoria são identificados como principais funções/poderes dos Exus: trabalhar, vencer demandas, vigiar, levar mensagens, despachar Ebó, segurar a gira, defender, conduzir, fazer magia e levar o mal para o fundo do mar,

Como segunda categoria com maior freqüência (22,4%), encontramos os pontos relativos a sua identificação e saudação. A terceira categoria mais freqüente (15,3%) é aquela que se refere ao que chamamos de relações hierárquicas entre os Exus ou entre esses e outras divindades (Santo Antônio, Ogum, Dom Miguel).

Aqui também foram incluídos os pontos onde são encontradas referências a relações de parentesco (outros Exus ou Lúcifer) ou à filiação a linhas de Quimbanda ou Umbanda, desde que estivessem explícitas, em ambos os casos, condições desiguais de força ( Quadro 1 ). Pontos de Pomba-Gira As duas categorias com maior freqüência de respostas (30,23% cada) são aquelas que dizem respeito às descrições de poder/funções e à caracterização da entidade.

Como funções/poderes atribuídos encontramos: trabalhar, comandar a madrugada, vencer demandas, carregar mandinga para o fundo do mar, cortar o embaraço, vigiar. Quanto à imagem e indumentária: moça, linda, menina bela, muito formosa, farrapos de chita, linda saia com sete guizos, figa de ouro, “sandalinha de pau”, saia rodada, manto é de veludo rebordado todo em ouro.

Os instrumentos relacionados à Pomba-Gira nos pontos analisados são: tesoura, garfo de prata, ponteiro de aço. A terceira categoria com maior número de menções (9,30%) foi a de identificação ( Quadro 1 ). Pontos de Relação Devido à pequena quantidade desses pontos (07) não nos pareceu relevante submetê-los a tratamento quantitativo.

Uma primeira análise qualitativa pode, entretanto, nos indicar algumas características da relação entre as entidades. A figura de Pomba-Gira pode ser identificada como companheira, mulher (não esposa) dos Exus, desempenhando, quando em sua presença, os papéis esperados da figura feminina no contexto do modelo tradicional das relações de gênero.

Ex: Exu fez uma casa/ Com sete portas/ Com sete janelas/ Exu não precisa de casa/ É Pomba-Gira quem vai morar nela. DISCUSSÃO Os dados relacionados às entidades Exu e Pomba-Gira, descritos acima, sugerem inicialmente a importância da análise das representações relativas ao feminino e ao masculino em nossa sociedade.

Para entendermos a forma como se processam as relações entre o masculino e feminino no Brasil, é fundamental que consideremos a tradição patriarcal historicamente dominante nos sistemas social, econômico e cultural. Segundo Parker (1991), a diferenciação entre homens e mulheres poderia, sob determinado aspecto, ser considerada, na sociedade brasileira, como formada por pólos atividade-passividade, dominância-submissão, força-fragilidade.

  • Essa polarização não se dá, entretanto, de forma absoluta, devendo ser consideradas posições intermediárias marcadas pela presença de papéis como o da prostituta.
  • Contudo, esses papéis, valorizados negativamente, funcionam mais como um fator de referência a ser considerado para ser evitado, do que como um lugar com importância estrutural para o funcionamento do próprio sistema.

Os valores sociais relacionados ao feminino referem-se tradicionalmente à virgindade, submissão e procriação, enquanto os masculinos relacionam-se à força, autoridade e realização sexual. Os dados coletados nos revelam a presença desses valores. Exu é caracterizado principalmente pelas suas funções.

  • Fundem-se na sua caracterização o homem da noite e o trabalhador, papéis historicamente associados ao masculino.
  • O trabalho de Exu, entretanto, é o que podemos designar como braçal; aqui se apresenta a primeira característica de classe.
  • A sua identificação com a noite apresenta aspectos que também podem ser considerados indicadores de classe.

Os lugares que freqüenta comumente não são os destinados às camadas mais privilegiadas; seu local é a rua, onde acontecem tradicionalmente as manifestações do povo. Também é o lugar atribuído às desordens, ao permissível e ao potencialmente perigoso (DaMatta, 1991).

Há vários Exus para diversas funções/interesses. Sua atuação se refere às esferas da saúde, financeira, afetiva (motivos pelos quais mais são procurados) e sexual. Os Exus e Pombas-Giras são definidos principalmente pelo seu caráter sexual, relacionado à sua amoralidade, e, podemos dizer, provavelmente, aos lugares que freqüentam.

Pomba-Gira desempenha, por sua vez, funções, segundo os dados, muito semelhantes às dos Exus. Também é uma mulher da rua e do trabalho. Entretanto, o lugar da rua não é aquele esperado socialmente para a mulher, segundo a tradição patriarcal, podendo promover a sua identificação com as características atribuídas à prostituta.

  • Montero (1985) também identificou semelhanças entre as características atribuídas à Pomba-Gira e o estereótipo da prostituta, em oposição aos estereótipos da jovem virgem associado às caboclas, da mãe a Iemanjá e da mãe preta às pretas-velhas.
  • Apesar das semelhanças porventura encontradas, não constatamos referências explícitas à Pomba-Gira como prostituta nos pontos analisados.

Sua identificação com essa figura, como dito, está baseada sobretudo nos lugares que freqüenta. Aqui, deve-se recordar que a categoria por nós definida como Morada não inclui os lugares onde as entidades transitam. Associação de Exus e Pombas-Giras com ruas e cemitérios são quase uma constante nos pontos analisados, o que não quer dizer que habitem nesses locais, e sim que mais provavelmente nele permaneçam por afinidade ou pelas características dos trabalhos que realizam ali.

Ex: Existe um Exu mulher/ Que não trabalha à toa/ Quando passa pela encruza/ Maria Quitéria não vacila/ Ela não faz coisa boa. Sobre a relação entre as Pombas-Giras e a prostituição, nos diz Meyer: Como é mulher, sua associação ao Mal, sua demonização passa pela imemorial marca infamante da feminilidade: a luxúria.

Encarnada noutro antigo estereótipo: a prostituta. Uma ‘mulher da vida’, com ‘sete maridos’, bem marcada, me parece, pelo tempo em que se constituía a Umbanda no espaço urbano: vários dos seus pontos cantados que ouvi, remetem a um espaço escuso da cidade, que já foi sinônimo de devassidão e ‘mulher perdida’: a Pomba-Gira é de cabaré (1993, p.104-105).

  1. Segundo Prandi (1996), a Pomba-Gira “trata dos casos de amor, protege as mulheres que a procuram, é capaz de propiciar qualquer tipo de união amorosa e sexual” (p.148).
  2. A ela estão associados os trabalhos de feitiçaria, principalmente amorosa, o que nos permite fazer um paralelo com o espaço tradicionalmente relacionado à mulher, ou seja, o quintal, lugar das ervas e dos segredos mágicos e terapêuticos (Del Priore, 1993).

Suas atividades situam-se nos espaços exteriores à casa (a rua e o quintal), o que pode indicar a sua não-pertença ao núcleo familiar, uma vez que não se ajusta aos papéis tradicionais de esposa, mãe ou filha. Os dados revelam a entidade como dotada de uma beleza “física” e uma vaidade, que bem correspondem à expectativa em relação ao papel feminino, no qual a mulher deve se conservar sempre bonita, pois esse é o seu maior bem, a fim de satisfazer o homem.

Conforme nos mostram os pontos de relação, esse é o papel da Pomba-Gira, em presença dos Exus. Se considerarmos também as marcas de raça e classe que estão a eles relacionadas na literatura, seu papel se torna duplamente estereotipado, uma vez que mulher e negra (Montero, 1985; Ortiz, 1991). Como pode ser visto, a identificação tradicional de Exu com o diabo cristão não está relacionada somente a sua aparência original, africana.

Componentes outros se somam a essa aparência e remetem a uma caracterização de ações também próxima. Talvez o principal desses componentes seja a sexualidade exacerbada. Historicamente, o diabo no ocidente utiliza o sexo dos humanos para tentá-los (Nogueira, 2000).

  • Há referências diversas na história do Brasil sobre a proximidade entre o diabo e a luxúria, as práticas mágicas, a busca da resolução de problemas cotidianos, por fim, sua proximidade com o próprio homem (Souza, 1989).
  • Até mesmo o caráter ambíguo da sexualidade esteve a ele relacionado, na figura de íncubos e súcubos (Mott, 1988).

Nesse ponto, há um aspecto particularmente importante: o diabo formou, desde o nosso período colonial, uma tríade bastante constante com a prostituição e a magia sexual. Segundo Souza, No Brasil colonial, dentre os que se ocuparam da magia, talvez a categoria mais estigmatizada com a prostituição tenha sido a das mulheres que vendiam filtros de amor, ensinavam orações para prender homens, receitavam beberagens e lavatórios de ervas.

Magia sexual e prostituição pareciam andar sempre juntas (1989, p.241). Companheiro da prostituta, o malandro é figura recorrente no imaginário brasileiro. Sua avaliação, entretanto, tende a ser menos negativa do que a dela. Segundo DaMatta (1997), sua caracterização está relacionada à sua aversão pelo trabalho e à individualização da sua figura e de seus costumes.

Contudo, é inegável em nosso meio social a valorização da sua desenvoltura para resolver problemas e quase sempre levar vantagem, inclusive nas situações francamente adversas. Uma estrutura marcada pela hierarquia, como é o caso da Umbanda, certamente deve refletir em si aspectos da ordem social que a comporta.

  • A relação de dominação-subordinação encontrada no Candomblé entre os orixás e Exu (Trindade, 1982) também pode ser percebida na Umbanda.
  • Outro fator relevante na identificação do lugar ocupado por Pomba-Gira e Exu na prática umbandista é a consideração das delimitações provenientes dos conceitos de linha e falange que “.

constituem divisões que agrupam as entidades de acordo com afinidades intelectuais e morais, origem étnica e, principalmente, segundo o estágio de evolução espiritual em que se apresentam, no astral” (Magnani, 1986, p.33). Essas divisões implicam uma hierarquia que indica, mais do que uma simples divisão entre o bem e o mal, esse caracterizado como inferior àquele, a necessidade de que “.

  1. O simbolismo dos ritos exprima a subordinação do princípio espiritual inferior ao princípio superior” (Ortiz, 1991, p.141).
  2. Essa hierarquia está presente de forma significativa nos dados apresentados acima, nos quais o reconhecimento de diferentes poderes se constitui em um princípio organizador que impede o caos.

Na hierarquia identificada pode-se notar claramente a superioridade dos Exus. A eles estão subordinadas as Pombas-Giras, menos numerosas, fato que se refletiu inclusive na quantidade geral de pontos coletados. O caráter moralmente ambíguo das entidades, evidenciado pela costumeira associação entre os Exus e a figura do trickster (Augras, 1983; Queiroz, 1991), sugere ser este um aspecto relacionado ao lugar que lhe é designado na hierarquia da umbanda.

As categorias denominadas “personalidade”, “proteção” e “advertência” referem-se a essa ambigüidade. Aqui encontramos Exu e Pomba-Gira como seres capazes de fazer tanto o bem quanto o mal, e por isso merecedores dos maiores cuidados e respeito. A moralidade das ações da entidade vai ser, entretanto, determinada pelo pedido do “consulente”, pois é esse quem vai fazer a sua oferenda, o seu pagamento.

Em última instância a responsabilidade moral é daquele que faz o pedido. A labilidade dessas entidades possibilita a solicitação de determinados favores somente a elas, não a outras consideradas mais evoluídas, pois poderia causar negativas ou repreensões.

Além desse fato, a percepção de Exu como alguém que já passou por condições adversas, em vida, pode caracterizá-lo como um interlocutor capaz de melhor entender os motivos daquele que pede, sendo, em determinado sentido, um igual. Dois eixos de submissão podem ser então considerados como centrais na análise.

O primeiro se relaciona à posição da figura feminina, localizada à margem pelo sexo e pela condição social. Seus atributos concedem-lhe a aparência desejada pelo masculino ao mesmo tempo em que sua caracterização como ser com sexualidade extremada a relega a uma situação em que sua inserção na rede social não pode se dar através do papel de mãe/esposa, sendo associada à prostituta na trama dos personagens cotidianos.

  • Suas funções estarão relacionadas aos pedidos de caráter sexual e afetivo, localizando-a então, conforme a moral cristã, no campo do pecado, ou seja, das trevas.
  • O segundo eixo diz respeito à condição de Exu.
  • Dado como amoral, só pode ser admitido para ele o local das trevas, a noite.
  • É ali que pode expressar seu caráter sinuoso, escondido do convívio dos que trabalham normalmente.

Aqui também podemos considerar a sua inaptidão para o papel de pai/esposo, sendo considerado inadequado para as funções reprodutivas. Deve-se observar que não são encontradas referências familiares para os Exus e Pombas-Giras, o que é comum para os Pretos e Pretas-Velhas, geralmente chamados de tio/tia, avô/avó ou pai/mãe.

A relação que se estabelece com Exu é muitas vezes a de compadrio (Verger, 1999), reforçando a possibilidade de sua identificação, por parte de quem o consulta, como um igual. À medida que admitimos a entidade como um molde a ser preenchido pelo médium, podemos também admitir que os estereótipos a ela historicamente relacionados encontram nele possibilidade de se atualizarem e por isso sobreviverem.

Não nos estamos referindo a uma simples incorporação do papel, mas sim a um mecanismo que permite a construção de um campo de significados que estão de acordo com a própria percepção do mundo pelo médium e pelos fiéis. Pombas-Giras e Exus são representações de personagens presentes na vida cotidiana, que apresentam tanto características individuais distintivas quanto traços coletivos de classe, o que proporciona a manutenção do estereótipo.

  1. Vistas como a própria ambivalência, as caracterizações não poderiam ser diferentes: as entidades que possuem como função primeira o trabalho, são percebidas como malandro e prostituta.
  2. Como perigosas, necessitam de outras entidades mais elevadas para que sejam controladas e exerçam de forma adequada suas funções.

Segundo a descrição das moradas, são imigrantes que aportam num contexto que os considera inaptos para o desenvolvimento de funções que não estejam relacionadas ao trabalho braçal. Exu e Pomba-Gira podem ser, em última instância, alguns dos personagens pertencentes às camadas empobrecidas da sociedade, submetidas a toda sorte de preconceitos raciais, sociais, econômicos e culturais, que acabam por ser assumidos e propagados pela própria classe.

Quem é a Maria Padilha?

Nossa história começa em Sevilha, no ano de 1334, com o nascimento de uma mulher que mudaria completamente os destinos de uma corte europeia. De amante a rainha, Maria Padilla influenciou o rei Dom Pedro I de Castela (1334-1369) nas mais importantes decisões, além de determinar o modo como governaria e auxiliar na negociação de seu casamento com Branca de Bourbon, visando uma aliança com a França.

Também conhecida como Maria de Padilla, a amante do rei de Castela teve com ele quatro filhos. Contam que estava prestes a dar à luz quando Branca de Bourbon chegou para selar o acordo de casamento. Três dias depois da cerimônia, o rei desfez a aliança com os franceses, abandonou a esposa e retornou para os braços de sua amada.

Dona Maria Padilla e Dom Pedro I de Castela seguiram juntos para Olmedo, onde se casaram secretamente. Viveram com certa tranquilidade até que os adversários políticos do rei descobriram que ele havia se casado e passaram a exercer grande pressão, obrigando-o a retomar a relação com sua primeira esposa.

  • Dom Pedro, no entanto, preferiu manter Branca de Bourbon bem distante e a mandou para outras cidades.
  • Por fim, a legítima esposa foi envenenada e morreu aos 25 anos.
  • Em 1361, a peste bubônica assola o reino e, para desespero de Dom Pedro I de Castela, faz de Maria Padilla uma de suas vítimas.
  • A princípio, a amante do rei é sepultada em Astudillo, no convento que ela mesma fundou.

Dizem que o rei nunca se conformou com essa morte prematura e um ano depois declarou, diante de todos os nobres da corte de Sevilha, que sua única e verdadeira esposa era Maria Padilla. Tanto fez, que o Arcebispo de Toledo acabou considerando procedentes as razões que o levaram a abandonar Branca de Bourbon, principalmente pelo conflito com os franceses.

A corte também aceitou as declarações do rei. Foi assim que Maria Padilha sagrou-se como a única esposa de Dom Pedro I de Castela, tornando-se a legítima rainha e exercendo seu poder e influência mesmo depois de morta. Seu corpo foi transportado para a Capela dos Reis, na Catedral de Sevilha, e seu túmulo é ainda hoje local de peregrinação.

Na mesma Sevilha ergue-se o cenário para Carmen, uma cigana que usa seus dons no canto e na dança para seduzir e enfeitiçar os homens. Conseguiu transformar o honesto Don José, um decente cabo do exército, numa pessoa desregrada. A linda cigana, que quando passa arrasta todos os olhares, acaba enfeitiçando o famoso toureiro Escamillo, que se apaixona perdidamente por ela.

O ciumento Don José disputa com Escamillo o amor de Carmen. Ao tentar prever o futuro nas cartas, a cigana é avisada sobre um triste presságio: a morte. Enquanto o toureiro é ovacionado pela multidão, Carmen despreza o amor de Don José e joga violentamente o anel que lhe oferecera. Tomado pela paixão, Don José desfere o golpe fatal e mata sua amada com uma facada na barriga.

Percebendo a loucura que fez, cai de joelhos junto ao corpo da mulher de sua vida e chora. Um dos pontos de Maria Padilha parece lembrar essa história: ➤ Leia também: Onde estão os evangélicos progressistas? Chorei, chorei A mulher que tanto amava eu matei Mas eu chorei Tanto a ópera de Bizet quanto a história da amante influente do rei de Castela fornecem o arquétipo da mais controvertida entidade dos cultos afro-brasileiros.

De acordo com as pesquisas de Reginaldo Prandi, “Maria Padilha, talvez a mais popular pombagira, é considerada espírito de uma mulher muito bonita, branca, sedutora, e que em vida teria sido prostituta grã-fina ou influente cortesã.” Marlyse Meyer publicou em 1993 o livro Maria Padilha e toda sua quadrilha, contando a história da amante do rei de Castela.

“Seguindo uma pista da historiadora Laura Mello e Souza (1986), Meyer vasculha o Romancero General de romances castellanos anteriores ao siglo XVIII, depois documentos da Inquisição, construindo a trajetória de aventuras e feitiçaria de uma tal de Dona Maria Padilha e toda a sua quadrilha, de Montalvan a Beja, de Beja a Angola, de Angola a Recife e de Recife para os terreiros de São Paulo e de todo o Brasil”, explica Prandi.

  1. E acrescenta: “O livro é uma construção literária baseada em fatos documentais no que diz respeito à personagem histórica ibérica e em concepções míticas sobre a Padilha afro-brasileira.
  2. Evidentemente não encontra provas, e nem pretende encontrá-las, de que uma é a outra.
  3. Talvez um avatar imaginário, isto sim.

E que pode, quem sabe, vir a ser, um dia, incorporado à mitologia umbandista.” De fato, não se sabe se Maria Padilha é o espírito da amante do rei de Castela que se manifesta nos terreiros de umbanda e candomblé, e pouco importa saber. Tanto os fatos históricos da corte de Sevilha quanto a ficção da ópera fornecem a imagem de uma mulher forte, influente, sedutora, transgressora, feiticeira.

  1. A pombagira é uma mulher livre.
  2. Livre de convenções e padrões sociais, livre da moral e da ética castradoras, livre do domínio dos homens, livre pra fazer o que bem quiser.
  3. Como ilustra a cantiga: ➤ Leia também: O exercício de ouvir policiais civis e militares revela surpresas Ela diz que vem de longe Pra dizer quem ela é É uma velha feiticeira Que trabalha como quer “Pombagiras são espíritos de mulheres, cada uma com sua biografia mítica: histórias de sexo, dor, desventura, infidelidade, transgressão social, crime”, afirma Prandi.

Muitos terreiros de candomblé incluíram o culto às pombagiras por força de adeptos convertidos da umbanda. Mas na Bahia, onde a umbanda não tem muita expressão, as “Padilhas” também estão presentes. Nos cultos afro-brasileiros de Pernambuco e de outros estados do Norte-Nordeste, pode-se notar a presença de “mestras” com o mesmo arquétipo das pombagiras.

  1. Nas macumbas cariocas, elas são ainda mais populares e dividem espaço com “malandras e malandros”, entidades muito próximas do contexto sociocultural dos morros e favelas.
  2. A própria Maria Padilla teve seu amor de volta em três dias.
  3. Essa passagem serve pra expressar um dos motivos que tornaram as pombagiras tão populares: são elas que resolvem rapidamente todas as questões relacionadas ao amor.

➤ Leia também: ‘Enciclopédia Negra’, um estudo abrangente e politizado das personalidades afro-brasileiras Eu vim aqui pra falar com a pombagira Para fazer meu amor voltar pra mim Eu disse a ela que a saudade me apavora Eu pergunto a todo mundo aonde é que ela mora Mas as pombagiras já fazem parte do imaginário brasileiro.

  • Ângela Maria fez muito sucesso com a música Moça Bonita, que até hoje é cantada nos terreiros.
  • Glória Perez escreveu a novela Carmem para a extinta TV Manchete, inspirada na ópera de Bizet, cujas cenas protagonizadas por Lucélia Santos e Neuza Borges ainda são lembradas mais de trinta anos depois.
  • Aquela que bebe, que fuma, que fala palavrão, que anda pela madrugada.

Ousada, desafiadora, ela canta na sua chegada: Arreda homem que aí vem mulher, Ela comanda, ela liberta, ela vive. Conhece o prazer e a dor das paixões. Teve todos os homens a seus pés, amou e foi amada, não se curvou, não se deixou subjugar. Para os que falam dela um recado: Disseram que eu não valho nada Que eu ando pelas ruas À meia-noite, eu vou dar risada No meio da encruzilhada Nesses caminhos que se cruzam ela reina soberana, promovendo encontros e desencontros, ajudando homens e mulheres nessas trilhas obscuras e incertas do coração.

Qual é a Pomba Gira Pantera Negra?

(Pantera Negra). No estudo de Prandi (1996) a figura da pomba-gira ‘ trata dos casos de amor, protege as mulheres que a procuram, é capaz de propiciar qualquer tipo de união amorosa e sexual ‘ (PRANDI, 1996, p.148).

O que fazer para agradar a Pomba Gira?

Para atrair o amor Chame, então, pela Pomba-Gira Cigana e faça a ela seus pedidos para abrir caminhos no amor. Tome cuidado para não dizer o nome de ninguém. Coloque ao lado uma taça de champanhe e um copo de água, que serão despachados no dia seguinte pela manhã em água corrente da pia.

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