Qual é a origem dos escravos trazidos para o Brasil
Na Colônia, ainda no século XVI, os portugueses já haviam dado início ao tráfico negreiro, atividade comercial bastante lucrativa. Os traficantes de escravos negros, interessados em ampliar esse rendoso negócio, firmaram alianças com os chefes tribais africanos. Estabeleceram com eles um comércio baseado no escambo, onde trocavam tecidos de seda, jóias, metais preciosos, armas, tabaco, algodão e cachaça, por africanos capturados em guerras com tribos inimigas. Segundo o historiador Arno Wehling, “a ampliação do tráfico e sua organização em sólidas bases empresariais permitiram criar um mercado negreiro transatlântico que deu estabilidade ao fluxo de mão-de-obra, aumentando a oferta, ao contrário da oscilação no fornecimento de indígenas, ocasionada pela dizimação das tribos mais próximas e pela fuga de outras para o interior da Colônia”. Por outro lado, a Igreja, que tinha se manifestado contra a escravidão dos indígenas, não se opôs à escravização dos africanos. Dessa maneira, a utilização da mão-de-obra escrava africana tornou-se a melhor solução para a atividade açucareira. Os negros trazidos para o Brasil pertenciam, principalmente, a dois grandes grupos étnicos: os sudaneses, originários da Nigéria, Daomé e Costa do Marfim, e os bantos, capturados no Congo, Angola e Moçambique. Estes foram desembarcados, em sua maioria, em Pernambuco, Minas Gerais e no Rio de Janeiro.- Os sudaneses ficaram na Bahia.
- Calcula-se que entre 1550 e 1855 entraram nos portos brasileiros cerca de quatro milhões de africanos, na sua maioria jovens do sexo masculino.
- Os navios negreiros que transportavam africanos até o Brasil eram chamados de tumbeiros, porque grande parte dos negros, amontoados nos porões, morria durante a viagem.
O banzo (melancolia), causado pela saudade da sua terra e de sua gente, era outra causa que os levava à morte. Os sobreviventes eram desembarcados e vendidos nos principais portos da Colônia, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Os escravos africanos eram, de forma geral, bastante explorados e maltratados e, em média, não aguentavam trabalhar mais do que dez anos. Essas reações contra a violência praticada pelos feitores, com ou sem ordem dos senhores, eram punidas com torturas diversas. Amarrados no tronco permaneciam dias sem direito a comida e água, levando inumeráveis chicotadas. Eram presos nos ferros pelos pés e pelas mãos. Os ferimentos eram salgados, provocando dores atrozes. Quando tentavam fugir eram considerados indignos da graça de Deus, pois, segundo o padre Antônio Vieira, ser “rebelde e cativo” é estar “em pecado contínuo e atual”.
Qual região da África vieram os escravos para o Brasil
As regiões das quais a maior quantidade de africanos foi trazida para o Brasil foram Senegâmbia (Guiné), durante o século XVI, Angola e Congo, durante o século XVII, e Costa da Mina e Benin, durante o século XVIII.
Quem trouxe os africanos para o Brasil
Amanda RossiDa BBC News Brasil em São Paulo
7 agosto 2018 Crédito, The New York Public Library Digital Collections Legenda da foto, 4,8 milhões de africanos foram transportados para o Brasil e vendidos como escravos, ao longo de mais de três séculos. Outros 670 mil morreram no caminho. O Brasil ainda não estava no mapa do mundo quando, em 1482, uma dúzia de embarcações portuguesas aportou no oeste da África com uma missão dada pelo rei dom João 2º: construir uma fortaleza militar para defender os interesses econômicos de Portugal na região.
Os porões dos navios estavam carregados de material de construção e havia na tripulação dezenas de pedreiros e carpinteiros. Era uma empreitada pioneira, já que nenhuma outra nação europeia havia feito nada semelhante. Meses depois, surgia o Castelo de São Jorge da Mina, na então Costa do Ouro, hoje Gana.
Primeiro, foi um local de comércio de ouro. Depois, de escravos – mais de 30 mil foram levados dali para o Brasil, em navios portugueses. O castelo existe até hoje e foi declarado Patrimônio da Humanidade, um monumento “aos horrores do tráfico de escravos”.
É um dos resquícios mais antigos da presença dos portugueses na África e de sua participação na escravidão, A construção do castelo foi só o começo da empreitada de Portugal na África. Em seguida, os portugueses se instalaram em diversos pontos do continente e fizeram do tráfico de escravos a sua principal e mais lucrativa atividade econômica na região.
Ao longo de mais de três séculos, navios portugueses ou brasileiros embarcaram escravos em quase 90 portos africanos, fazendo mais de 11,4 mil viagens negreiras. Dessas, 9,2 mil tiveram como destino o Brasil. Os dados são da The Trans-Atlantic Slave Trade Database, um esforço internacional de catalogação de dados sobre o tráfico de escravos – que inclui, entre outros, a Universidade de Harvard. Crédito, Getty Images Legenda da foto, Castelo de São Jorge da Mina, construído pelos portugueses na Costa do Ouro (hoje Gana) em 1482, de onde saíram mais de 30 mil escravos rumo ao Brasil, em navios portugueses
Quais as principais cidades brasileiras que receberam escravos africanos
Não se pode ignorar que o tráfico de negros da África para o Brasil decorreu do processo de colonização portuguesa iniciado na segunda metade do século XV. O modelo econômico baseado na monocultura e extratividade, com utilização de mão-de-obra escrava, caracterizava as colonizações da época, mas nem por isso deixa de ser visto como desumano e absurdo.
- O tráfico de escravos da África para o Brasil, por menos que se queira, faz parte da nossa história.
- Mesmo que se tente esquecer ou esconder _ como fez Rui Barbosa quando mandou queimar a documentação existente sobre escravidão no Brasil _ não se pode ignorar sua existência.
- Conhecer o tráfico e o comércio de escravos no Brasil é entender um pouco a importante contribuição dos africanos na formação da cultura brasileira.
A Biblioteca Nacional guarda um grande número de documentos sobre esse assunto. São mapas estatísticos,correspondência, gravuras e desenhos,periódicos,livros raros,material informativo arquivado de acordo com sua característica nos setores de Manuscritos, Iconografia,Periódicos,Obras Raras e Obras Gerais.
- A maior parte dos escravos que aportavam inicialmente no Brasil provinha das colônias portuguesas na África.
- Eram negros capturados nas guerras tribais e negociados com os traficantes em troca de produtos como a aguardente,fumo e outros.O tráfico de escravos não era exclusividade dos portugueses, pois ingleses, holandeses, espanhóis e até norte-americanos se beneficiavam desse comércio, que era altamente lucrativo.Os riscos dessa atividade estavam nos perigos dos oceanos e nas doenças que algumas vezes chegavam a dizimar um terço dos escravos transportados.
Os portos que recebiam maior número de escravos no Brasil eram Salvador,Rio de Janeiro e Recife;desses portos os escravos eram transportados aos mais diversos locais do Brasil. Algumas outras cidades recebiam escravos vindos diretamente da África, como Belém, São Luís, Santos, Campos e outras.A proporção de desembarque de escravos em cada porto variou ao longo de 380 anos de escravidão, dependendo do aquecimento da atividade econômica na região servida pelo porto em questão.
- Durante o ciclo áureo da cana-de-açúcar do Nordeste, os portos de Recife e Salvador recebiam o maior número de escravos,mas, durante o ciclo do ouro em Minas Gerais,coube ao Rio de Janeiro receber o maior número de escravos.
- A venda dos escravos vindos da África era feita em praça pública, através de leilões,mas o comércio de negros não se restringia à venda do produto do tráfico.Transações comerciais com escravos eram comuns.Neste site são exibidos documentos que registram as mais variadas transações com o escravo, como se fosse um produto qualquer comerciável.
As relações comerciais internas envolvendo escravos acentuavam-se em momentos específicos do processo escravocrata.Com o declínio da produção de cana-de-açúcar no Nordeste,por exemplo, muitos proprietários de escravos venderam parte de seu plantel para o Sudeste, principalmente, para o Rio de Janeiro e São Paulo, áreas de produção de café, que passou a ser o produto mais importante da balança comercial brasileira.
Os documentos presentes neste site demonstram a preocupação dos governantes nordestinos como esvaziamento de escravos das lavouras nordestinas e descreve as medidas adotadas para evitar tal processo. O acervo da Biblioteca Nacional, no que se refere ao tráfico de escravos e ao seu comércio, restringe-se basicamente ao período posterior à segunda metade do século XVIII, sendo que a maior parte dos documentos é referente ao século XIX.
Dentre os documentos pertencentes a esse acervo, destacam-se alguns como um mapa estatístico que enumera a quantidade de escravos transportados de Benguela para o Brasil, ou um documento de doação de uma escrava a um cura de paroquial. Os documentos presentes neste site ajudam a compreender o que já afirmava Caio Prado Júnior, em História econômica do Brasil.
Quais foram os três países que mais trouxeram escravos para a América
Em geral, as pessoas escravizadas levadas para a América tiveram origem predominantemente em países como Nigéria e Gana, no centro-oeste do continente. Em direção ao norte do Novo Mundo, no Caribe e América do Norte, aumentou o tráfico de pessoas de países como Senegal e Gambia, mais a oeste.
Quem vendia os escravos negros na África?
Resumo –
O tráfico negreiro foi responsável por trazer, forçadamente, cerca de 11 milhões de pessoas africanas para a América. As razões para a implantação da escravidão de africanos aqui foi a escassez de mão de obra indígena aliada aos interesses metropolitanos em desenvolver o comércio ultramarino. Os portugueses compravam os escravos em suas feitorias instaladas no litoral da África. Os escravos eram obtidos como prisioneiros de guerra vendidos por determinados reinos ou eram prisioneiros emboscados pelos traficantes. Enfrentavam uma viagem de mais de 40 dias, em condições degradantes, que fazia com que vários escravos morressem durante a viagem. Vieram de diferentes regiões da África, como Senegâmbia, Angola, Congo e Moçambique. Os locais no Brasil que mais receberam escravos foram Rio de Janeiro, Recife e Salvador. O tráfico negreiro só foi proibido no Brasil em 1850, por meio da Lei Eusébio de Queirós. Estima-se que o Brasil recebeu de 3,5 milhões a 5 milhões de africanos escravizados. O país foi o que mais recebeu escravos africanos do mund o.
Qual foi o país que mais recebeu escravos vindo do continente africano
Presença negra – No continente americano, o Brasil foi o país que importou mais escravos africanos. Entre os séculos XVI e meados do XIX, vieram cerca de 4 milhões de homens, mulheres e crianças, o equivalente a mais de um terço de todo comércio negreiro. Uma contabilidade que não é exatamente para ser comemorada.
Qual é a genética dos negros?
A África nos genes do povo brasileiro EDUARDO CESAR Durante pouco mais de três séculos de tráfico negreiro o trecho da África Ocidental que vai do Senegal à Nigéria possivelmente forneceu muito mais escravos ao Brasil do que se imaginava. A proporção de homens e mulheres capturados nessa região e enviados à força para cá pode ter superado – e muito – os 10% do total estimado anos atrás pelos historiadores norte-americanos Herbert Klein e David Eltis, estudiosos do tráfico de escravos no Atlântico.
Os argumentos que agora servem de suporte à revisão dos cálculos, em especial para o Sudeste do Brasil, não são apenas históricos, mas genéticos. Analisando a constituição genética de pessoas que vivem em três capitais brasileiras, os geneticistas Sérgio Danilo Pena e Maria Cátira Bortolini estão ajudando a resgatar parte dessa história ainda não de todo esclarecida sobre a origem dos quase 5 milhões de escravos africanos que chegaram aos portos de Rio de Janeiro, Salvador e Recife e contribuíram para a formação do povo brasileiro.
Em dois estudos recém-concluídos a equipe de Pena, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e a de Maria Cátira, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), compararam o padrão de alterações genéticas compartilhado por africanos e brasileiros.
- Desse modo, conseguiram estimar a participação de diferentes regiões africanas no envio de escravos para o Brasil, o último país da América Latina a eliminar a escravidão com a assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888.
- Os resultados confirmaram que foram três as regiões da África – a Oeste, a Centro-Oeste e a Sudeste – que mais exportaram mão-de-obra africana para o país até 1850, quando o ministro da Justiça do Império Eusébio de Queirós formulou uma lei tornando crime o tráfico de escravos.
Até aí, nada muito novo, e a genética apenas corrobora as informações históricas a respeito de uma das situações mais cruéis a que um ser humano pode submeter outro. Já se sabia que o Brasil foi um dos poucos, se não o único, países das Américas a receber africanos de todas as origens.
- A novidade é o envolvimento maior no tráfico negreiro da África Ocidental, também conhecida como Costa Oeste, região de onde vieram povos como os iorubás, os jejes e os malês, que exerceram forte influência social e cultural no Nordeste brasileiro, em especial na Bahia.
- Durante os três séculos em que os portugueses controlaram o tráfico no Atlântico – o mais antigo, de mais longa duração e maior em termos numéricos -, a proporção de escravos embarcados no Oeste, no Centro-Oeste e no Sudeste da África oscilou bastante.
Avaliando registros de viagem africanos, Herbert Klein, da Universidade de Colúmbia, e David Eltis, da Universidade Emory, calcularam que, no total, 10% dos escravos teriam vindo da região Oeste da África e 17% da Sudeste. O principal fornecedor de escravos seria mesmo o Centro-Oeste, onde ficava a colônia portuguesa de Angola, que teria contribuído com 73% dos africanos enviados para o Brasil amontoados no porão de pequenos navios.
Os dados sobre o tráfico de escravos ainda são incompletos e os historiadores aceitam que a maior parte veio da região de Angola”, comenta Marina Mello Souza, da Universidade de São Paulo (USP), especialista em história africana. Cientes de que os registros de viagem nem sempre refletem com precisão o passado, nos últimos tempos os historiadores passaram a recorrer também à genética na tentativa de compreender melhor o que de fato ocorreu.
“Nossas estimativas anteriores se basearam em amostras parciais”, disse Klein à Pesquisa FAPESP. “Estamos revendo essas projeções, com base no trabalho de geneticistas e na revisão dos dados de viagem que a equipe de David Eltis vem investigando na Universidade Emory”.
E, nesse ponto, os trabalhos de Pena e Maria Cátira podem colaborar para esse reexame histórico. A análise do material genético compartilhado por brasileiros e africanos revelou que a proporção de escravos oriundos do Oeste da África – entre Senegal e Nigéria – pode ter sido de duas a quatro vezes maior que o contabilizado até o momento, bem mais próximo dos números exportados por Angola.
Origens e destinos Superior à esperada, a contribuição do Oeste africano provavelmente não se distribuiu igualmente pelo país. Pena e sua aluna de doutorado Vanessa Gonçalves analisaram amostras de sangue de 120 paulistas que classificavam a si próprios e aos seus pais e avós como sendo pretos, seguindo a nomenclatura adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que agrupa os brasileiros em brancos, pretos e pardos – os movimentos de afrodescendentes em geral usam a palavra negro para se referir a pretos e pardos.
- Quatro de cada dez pretos paulistas apresentavam material genético típico do Oeste africano.
- Essa proporção, no entanto, foi menor no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, segundo artigo da equipe da UFRGS a ser publicado no American Journal of Physical Anthropology,
- Dos 94 pretos cariocas testados por Maria Cátira e Tábita Hünemeier, 31% traziam no sangue a assinatura genética do Oeste africano, apresentada por apenas 18% dos 107 pretos gaúchos.
Além de indicar origens e destinos, esses dados talvez expliquem a penetração heterogênea no país do candomblé, religião com importantes traços culturais iorubás e jejes. MIGUEL BOYAYAN Na busca pelas origens do povo brasileiro, não são apenas os historiadores que recorrem aos achados genéticos. Também os geneticistas precisam, por vezes, voltar aos livros de história, sociologia ou antropologia para compreender o que as características genéticas lhes mostram.
- Ao menos um fato histórico ajuda a entender por que a proporção de pretos com origem no Oeste africano é mais elevada em São Paulo do que a do Rio ou a de Porto Alegre.
- Nos séculos XVI e XVII, os africanos oriundos do Oeste chegaram aos portos de Salvador e Recife para em seguida serem vendidos aos proprietários dos engenhos de cana-de-açúcar do Nordeste.
Mais tarde, porém, a decadência da economia açucareira levou ao deslocamento da mão-de-obra escrava para as plantações de café que floresciam no estado de São Paulo. Antes dessa migração interna, entre o fim do século XVIII e o início do XIX, São Paulo já apresentava uma concentração de escravos do Oeste africano muito mais elevada que no restante do país.
De acordo com Klein, as razões para essa diferença ainda não são completamente compreendidas, mas talvez possam ser parcialmente explicadas pela importação de mão-de-obra diretamente do Oeste africano. Maria Cátira explica a proporção mais baixa de material genético típico do Oeste da África entre os pretos de Porto Alegre pelo fato de os escravos chegarem ao sul do país por via indireta: 80% da mão-de-obra africana do Rio Grande do Sul era proveniente do Rio de Janeiro, onde a presença de povos do Oeste africano era mais baixa que no Nordeste brasileiro.
Ainda assim transparece na composição genética dos pretos brasileiros o tráfico mais intenso para o país de escravos de Angola, no Centro-Oeste africano. Uma proporção menor (12%), mas significativa, veio da região de Moçambique, no Sudeste, sobretudo depois que a Inglaterra passou a controlar mais rigidamente os portos de embarque na costa atlântica da África.
Presença feminina A contribuição africana para a composição genética do brasileiro não foi desigual apenas do ponto de vista geográfico. Enquanto os homens africanos foram os braços e as pernas que movimentaram a economia açucareira do Nordeste, as mulheres foram vítimas do poder e da violência, inclusive sexual, dos senhores de engenho de origem europeia, como o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre registrou em 1933 em Casa-grande & senzala, ensaio clássico sobre a formação do país.
Por essa razão, o preto brasileiro guarda hoje em seu material genético uma contribuição maior das mulheres do que dos homens africanos, embora o volume do tráfico masculino tenha sido maior. Essa desigualdade, que os geneticistas chamam de assimetria sexual, torna-se evidente quando se comparam dois tipos de material genético.
- O primeiro é o DNA encontrado nas mitocôndrias, usinas de energia situadas na periferia das células.
- Transmitido pelas mães aos filhos de ambos os sexos, o chamado DNA mitocondrial permite conhecer a origem geográfica da linhagem materna de uma pessoa.
- O segundo tipo de material genético estudado é o cromossomo Y, que os pais passam apenas para seus filhos homens e serve como indicador da linhagem paterna.
A equipe de Pena constatou que 85% dos pretos de São Paulo tinham DNA mitocondrial africano, enquanto apenas 48% apresentavam cromossomo Y característico da África. De modo semelhante, o grupo coordenado por Maria Cátira viu que, em 90% dos pretos do Rio e em 79% dos de Porto Alegre, o material genético africano era de origem materna. MIGUEL BOYAYAN Essa assimetria sexual confirmada pela genética já havia sido antes documentada e detalhada pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda, no livro Raízes do Brasil, pelo antropólogo Darcy Ribeiro, em O povo brasileiro, além de nos livros de Gilberto Freyre.
- Ela se tornou inconteste quando Pena e Maria Cátira começaram há cerca de dez anos, em trabalhos paralelos e complementares, a investigar a formação genética de brancos e pretos brasileiros com o auxílio do DNA mitocondrial e do cromossomo Y.
- As primeiras evidências de que o brasileiro carregava em suas células o material genético de índios, africanos e europeus surgiram em abril de 2000, quando o país comemorou os cinco séculos da chegada do colonizador português a este lado do Atlântico ou os 500 anos do descobrimento do Brasil.
Aproveitando a data oportuna, Pena publicou – primeiro na revista Ciência Hoje, de divulgação científica, e depois no periódico acadêmico American Journal of Human Genetics – o trabalho que chamou de “Retrato molecular do Brasil”. Nesse estudo com 200 brasileiros das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul, o geneticista da UFMG constatou que, na realidade, 33% descendiam de índios por parte de mãe e 28% de africanos.
Em outro estudo, publicado em 2001, mostrou que 98% dos brancos descendiam de europeus pelo lado paterno. Obviamente, a colaboração de índios e negros variava de acordo com a região do país. Essa era a demonstração genética do que já se conhecia do ponto de vista histórico, sociológico e antropológico.
Os primeiros grupos de colonizadores europeus que chegaram ao Brasil depois de 1500 eram formados quase exclusivamente por homens. Milhares de quilômetros distantes de casa, tiveram filhos com as índias. Mais tarde, com a chegada dos escravos durante o ciclo econômico da cana-de-açúcar, passaram a engravidar também as africanas.
A análise do material genético de pretos feita por Pena e Maria Cátira reforça esses resultados: 85% dos pretos brasileiros têm uma ancestral africana, mas os homens africanos estão representados em apenas 47% dos pretos – o restante tem ancestrais europeus em sua linhagem paterna. “É o outro lado da moeda”, diz Pena.
Retrato molecular Mas o que o DNA mitocondrial e o cromossomo Y de fato revelam? Depende. São ferramentas genéticas fundamentais para determinar a composição de uma população porque são blocos de DNA que não se misturam com outros genes e passam inalterados de uma geração a outra.
Mas esse material genético contém muito pouca informação sobre as características físicas de um indivíduo. Ter DNA mitocondrial africano, por exemplo, indica apenas que em algum momento do passado – recente ou não – houve uma mulher africana na linhagem materna daquela pessoa. É por isso que alguém com cabelos louros e olhos azuis pode ter entre suas ancestrais uma africana de pele escura, assim como um homem de pele escura e cabelos encaracolados pode ser descendente de europeus.
Na tentativa de detalhar essa razão, Pena decidiu investigar um terceiro tipo de material genético: o chamado DNA autossômico, que se encontra no núcleo de quase todas as células do corpo. Pena e Flavia Parra selecionaram dez trechos do DNA autossômico típicos da população africana e criaram uma escala chamada índice de ancestralidade africana: quanto mais desses trechos uma pessoa possui, mais próxima ela estaria de um africano.
Em seguida, foram procurá-los na população brasileira. Os pesquisadores mineiros testaram esse índice em 173 homens brancos, pretos e pardos de Queixadinha, interior de Minas Gerais, e viram que, em média, os três grupos apresentavam proporções semelhantes de ancestralidade africana, que era intermediária entre a de um português do Porto, em Portugal, e a de um africano da ilha de São Tomé, na costa Oeste da África.
Em outro estudo, Pena e a bióloga Luciana Bastos-Rodrigues analisaram 40 outros trechos de DNA autossômico e descobriram que eles são suficientes para distinguir um indivíduo africano de outro europeu ou de indígena nativo das Américas. Ao comparar esses mesmos trechos de 88 brancos e 100 pretos brasileiros com os de africanos, europeus e indígenas, Pena e Luciana observaram altos níveis de mistura gênica: tanto os brancos como os pretos apresentavam características genéticas de europeus e de africanos.
Essa mistura foi ainda mais evidente entre os pretos, que, segundo Pena, “resultam de um processo de intensa miscigenação.” Com base nesses resultados obtidos em dez anos de investigação das características genéticas do brasileiro, Pena e Maria Cátira não têm dúvida em afirmar que, ao menos no caso brasileiro, não faz o menor sentido falar em raças, uma vez que a cor da pele, determinada por apenas 6 dos quase 30 mil genes humanos, não permite saber quem foram os ancestrais de uma pessoa.
O geneticista brasileiro Marcelo Nóbrega, da Universidade de Chicago, Estados Unidos, concorda, embora afirme que as diferenças genéticas entre populações de continentes distintos podem ser úteis na área médica – por indicar capacidades diferentes de metabolizar medicamentos – e usadas para definir raça.
Qual é a origem do povo africano
Migração que originou povos e idiomas da África começou há 5.000 anos, diz estudo A migração pré-histórica que deu origem a boa parte dos povos da, incluindo a maioria dos ancestrais dos brasileiros negros, começou há cerca de 5.000 anos e seguiu uma rota por dentro das florestas tropicais do centro do continente, afirma um novo estudo. Dançarinos angolanos durante a cerimônia de abertura da Copa Africana das Nações, em Luanda (Angola), em 2010. Angola é uma das nações de origem banto – Amr Abdallah Dalsh – 2.dez.10/Reuters Levando isso em consideração, é natural supor que os idiomas bantos descendem de um ancestral comum que foi se espalhando pelo continente africano milênios atrás.
- Os dados arqueológicos e de DNA sugerem que essa expansão provavelmente está associada às grandes capacidades agrícolas e tecnológicas dos falantes desse grupo de línguas no passado.
- Os bantos parecem ter dominado a metalurgia do ferro por conta própria, por exemplo.
- Além disso, desenvolveram métodos eficientes de agricultura tropical, cultivando tubérculos, como o inhame, e grãos, como o milhete e o painço.
A ideia é que esse pacote agrícola-tecnológico tenha ajudado esses grupos a colonizar novas regiões com mais eficiência, desalojando outros povos ou então se misturando com eles. A questão, porém, é como e quando a jornada teria acontecido, e esse é o tema do novo estudo, coordenado por Ezequiel Koile, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionista, na,
- Junto com colegas da, dos e da, Koile desenvolveu uma série de métodos estatísticos para tentar estimar como as línguas do grupo banto foram se diversificando com o passar do tempo, levando em conta as transformações na forma das palavras que elas compartilham entre si.
- Uma das dúvidas, levando em conta tanto os dados linguísticos quanto os arqueológicos e genéticos, é se os bantos teriam precisado “esperar” um momento relativamente mais seco do sistema climático africano, por volta de 2.500 anos atrás, para se expandir muito além de seu lar original, que provavelmente ficava em Camarões.
Essa proposta surgiu porque os principais cultivos desses povos na época eram mais apropriados para regiões de savana, mais secas e com vegetação mais aberta. No entanto, antes de 2.500 anos atrás, estima-se que a faixa central do continente africano, ainda hoje a que abriga as florestas tropicais e equatoriais mais úmidas e densas, era bem mais extensa e contínua.
- Para alguns especialistas, isso teria barrado a expansão dos bantos até o momento em que a diminuição das chuvas levou à abertura de um “corredor” de vegetação aberta do vale do rio Sangha (afluente do rio Congo).
- Outra possibilidade é que, em vez de seguir por esse corredor, os bantos teriam adotado uma rota costeira, passando por locais do litoral do Atlântico em que também havia vegetação menos densa.
A grande análise linguística coordenada por Koile, porém, indica que a separação entre os principais ramos da família de idiomas bantos aconteceu muito antes da abertura do corredor de savana, além de também não bater com a rota pelo litoral. A estimativa deles é que a expansão desses povos já teria alcançado as florestas tropicais da África Central por volta de 4.500 anos atrás, bem antes da transformação dessas matas trazida pela seca. Membros da nação Bamasaba, de origem banto, dançam em cerimônia de circuncisão em Uganda – Hudson Apunyo – 3.ago.12/Reuters A ideia, portanto, é que os bantos teriam conseguido usar estratégias diversificadas para ocupar as florestas, seja escolhendo áreas de vegetação um pouco menos densa para plantar, aproveitando as margens dos rios ou complementando sua subsistência agrícola com a caça e a coleta.
Seriam métodos não muito diferentes das populações de agricultores indígenas que ocupavam a mais ou menos na mesma época. Os resultados desse processo também deixaram marcas importantes no DNA, na cultura e na língua dos brasileiros. Acontece que sete em cada dez dos africanos escravizados mandados para cá ao longo de três séculos vieram de Angola e do Congo, regiões com população de bantos.
Palavras muito comuns do português falado no Brasil, como “moleque” e “camundongo”, derivam dos idiomas dessa família. desta semana da revista especializada PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos EUA. : Migração que originou povos e idiomas da África começou há 5.000 anos, diz estudo
Porque os portugueses trouxeram os escravos para o Brasil
Os portugueses passaram a cultivar a cana-de-açúcar e para isso explorou a mão de obra escrava. Os africanos foram trazidos para o Brasil para realizar trabalho forçado, sem pagamento, mediante relação de subsistência e sob ameaças e violência.
Quem escravizou os escravos no Brasil
Os portugueses, brasileiros e, mais tarde, os holandeses, traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão de obra escrava nos engenhos de cana-de-açúcar do Nordeste.
Quais são as marcas deixadas pela escravidão no Brasil?
Portal da Cultura Afro-Brasileira A DECADÊNCIA DA ESCRAVIDÃO Já no início do século XIX era possível verificar grandes transformações que pouco a pouco modificavam a situação da colônia e o mundo a sua volta. Na Europa, a Revolução Industrial introduziu a máquina na produção e mudou as relações de trabalho.
Formaram-se as grandes fábricas e os pequenos artesãos passaram a ser trabalhadores assalariados. Na colônia, a vida urbana ganhou espaço com a criação de estaleiros e de manufaturas de tecidos. A imigração em massa de portugueses para o Brasil foi outro fator novo no cenário do Brasil colonial. Mesmo com todos esses avanços foi somente na metade do século que começaram a ser tomadas medidas efetivas para o fim do regime de escravidão.
Vamos conhecer os fatores que contribuíram para a abolição: 1850 – promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que acabou definitivamente com o tráfico negreiro intercontinental. Com isso, caiu a oferta de escravos, já que eles não podiam mais ser trazidos da África para o Brasil.1865 – Cresciam as pressões internacionais sobre o Brasil, que era a única nação americana a manter a escravidão.1871 – Promulgação da Lei Rio Branco, mais conhecida como Lei do Ventre Livre, que estabeleceu a liberdade para os filhos de escravas nascidos depois desta data.
Os senhores passaram a enfrentar o problema do progressivo envelhecimento da população escrava, que não poderia mais ser renovada.1872 – O Recenseamento Geral do Império, primeiro censo demográfico do Brasil, mostrou que os escravos, que um dia foram maioria, agora constituíam apenas 15% do total da população brasileira.
O Brasil contou uma população de 9.930.478 pessoas, sendo 1.510.806 escravos e 8.419.672 homens livres.
- 1880 – O declínio da escravidão se acentuou nos anos 80, quando aumentou o número de alforrias (documentos que concediam a liberdade aos negros), ao lado das fugas em massa e das revoltas dos escravos, desorganizando a produção nas fazendas.
- 1885 – Assinatura da Lei Saraiva-Cotegipe ou, popularmente, a Lei dos Sexagenários, pela Princesa Isabel, tornando livres os escravos com mais de 60 anos.
- 1885-1888 – o movimento abolicionista ganhou grande impulso nas áreas cafeeiras, nas quais se concentravam quase dois terços da população escrava do Império.
- 13 de maio de 1888 – assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Isabel.
- A Lei Áurea, que decretou o fim da escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888, foi um documento que representou a libertação formal do escravo, mas não garantiu a sua incorporação como cidadão pleno à sociedade brasileira.
O ex-escravo, abandonado à sua própria sorte, engrossou as camadas de marginalizados, que constituíam a maioria da população. Não possuíam qualificação profissional, o preconceito continuava e não houve um projeto de reintegração do negro à sociedade que acompanhasse a abolição da escravatura.
- A escravidão deixou marcas na sociedade brasileira: a concentração de índios, negros e mestiços nas camadas mais pobres da população; a persistência da situação de marginalização em que vive a maioria dos indivíduos dessas etnias; a sobrevivência do racismo e de outras formas de discriminação racial e social; as dificuldades de integração e de inclusão dessas etnias à sociedade nacional e os baixos níveis de renda, de escolaridade e de saúde ainda predominantes entre a maioria da população.
- A escravidão, portanto, fornece uma chave fundamental para a compreensão dos problemas sociais, econômicos, demográficos e culturais ainda existentes na atualidade.
- LUTANDO PELA LIBERDADE
QUANDO TUDO ACONTECEU.1600: Negros fugidos ao trabalho escravo nos engenhos de açúcar de Pernambuco, fundam na serra da Barriga o quilombo de Palmares; a população não pára de aumentar, chegarão a ser 30 mil; para os escravos, Palmares é a Terra da Promissão.
- 1630: Os holandeses invadem o Nordeste brasileiro.
- 1644: Tal como antes falharam os portugueses, os holandeses falham a tentativa de aniquilar o quilombo de Palmares.
- 1654: Os portugueses expulsam os holandeses do Nordeste brasileiro.
- 1655: Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares – 1662 (?): Criança ainda, Zumbi é aprisionado por soldados e dado ao padre António Melo; será baptizado com o nome de Francisco, irá ajudar à missa e estudar português e latim.
– 1670: Zumbi foge, regressa a Palmares. – 1675: Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar. – 1678: A Pedro de Almeida, Governador da capitania de Pernambuco, mais interessa a submissão do que a destruição de Palmares; ao chefe Ganga Zumba propõe a paz e a alforria para todos os quilombolas; Ganga Zumba aceita; Zumbi é contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos.
- 1680: Zumbi impera em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas.
- 1694: Apoiados pela artilharia, Domingos Jorge Velho e Vieira de Mello comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares; embora ferido, Zumbi consegue fugir.
- 1695, 20 de Novembro: Denunciado por um antigo companheiro, Zumbi é localizado, preso e degolado.
Fernando Correia da Silva Zumbi dos Palmares (Fonte: Brasil Escola ) “A cada novo 20 de novembro Zumbi se espraia, amplia o seu território na consciência nacional, empurra para os subterrâneos da história seus algozes, que foram travestidos de heróis” Sueli Carneiro O QUE ERA CARTA DE ALFORRIA? Por Carolina de Sousa Campos Sento Sé A Carta de Alforria era um documento cedido a um escravo por seu proprietário. Exemplo de carta de alforria, datada de 1866.(Fonte:Wikipédia) Existiram dois tipos de Carta de Alforria: as pagas e as gratuitas. As cartas pagas geralmente eram feitas a prestação, por interesse dos proprietários. Assim, se o negro forro não pagasse uma prestação, voltava a condição de escravo.
Outros meios utilizados para quitar a dívida eram pegar empréstimos (com amigos, familiares, instituições benfeitoras ou bancos), trabalhar por conta própria (geralmente vendendo na rua produtos que variavam entre bolos e doces, ou prestando serviços de barbeiro, carregador de peso, sapateiro, etc), pedir a um benfeitor que pagasse sua dívida em troca de um tempo determinado de trabalhos gratuitos ou os estranhos casos de troca, em que o escravo que recebia a alforria dava ao seu senhor um outro escravo para trabalhar em seu lugar.
As cartas gratuitas libertavam adultos e geralmente os reposicionavam como empregados do seu não mais proprietário. Deste modo, libertava-se um escravo e ganhava-se um trabalhador assalariado com uma carga horária diária pré definida. Também era comum a libertação de crianças e a promessa de educá-las e criá-las por partes do senhores.
O momento histórico que registra a emissão de cartas de alforria gratuitas é importante porque mostra uma mudança de mentalidade na “alta sociedade” da época. Bibliografia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alforria http://blog.uncovering.org/archives/2008/05/cartas_de_alforria_2http://www.ccs.saude.gov.br/memoria%20da%20loucura/Mostra/docAlforria GRANDES ABOLICIONISTAS Na luta contra a escravidão, algumas pessoas se destacam por sua dedicação à causa.
Vamos conhecer alguns destes homens que ficaram conhecidos como abolicionistas? Joaquim Nabuco Nascido no Recife, Pernambuco, em 19 de agosto de 1849, Joaquim Nabuco desde cedo conviveu com a dura realidade dos escravos. Na infância, o menino de família aristocrata se alfabetizara junto com os filhos dos escravos numa escolinha construída pela madrinha.
Estudou Direito em São Paulo e Recife, escreveu poemas, era um patriota. Foi colega de Castro Alves e de Rui Barbosa. O tema da escravidão estava presente em sua obra literária desde seu primeiro trabalho, nunca publicado, chamado “A escravidão”. Porém, teve sucesso quando, em 1883, publicou “O Abolicionismo”, durante período em que esteve em Londres.
Quando retornou ao Brasil, seguiu carreira política. Foi um grande parlamentar, um excelente orador. Fez uso de seu reconhecido talento público para lutar pela causa abolicionista, junto com José do Patrocínio, Joaquim Serra e André Rebouças.
- É interessante observar que Nabuco era a favor da monarquia e ainda assim serviu fielmente à República como diplomata em Londres e Washington, após o fim do Império.
- Joaquim Nabuco afirmava que a escravidão no Brasil era “a causa de todos os vícios políticos e fraquezas sociais; um obstáculo invencível ao seu progresso; a ruína das suas finanças, a esterilização do seu território; a inutilização para o trabalho de milhões de braços livres; a manutenção do povo em estado de absoluta e servil dependência para com os poucos proprietários de homens que repartem entre si o solo produtivo”.
- Morreu em Washington, no ano de 1910.
Rui Barbosa Rui Barbosa nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de novembro de 1849. Incansável, exerceu as mais variadas atividades profissionais. Foi advogado, jurista, jornalista, ensaísta, orador, diplomata, deputado, senador, ministro e candidato a Presidente da República duas vezes.
Sua participação na luta contra a escravidão foi uma das manifestações de seu amor ao princípio da liberdade – todo tipo de liberdade. Assim como Joaquim Nabuco, estudou Direito em Recife e em São Paulo, mas foi no Rio de Janeiro que Rui Barbosa abraçou a causa da abolição. Contudo, a defesa da liberdade também levou-o a ser exilado, em 1893, quando discordara do golpe que levou Floriano Peixoto ao poder e, por isto, pedira a libertação de presos políticos daquele governo ditatorial.
Destaca-se em sua biografia sua passagem como presidente da Academia Brasileira de Letras, substituindo Machado de Assis, e o grande prestígio de ser eleito Juiz da Corte Internacional de Haia. Morreu em 1923. José do Patrocínio Natural de Campos, no Rio de Janeiro, José do Patrocínio nasceu em 8 de outubro de 1854. Era filho de pai branco, padre, e mãe negra, escrava. Freqüentou a Faculdade de Medicina e se formou aos 20 anos de idade, mas sua principal atuação foi como jornalista.
Começou na Gazeta de Notícias, em 1875, e quatro anos depois juntou-se a Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, Teodoro Sampaio, entre outros, na campanha pela abolição do regime escravocrata. Em 1881, tornou-se proprietário de um jornal, a Gazeta da Tarde, e fundou a Confederação Abolicionista, para a qual elaborou um manifesto junto com André Rebouças e Aristides Lobo.
Assim como Rui Barbosa, foi contra o governo de Floriano Peixoto, o que o obrigou a ser desterrado e tirou de circulação seu jornal, o Cidade do Rio, fundado em 1887. Com isto, afastou-se da vida política e terminou por falecer no Rio de Janeiro, em 30 de janeiro de 1905. André Rebouças, nascido em 1838, era filho de escravos. Estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro e se formou em Engenharia na Europa. Foi professor da Escola Politécnica, e durante toda sua vida preocupou-se com a realidade brasileira. O problema dos escravos, naturalmente, não lhe passou despercebido. Tal como José do Patrocínio, Luís Gama foi filho de uma miscigenação de cores. Seu pai era branco, de rica família da Bahia, e sua mãe era uma africana rebelde. Contudo, um episódio trágico faria com que se afastasse da mãe, exilada por motivos políticos, e fosse vendido como escravo pelo próprio pai, vendo-se à beira da falência.
Assim, viveu na própria pele o cotidiano de um escravo. Foi para o Rio e depois São Paulo. Aprendeu a ler com ajuda de um estudante, no lugar onde trabalhava como servente, mas logo fugiu – pois sabia que sua situação era ilegal, já que era filho de mãe livre Daí trabalhou na milícia, em jornais, escrevendo poesia e como advogado, até conhecer Rui Barbosa, Castro Alves e Joaquim Nabuco, com quem se uniria para lutar pelo fim da escravidão.
Fez do exercício da advocacia uma oportunidade para defender e libertar escravos ilegais. Antônio Bento era um abolicionista de família rica de São Paulo. Foi advogado, Promotor Público e depois Juiz de Direito. Seus métodos não-ortodoxos, intransigentes e revolucionários para libertação dos negros o tornaram famoso. Promovia, juntamente com os membros da Ordem dos Caifazes (considerada subversiva na época), proteção a escravos que fugiam e incentivava a evasão dos negros das grandes fazendas. CASTRO ALVES Antônio Frederico de Castro Alves nasceu em 14 de março de 1847, na fazenda Cabaceiras, a poucas léguas de Curralinho, no estado da Bahia. Em 1854, foi estudar na capital, Salvador. Aos dezesseis anos, mudou-se para o Recife, no estado de Pernambuco, com o objetivo de se preparar para entrar no curso de Direito.
Foi reprovado em sua primeira tentativa, já que não havia dado muita atenção aos estudos, mas obteve sucesso no ano seguinte, em 1864, quando se matriculou na Faculdade de Direito do Recife. Já em 1862 havia publicado um poema, “A destruição de Jerusalém”?, no Jornal do Recife. A este se seguiram “Pesadelo”?, “Meu segredo” (inspirado pela atriz Eugênia Câmara), “O Africano”? (seus primeiros versos abolicionistas) e outros.
O amadurecimento poético de Castro Alves pode ser percebido a partir de 1864, quando escreveu “Mocidade e Morte”, publicado com algumas modificações quatro anos depois, em São Paulo, onde foi morar com Maria Eugênia. Antes disto, o poeta intercalou períodos entre o Recife e a Bahia e escreveu o drama “Gonzaga”, que estreou com sucesso em 1867.
Viajou para o Rio de Janeiro no ano seguinte e travou conhecimento com José de Alencar e Machado de Assis, que leram “Gonzaga”. Já em São Paulo, em 1868, obteve sucesso declamando a “Ode ao Dous de Julho” e o “Navio Negreiro”. É importante lembrar da participação de Castro Alves na fundação de uma sociedade abolicionista, juntamente com Rui Barbosa, Plínio de Lima e outros, ainda quando morava no Recife, em 1865.
Castro Alves continua seus estudos de Direito em São Paulo. Contudo, em 1869, um disparo acidental numa caçada fere seu pé e a partir de então sua saúde fica debilitada, agravada por um enfraquecimento pulmonar. O poeta vai para o Rio de Janeiro, onde amputa o pé esquerdo, e no ano seguinte segue para a Bahia e lança “Espumas Flutuantes”.
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Estes povos trouxeram consigo para o continente americano seus costumes, crenças, línguas (hoje de uso litúrgico como o yorubá, o bakongo e o kimbundo), léxicos incorporados no nosso falar (línguas bantos), danças, ritmos, instrumentos musicais, culinária bem como seus deuses e seus ritos de culto.
- Mesmo dispersos no território brasileiro e, por vezes misturados para não se rebelarem (fazendo jus ao ditado “dividir para reinar”), retiveram uma parte de sua cultura original para conservar sua identidade de grupo dominado.
- Por vezes, esta identidade constituiu mesmo um fator importante para resistir à escravidão.
É o exemplo dos quilombos que existiram no Brasil-colônia dos quais o mais célebre foi o Palmares comandado por Zumbi. O Quilombo era uma instituição política dos guerreiros jagas ou yagas da Angola, termo que designava tanto a casa sagrada onde se realizavam as cerimônias de iniciação, como o campo de guerra e mais tarde o acampamento de escravos fugidos.
Algumas formas de organização permaneceram ou pelo menos conservaram uma certa identidade com as suas raízes culturais africanas. É o caso das religiões denominadas afro-brasileiras como o candomblé nagô, angola-congo, mina-jeje, ritos diversos do que se convencionou chamar de “nações” conforme suas origens étnicas na África.
Por vezes, sincretizaram com outras religiões como a umbanda. Mesmo quando grupos de escravos se converteram ao catolicismo e adotaram rituais de devoção a santos padroeiros e protetores de negros como São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora do Rosário, como nas congadas, moçambiques ou cabindas, mantiveram danças, ritmos, tambores e outros símbolos e mesmo uma certa dimensão do culto aos ancestrais.
- É realmente inegável a herança cultural africana em nossa gente e essa influência não pode ser entendida se não voltarmos às origens, isto é, à história africana, desde os seus primórdios.
- Hoje é perceptível um ar de reparação a uma injustiça: desta forma se estará “resgatando” nossa herança e identidade africana, tão longamente escamoteada por uma historiografia etnocêntrica que resumia a figura do africano a um escravo submisso amarrado no tronco.
A África possui um verdadeiro significado simbólico para as multidões de afro-descendentes residentes nas antigas colônias. Essa indivíduos, via de regra, nunca puseram os pés em solo africano, mas vêem o Brasil como a matriz de um vasto patrimônio cultural brasileiro herdado das várias etnias africanas que para cá foram trazidas.
Tal patrimônio engloba a língua, a música, os instrumentos, a dança, os utensílios, o artesanato o misticismo, a idumentária, os rituais, a culinária, o folclore, as festas, os folguedos, a linguagem corporal, a oralidade e a maneira de viver – herança chamada de “africanidade”, que deu ao Brasil um colorido todo especial, com raízes africanas.
Este imaginário comum nas suas origens são aspectos de uma história cultural a ser preservada, valorizada e conhecida pelo presente.
Quem teve mais escravos Brasil ou Estados Unidos?
O Brasil recebeu um volume muito maior de africanos escravizados, aproximadamente 5 milhões, ante cerca de 250 mil desembarcados nas 13 colônias que formariam os EUA, conforme a plataforma Slave Voyages, um grande banco de dados mantido por pesquisadores da Universidade de Emory, nos EUA.
Porque o Brasil se tornou o maior comprador de escravos?
As grandes riquezas, as pessoas mais ricas do Brasil no final do século 18 não eram senhores de engenho, barões do café, já não eram mais os mineradores de ouro e diamante, mas sim eram os traficantes de escravos. A compra e venda de pessoas se tornou o maior negócio do Brasil e do mundo nessa época.
Quantos negros foram traficados para o Brasil
Crueldade histórica: 60% dos negros traficados para o Brasil eram crianças Dado é referente aos últimos 15 anos do período escravocrata no Brasil; estima-se que mais de 5 milhões de pessoas negras tenham sido trazidas para o país para serem escravizadas A escravidão foi adotada no Brasil desde o período colonial até pouco antes do final do Império. O período é marcado principalmente pela exploração da mão de obra de negros trazidos da África e transformados em escravos no Brasil pelos europeus colonizadores do país.
No total, chegaram a transportar cerca de 5,8 milhões de escravizados, ficando em primeiro lugar em número de pessoas trazidas para serem comercializadas nas Américas.Em segundo lugar, estão os barcos do Reino Unido, com 3,3 milhões de escravizados, especialmente com destino à Jamaica.As informações são do que mostra dados sobre a escravidão, principalmente nas Américas.
Os números mostram que houve um forte aumento na quantidade de escravos crianças, perto do fim do período da escravidão. Nos 200 anos anteriores a 1841, por exemplo, a proporção de crianças nos navios negreiros foi de 7,6%. Nos últimos 15 anos deste período, o índice saltou para 59,5%.
No período ilegal do tráfico (a partir de 1831), era mais fácil para o traficante deslocar uma grande quantidade de escravos de uma região para outra se fossem crianças, já que havia entre elas menor resistência à escravidão”, explica o historiador Daniel da Silva. A estimativa atual aponta que 45% dos escravos em direção à América vinham para o Brasil.
Isso significa 5,5 milhões de negros trazidos à força para o país. Segundo os cálculos, 12% deles não desembarcaram no país. Mais de 660 mil morreram antes do fim da viagem. Fonte: : Crueldade histórica: 60% dos negros traficados para o Brasil eram crianças
Qual país mais teve escravos no mundo?
Há 30 milhões de escravos no mundo; Ásia e África lideram ranking LONDRES, 16 Out 2013 (AFP) – Pelo menos 29,8 milhões de pessoas vivem como escravos em todo o mundo, com pelo menos metade delas na Índia – revela o novo Índice Mundial de Escravidão, publicado em Londres pela ONG australiana Walk Free Foundation.
- A Índia é, de longe, o país com o número mais alto de escravos – quase 14 milhões -, mas o lugar onde o problema é proporcionalmente mais grave é a Mauritânia.
- Nesse país do norte da África, 4% de sua população vive em regime de escravidão – segundo a Walk Free Foundation (WFF).
- O primeiro país latino-americano no ranking é o Haiti, que aparece em segundo lugar, atrás da Mauritânia.
Também aparecem na lista Peru (65º), Suriname (68º), Equador (69º) e Uruguai (72º). ‘Os países da bacia do Caribe mostram um risco menor de escravidão (.) o Haiti, de qualquer maneira, é um caso especial na região’ por culpa ‘de uma história de mau governo, um forte legado de escravidão e de exploração’, explica o relatório que acompanha o índice.
Entre os 20 países com a pior posição, 14 são africanos, embora 75% dos escravos vivam na Ásia.A WFF espera que o índice anual ajude os governos a vigiar e controlar o problema.’Surpreende muita gente ouvir que a escravidão ainda existe’, disse à AFP o diretor da organização, Nick Grono, acrescentando que ‘a escravidão moderna reflete todas as características da antiga’.
‘As pessoas são controladas pela violência. São enganadas, ou forçadas a trabalhar, ou são colocadas em uma situação em que estão sendo economicamente exploradas’ e ‘não são livres para ir embora’, explicou. A definição de escravidão usada como base para o relatória inclui não apenas a tradicional, mas também práticas similares, como casamentos forçados, venda, ou exploração infantil.
Qual continente era proveniente a maior parte dos escravos?
Desembarque estimado de escravos africanos no Brasil, por procedência regional – períodos de 1701-1710 a 1801-1810 – graf_config = };
Períodos | Total | Costa do Marfim | Angola |
---|---|---|---|
1701-1710 | 153700 | 83700 | 70000 |
1711-1720 | 139000 | 83700 | 55300 |
1721-1730 | 146300 | 79200 | 67100 |
1731-1740 | 166100 | 56800 | 109300 |
1741-1750 | 185100 | 55000 | 130100 |
1751-1760 | 169400 | 45900 | 123500 |
1761-1770 | 164600 | 38700 | 125900 |
1771-1780 | 161300 | 29800 | 131500 |
1781-1790 | 178100 | 24200 | 153900 |
1791-1800 | 221600 | 53600 | 16800 |
1801-1810 | 206200 | 54900 | 151300 |
Total | 1891400 | 605500 | 1285900 |
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRFIA E ESTATÍSTICA. Brasil : 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: 2000. Chefes políticos e mercadores da África Centro-Ocidental (hoje região ocupada por Angola), forneceram a maior parte dos escravos utilizados em toda a América portuguesa.
- No século XVIII, o comércio do Rio de Janeiro, Recife e São Paulo era suprido por escravos que vinham da costa leste africana (oceano Índico), particularmente Moçambique.
- No comércio baiano, a partir de meados do século XVII, e até o fim do tráfico, os escravos eram oriundos da região do Golfo de Benin O Golfo de Benin compreende o litoral que vai da Costa do Marfim até a Nigéria.
(sudoeste da atual Nigéria).
Como os reinos negros conseguiam mais escravos?
A maior fonte de escravos sempre foram as guerras, com os prisioneiros sendo postos a trabalhar ou sendo vendidos pelos vencedores.
É verdade que Zumbi dos Palmares tinha escravos?
Zumbi dos Palmares não tinha escravos : o Anacronismo de Narloch.
Por que os negros africanos eram escravizados
O trabalho do negro substituiu o do indígena por várias razões – Uma dessas razões, por exemplo, foi por ser a mão-de-obra negra mais qualificada do que a indígena. Outra forte razão, foram os altos lucros que o tráfico de escravos africanos rendia para os comerciantes. O tráfico era, sem dúvida, uma das atividades mais lucrativas do sistema colonial. Jean Baptiste Debret Nasceu em Paris, em 18 de abril de 1768. Após terminar os estudos, Debret resolveu se dedicar à pintura. Depois de uma viagem à Itália, ingressou na Academia de Belas Artes, em 1785. Frequentou mais tarde a Escola Politécnica, organizada para formar engenheiros militares, onde se distinguiu em desenho.
- Em 1816, organizou-se em Paris, a pedido de D.
- João VI, a “Missão Artística Francesa”, destinada a fundar, no Brasil, uma Academia de Belas Artes.
- Debret nela se engajou, tendo aqui permanecido 15 anos.
- De volta à Franca, publicou em 1834 e 1839, o livro “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, em 3 volumes, que não foi bem recebido no Brasil: os membros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro julgaram “chocante que se pintassem costumes de escravos e cenas da vida popular com tanto realismo”.
É justamente isso, no entanto, que torna o livro um documento de grande valor para o conhecimento dos usos e costumes da época em que permaneceu no Brasil. A partir da segunda metade do século XVI, os africanos foram pouco a pouco substituindo os índios também nos partidos de cana.
declínio da população nativa; sua inexperiência e resistência ao trabalho contínuo na lavoura; o interesse português no tráfico de escravos africanos, tendo em vista a sua lucratividade.
Como era a vida dos escravos no cativeiro
O cativo podia realizar as mesmas tarefas e ter um dia a dia praticamente idêntico ao de seu senhor, inclusive se alimentando da mesma forma e participando do cotidiano da religião, com restrições apenas de status social, o que muitas vezes não fazia qualquer diferença.
Qual é a origem do povo africano?
Migração que originou povos e idiomas da África começou há 5.000 anos, diz estudo A migração pré-histórica que deu origem a boa parte dos povos da, incluindo a maioria dos ancestrais dos brasileiros negros, começou há cerca de 5.000 anos e seguiu uma rota por dentro das florestas tropicais do centro do continente, afirma um novo estudo. Dançarinos angolanos durante a cerimônia de abertura da Copa Africana das Nações, em Luanda (Angola), em 2010. Angola é uma das nações de origem banto – Amr Abdallah Dalsh – 2.dez.10/Reuters Levando isso em consideração, é natural supor que os idiomas bantos descendem de um ancestral comum que foi se espalhando pelo continente africano milênios atrás.
- Os dados arqueológicos e de DNA sugerem que essa expansão provavelmente está associada às grandes capacidades agrícolas e tecnológicas dos falantes desse grupo de línguas no passado.
- Os bantos parecem ter dominado a metalurgia do ferro por conta própria, por exemplo.
- Além disso, desenvolveram métodos eficientes de agricultura tropical, cultivando tubérculos, como o inhame, e grãos, como o milhete e o painço.
A ideia é que esse pacote agrícola-tecnológico tenha ajudado esses grupos a colonizar novas regiões com mais eficiência, desalojando outros povos ou então se misturando com eles. A questão, porém, é como e quando a jornada teria acontecido, e esse é o tema do novo estudo, coordenado por Ezequiel Koile, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionista, na,
- Junto com colegas da, dos e da, Koile desenvolveu uma série de métodos estatísticos para tentar estimar como as línguas do grupo banto foram se diversificando com o passar do tempo, levando em conta as transformações na forma das palavras que elas compartilham entre si.
- Uma das dúvidas, levando em conta tanto os dados linguísticos quanto os arqueológicos e genéticos, é se os bantos teriam precisado “esperar” um momento relativamente mais seco do sistema climático africano, por volta de 2.500 anos atrás, para se expandir muito além de seu lar original, que provavelmente ficava em Camarões.
Essa proposta surgiu porque os principais cultivos desses povos na época eram mais apropriados para regiões de savana, mais secas e com vegetação mais aberta. No entanto, antes de 2.500 anos atrás, estima-se que a faixa central do continente africano, ainda hoje a que abriga as florestas tropicais e equatoriais mais úmidas e densas, era bem mais extensa e contínua.
Para alguns especialistas, isso teria barrado a expansão dos bantos até o momento em que a diminuição das chuvas levou à abertura de um “corredor” de vegetação aberta do vale do rio Sangha (afluente do rio Congo). Outra possibilidade é que, em vez de seguir por esse corredor, os bantos teriam adotado uma rota costeira, passando por locais do litoral do Atlântico em que também havia vegetação menos densa.
A grande análise linguística coordenada por Koile, porém, indica que a separação entre os principais ramos da família de idiomas bantos aconteceu muito antes da abertura do corredor de savana, além de também não bater com a rota pelo litoral. A estimativa deles é que a expansão desses povos já teria alcançado as florestas tropicais da África Central por volta de 4.500 anos atrás, bem antes da transformação dessas matas trazida pela seca. Membros da nação Bamasaba, de origem banto, dançam em cerimônia de circuncisão em Uganda – Hudson Apunyo – 3.ago.12/Reuters A ideia, portanto, é que os bantos teriam conseguido usar estratégias diversificadas para ocupar as florestas, seja escolhendo áreas de vegetação um pouco menos densa para plantar, aproveitando as margens dos rios ou complementando sua subsistência agrícola com a caça e a coleta.
- Seriam métodos não muito diferentes das populações de agricultores indígenas que ocupavam a mais ou menos na mesma época.
- Os resultados desse processo também deixaram marcas importantes no DNA, na cultura e na língua dos brasileiros.
- Acontece que sete em cada dez dos africanos escravizados mandados para cá ao longo de três séculos vieram de Angola e do Congo, regiões com população de bantos.
Palavras muito comuns do português falado no Brasil, como “moleque” e “camundongo”, derivam dos idiomas dessa família. desta semana da revista especializada PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos EUA. : Migração que originou povos e idiomas da África começou há 5.000 anos, diz estudo
Quais foram os primeiros escravos no Brasil?
A escravidão no Brasil foi implantada no início do século XVI. Em 1535 chegou a Salvador (BA), o primeiro navio com negros escravizados. Este ano é o marco do início da escravidão no Brasil que só terminaria 353 anos depois em 13 de maio de 1888, com a Lei Áurea.
Quem escravizou os escravos no Brasil
Os portugueses, brasileiros e, mais tarde, os holandeses, traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão de obra escrava nos engenhos de cana-de-açúcar do Nordeste.
Qual é a origem dos negros?
‘Afro-brasileiros do Nordeste têm ancestralidade tanto do Congo quanto da região da Nigéria. No Sudeste, afro-brasileiros têm ancestralidade sobretudo congolesa ‘, afirmou, também por e-mail, a pesquisadora Sandra Beleza, da Universidade de Leicester.