Em uma trajetória literária excepcional, o escritor baiano Itamar Vieira Jr., aos 44 anos, consolida-se como o autor mais lido do Brasil há cinco anos consecutivos. Sua obra destaca-se por abordar temas que transcendem as fronteiras da identidade nacional, capturando elementos universais da essência humana. Surpreendendo a todos, durante a pandemia, Vieira Jr. alcançou uma notável marca ao vender mais de 1 milhão de cópias de seu romance “Torto”. Este feito expressivo não apenas confirma sua popularidade, mas também ressalta o impacto singular de suas palavras na imaginação e no coração dos leitores.
Enquanto suas obras continuam a encantar as prateleiras das livrarias, Itamar Vieira Jr. concentra-se na conclusão da última obra de sua renomada trilogia, já consagrada como best-seller e traduzida até para o mandarim. Sua agenda movimentada inclui a conciliação entre a escrita e a participação em eventos literários ao redor do mundo.
O autor compartilha a surpreendente receptividade de seu romance “Torto Arado”, especialmente entre o público jovem, destacando a expressividade de leitores que o descobrem por meio de plataformas como o TikTok. Além disso, a inclusão da obra no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) amplifica sua influência, gerando mensagens e iniciativas criativas de estudantes, desde apresentações teatrais até leituras coletivas.
Vieira Jr. celebra a espontaneidade com que a história surgiu, ressaltando a importância dos leitores que se identificam com ela. Essa relação de afeto evidencia interesses comuns, fortalecendo o vínculo entre autor e leitores. Ele destaca ainda a relevância das feiras literárias, como a Bienal do Rio, para promover a leitura e conectar autores ao vasto mercado livreiro.
Itamar Vieira Jr. destaca o papel transformador de encontros literários promovidos por cidades do interior, mesmo aquelas desprovidas de livrarias. Essa iniciativa desmistifica o mito de que o brasileiro lê pouco, evidenciando a importância de oportunidades para o contato com a literatura.
O autor compartilha a surpresa ao perceber que, enquanto escrevia “Torto Arado”, não imaginava que haveria leitores no Brasil com uma identidade nacional capaz de se conectar com sua narrativa. No entanto, os feedbacks revelaram que a obra ressoa como parte da história do país para muitos leitores brasileiros. Ao tentar explicar a trama para o público estrangeiro, Vieira Jr. destaca a dificuldade, pois a narrativa é intrinsecamente ligada à vida brasileira.
Apesar disso, o romance transcende fronteiras ao abordar temas universais, como o desejo de liberdade, afeto e dignidade, ressoando com a condição humana em qualquer cultura ou país. Essa abordagem demonstra como a literatura pode ser um poderoso meio de conexão e compreensão entre diferentes experiências e perspectivas.
Itamar Vieira Jr. revela o intricado processo criativo por trás de suas obras, descrevendo dois momentos distintos. No primeiro, ele mergulha em um plano imaginativo, conhecendo profundamente os personagens e vivenciando a história em sua própria vida interior. Esse momento de imersão proporciona uma compreensão inicial dos meandros da trama. Já no segundo momento, ao sentar-se para escrever, Vieira Jr. experimenta a surpresa de ver a história se revelar ao longo do processo de escrita, mesmo que acredite já conhecê-la.
O autor expressa sua profunda admiração pela literatura brasileira, destacando figuras icônicas como Machado de Assis, Jorge Amado, Lima Barreto, Clarice Lispector e Graciliano Ramos. Esses autores, cujas obras marcaram a literatura nacional, inspiram Vieira Jr. em sua própria jornada literária, evidenciando a riqueza e a diversidade do cenário literário brasileiro.
Itamar Vieira Jr. lança um olhar crítico sobre o cenário literário brasileiro, apontando para a predominância de uma construção colonial e eurocêntrica na crítica literária do país. Ele observa que os críticos brasileiros frequentemente agem como se estivessem à espera do surgimento de um James Joyce ou de um Marcel Proust, padrões estabelecidos pela tradição europeia.
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Vieira Jr. destaca a necessidade urgente de reconhecer outras formas de narrativa e ontologias além das europeias, como as oriundas da diáspora africana e das culturas indígenas. Ele critica a falta de representatividade em prêmios literários internacionais, como o Prêmio Nobel, ressaltando a escassez de reconhecimento concedido a escritores de outros continentes.
O autor enfatiza a importância da descolonização não apenas na produção literária, mas também na crítica acadêmica, instigando uma reflexão sobre as tradições literárias globais e a necessidade de abraçar uma perspectiva mais diversificada e inclusiva nas universidades brasileiras.
Vieira Jr. aborda a questão do racismo, destacando que casos com grande apelo midiático representam apenas uma fração visível do problema. Ele ressalta que a discriminação racial não se limita às situações explícitas, havendo uma parte significativa que permanece sutil e submersa na sociedade. Identificar e compreender esses aspectos é crucial para desmantelar valores prejudiciais e promover uma verdadeira desconstrução dessas questões.
O autor enfatiza a importância de se educar sobre o impacto do racismo, questionando valores que determinam o valor de uma vida em detrimento de outra e avaliando o que é considerado importante na arte. Esses casos, segundo Vieira Jr., servem como oportunidade para um projeto humano de aprendizado coletivo, destacando a necessidade de reconhecer a humanidade em todos nós.
Da redação Ponto Salvador