Podemos distribuir novos dividendos extraordinários ao fim de 2024, disse o CEO do Itaú (ITUB4), Milton Maluhy Filho em entrevista coletiva nesta terça-feira (6). O banco encerrou o ano de 2023 com um pagamento de R$ 21,5 bilhões em dividendos, cerca de 60,3% do lucro de líquido de R$ 35,6 bilhões no período.
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Durante a coletiva, Maluhy comentou que a empresa passou um período, desde o inicio da pandemia, com uma política de dividendos próximo dos mínimos, que é de 30%. “Ao longo de 2023, houve uma sinalização de normalização dos indicadores e tivemos uma excesso de capital. Sempre que isso acontecer, vamos distribuir mais dividendos para os investidores. Esse não é um pagamento de dividendo isolado, mas sim uma política de longo prazo do banco”, afirmou.
O Itaú reportou um lucro líquido de R$ 9,4 bilhões no quarto trimestre do 2023, uma alta de 4% na comparação com o terceiro trimestre de 2023. No acumulado do ano, o lucro foi de R$ 35,6 bilhões, alta de 15,7% na comparação com o ano anterior.
A rentabilidade, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 21,2%, ante 21,2% no trimestre anterior. A inadimplência acima de 90 dias, principal fantasma dos bancos em 2023, teve uma redução de 0,2 ponto percentual na base trimestral, indo de 3% para 2,8%.
Vale a pena investir no Itaú?
Para Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, o banco deve manter a tendência de resultados positivos ao longo dos próximos anos, o que deve favorecer os investidores que almejam ganhos de capital investido. Ele também vê a sinalização do CEO como positiva para o investidor.
“Vemos como positiva a sinalização de um nível elevado de proventos diante do desempenho forte do banco dos últimos anos. Nesse sentido, acreditamos que o investimento em Itaú Unibanco seria positivo também com o objetivo de ganhos em remuneração ao acionista, ou mesmo através de investimento pela Itaúsa”, afirmou.
O analista tem recomendação de compra para o papel com preço-alvo de R$ 38,00, uma alta de 13,9% na comparação com o fechamento de segunda-feira (05).
Já Milton Rabelo analista da VG Research comenta que há opções mais interessantes no mercado bancário como o Banco do Brasil, que paga mais dividendos no preço atual. “As distribuições extras, como a que foi divulgada recentemente, dependem da ocorrência ou não do excesso de capital. Portanto, não dá para contar com isso com muita certeza”, afirma Rabelo.
No entanto, ele pondera que o papel ainda não está caro e que vale a pena entrar no ativo. “É interessante ponderar que as ações do Itaú não estão caras: a maior parte dos múltiplos negociam próximos da média histórica e o banco tem apresentado uma dinâmica de resultados muito positiva desde a ascensão de Milton Maluhy ao cargo de CEO da instituição”, afirma Rabelo.
XP e BTG recomendam compra para o Itaú
Para os analistas do BTG Pactual, o trimestre foi mais forte, principalmente quando comparado com os pares privados, como Santander e Bradesco. “Gostamos do salto no ROE do braço de varejo do Itaú nos últimos dois trimestres, o que deverá aliviar as preocupações sobre o impacto potencial do esperado normalização na divisão de atacado”, comenta Eduardo Rosman e sua equipe.
Eles ressaltam que o ativo não está tão atrativo para ganhos com a valorização do papel no mercado por causa da alta recente de 40%. Ainda assim, o papel é um dos mais atrativos do setor.
“Temos preferência pelo Itaú e BB em detrimento do Bradesco e Santander. Embora ultimamente tenhamos ficado um pouco mais otimistas em relação à avaliação do BB, não temos dúvidas de que o banco brasileiro histórico (de varejo) que merece negociar a um prêmio continua sendo o Itaú”, detalham os analistas do BTG.
O banco mantém sua recomendação de compra para o Itaú com preço-alvo de R$ 36, alta de 7,9% em relação ao fechamento de segunda. Para 2024, o BTG estima que o Itaú terá um retorno em dividendos sobre o valor da ação (dividend yield) de 7%.
A XP Investimentos também recomenda compra para o Itaú com preço-alvo de R$ 36 para o fim de 2024. A corretora tem o papel do Itaú como o seu favorito para o setor bancário por causa dos “resultados sólidos ” que o banco vem apresentando. O único ponto que causou uma pequena estranheza para os analistas foram as projeções para 2024 (guidance).
“O banco divulgou seu guidance anual, que não trouxe surpresas significativas, mas pareceu um pouco cauteloso em relação ao crescimento do portfólio no próximo ciclo”, argumenta Bernardo Guttmann e sua equipe.