Após anunciar a distribuição de R$ 11 bilhões em dividendos extraordinários no próximo mês de março e fechar 2023 com pagamento (percentual do resultado distribuído como provento) de 60%, o Itaú (ITUB4) acredita que vai ser possível continuar remunerando o acionista com os resultados de 2024.
“No ano de 2024, a gente sentindo que gerou capital e não houve consumo; assim, faremos as distribuições dos excessos, na medida do possível. A gente sempre vai olhar perspectiva de crescimento de carteira e oportunidade”, disse Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, em coletiva de imprensa sobre os resultados da instituição financeira no quarto trimestre de 2023 e no ano cheio.
“É bem possível, que com esse nível de rentabilidade que a gente imagina no orientaçãoque tenha de novo dividendos extraordinários no ano que vem”. No entanto, o executivo explica que a distribuição depende de uma série de fatores.
“A gente nunca olha a visão da fotografia. Levamos em consideração incertezas, eventos que podem surgir”, complementou, citando revisão de Basileias que podem ter impactos positivos ou negativos.
“Havendo uma reforma tributária, qualquer mudança para baixo na alíquota corporativa do imposto, teremos que fazer uma valorização dos nossos créditos tributários à nova alíquota”, explica o CEO. “Tem que fazer um impairment e tem um impacto no capital”.
Crescimento de carteira
Nas projeções para 2024, divulgadas junto com os resultados, o banco prevê um crescimento de carteira entre 6,5% e 9,5%.
“Se olhar no ponto médio do nosso orientação estamos falando de um crescimento de 8%, que a gente acredita ser capaz de atingir. (…) A nossa visão é de que há espaço para continuar crescendo a carteira”, disse. O executivo afirma que o banco poderá crescer com mais ênfase em pessoa física, caso perceba menor comprometimento de renda do cliente, recuperação do emprego e da atividade econômica.
Em um cenário de juros em trajetória de queda dos juros, o que via de regra reduz a rentabilidade das carteiras, Maluhy diz que o “apetite de risco do banco é vivo”. O Itaú prevê crescimento acima de dois dígitos no segmento que tem principalidade e maior engajamento – em outros segmentos, poderá crescer menos.
“O banco vai tomar o risco adequado, sempre com uma visão de longo prazo. Pode-se até gerar resultado no curto prazo, mas isso não é relevante. O nosso custo de crédito nominal está caindo em relação a 2023, o que mostra que vamos crescer carteira, a margem e o custo do crédito vai cair. Então a margem financeira líquida segue em expansão e isso é super positivo”.
A questão da taxa de juros, observa Maluhy, tem dois aspectos: por um lado, permite que as empresas que tinham restringido investimentos, retomem o gasoduto de projetos, e por outro, promove uma reabertura do mercado de capitais.
“Uma parte importante das companhias tende a acessar o mercado de capitais. Em havendo momentos mais difíceis, o balanço do banco será utilizado para apoiar nossos clientes nesses projetos, os que não conseguem acessar o mercado”.
Trajetória da inadimplência
De acordo com Maluhy, o Itaú espera por leve redução da inadimplência em 2024, mas ainda bem próximo dos patamares atuais. “A gente espera uma leve redução ao longo do ano, talvez uns 20 pontos-base ao longo do ciclo”. O executivo observa que o crescimento de carteira do banco, denominador do cálculo do índice de inadimplência, é inferior ao do período pré-pandemia.
“A gente vem fazendo uma gestão ativa e disciplinada da gestão de risco”, afirmou. “A gente vê um ciclo de normalização mais claro no crédito da pessoa física. Mostra que isso é uma tendência, esse patamar de risco que estamos hoje.”
Maluhy também destacou a qualidade das novas safras de crédito e a redução na carteira de renegociação. “Fizemos a renegociações necessárias e adequadas. Não usamos o instrumento para gerir o indicador”.
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