Uma Reviravolta na Justiça Australiana: Evidências Científicas Libertam Kathleen Folbigg
Após mais de duas décadas de reclusão, Kathleen Folbigg, uma mãe que foi condenada por matar seus quatro filhos, teve suas condenações recentemente anuladas. A decisão do Tribunal de Apelação Criminal de Nova Gales do Sul baseou-se em evidências científicas que sugerem que as mortes das crianças foram resultado de doenças genéticas raras, não de homicídio ou homicídio culposo.

O Caso e a Revolta Científica
Kathleen Folbigg foi rotulada pelos tabloides como “a pior assassina em série feminina da Austrália”. Em 2003, ela foi condenada a 40 anos de prisão por supostamente assassinar três de seus filhos e cometer homicídio culposo do quarto. No entanto, em 2019, o caso tomou um rumo inesperado com a descoberta de uma mutação genética rara no gene CALM2.
Os genomas dos filhos falecidos de Folbigg foram sequenciados em outubro de 2018, revelando que duas das crianças tinham a variante do gene CALM2. Essa variante estava associada à arritmia cardíaca e morte súbita cardíaca. Além disso, os dois meninos tinham outra variante genética rara no gene BSN, vinculada a ataques epilépticos letais em animais de pesquisa.
A comunidade científica mobilizou-se, pedindo que essas descobertas fossem consideradas. Em 2021, 90 cientistas e médicos de renome mundial assinaram uma petição pedindo o perdão e a libertação de Kathleen Folbigg.
A Libertação e a Busca por Compensação
Após um inquérito independente, Kathleen Folbigg foi libertada da prisão em junho deste ano, com perdão concedido. Agora, as condenações foram oficialmente anuladas.
A decisão foi elogiada pelos cientistas, mas também levantou preocupações sobre a necessidade de reformas no sistema jurídico para evitar erros judiciais semelhantes no futuro. A diretora-executiva da Academia Australiana de Ciências, Anna-Maria Arabia, enfatizou a importância de reformas legislativas para evitar futuros equívocos.
Em Busca de Justiça Financeira
A advogada de Kathleen Folbigg, Rhanee Rego, anunciou que sua cliente buscará uma indenização do estado. Embora o valor exato não tenha sido divulgado, Rego afirmou que será “maior do que qualquer pagamento substancial feito antes”. Espera-se que essa busca por compensação seja uma das maiores da história jurídica australiana.
O caso de Kathleen Folbigg não apenas destaca a importância de basear decisões judiciais em evidências científicas, mas também levanta questões sobre a responsabilidade do sistema de justiça em lidar com casos complexos e a necessidade de garantir a justiça para aqueles que foram injustamente condenados.
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