O conto narra o percurso desventuroso de um menino que cumpria a missão que Paraná, seu amigo, lhe dera sem que ninguém percebesse

O conto do menino desventuroso e a especificidade da ordem de Paraná
O conto narra a história de um menino que cumpre uma missão dada por seu amigo Paraná. O menino é instruído a entregar um embrulho sem chamar atenção para si mesmo. Ao ler o trecho “Paraná mandara-lhe não ficar observando as vitrinas, os prédios, as coisas”, pode-se formular hipóteses que explicam a especificidade da ordem de Paraná. Os indícios presentes na leitura sugerem que a ordem foi dada por Paraná por conta do menino ser negro.
Essa interpretação pode ser corroborada por diversas questões sociais que ainda afetam os meios urbanos, como a discriminação racial e a violência contra a população negra. A ordem de Paraná é uma maneira de proteger o menino dos preconceitos que ainda existem na sociedade. É importante lembrar que o Brasil é um país com uma longa história de escravidão e de discriminação racial, o que ainda afeta a vida das pessoas negras.
O uso do diminutivo em “embrulho”
Outro aspecto interessante do conto é o uso do diminutivo no substantivo “embrulho”. O diminutivo sugere uma redução do tamanho e, portanto, uma ideia de algo pequeno ou insignificante. No entanto, o fato de o embrulho ser importante o suficiente para justificar uma missão secreta e cuidadosa de entrega, sugere que a escolha do diminutivo foi uma maneira de minimizar o objeto para que ele não chamasse atenção. Isso reforça a ideia de que o menino deve passar despercebido, o que pode ser um indicativo de que a ordem de Paraná está relacionada à sua segurança.
Os problemas sociais revelados pela missão de Paraná
A missão dada por Paraná para o menino acaba por revelar alguns problemas sociais que persistem nos meios urbanos. Um deles é a violência, que pode ser dirigida especialmente contra a população negra e marginalizada. O fato de o menino precisar passar despercebido para entregar o embrulho sugere que ele não é seguro na cidade. Além disso, a ideia de que o menino não pode olhar para as vitrinas, os prédios e as coisas, pode ser uma indicação de que ele precisa estar sempre em alerta e não deve chamar a atenção para si mesmo.
Outro problema social que pode ser identificado é a desigualdade econômica e social. O menino é provavelmente pobre e marginalizado, o que o torna vulnerável a situações de violência e discriminação. A missão de Paraná pode ser uma maneira de ajudar o menino a conseguir algum dinheiro ou a protegê-lo de situações perigosas.
O erro em pegar um ônibus
No primeiro parágrafo do conto, o menino pensa em pegar um ônibus, mas rapidamente desiste da ideia “como se estivesse fazendo uma coisa errada”. Esse “erro” pode ser interpretado como o fato de o menino estar chamando atenção para si mesmo, o que pode ser perigoso em uma cidade violenta e
discriminatória como a descrita no conto. Além disso, pode ser uma indicação de que o menino não tem dinheiro para pagar o ônibus ou que não está acostumado a usá-lo. Isso reforça a ideia de que ele é marginalizado e vulnerável na cidade.
Conclusão
Em resumo, o conto do menino desventuroso revela diversos aspectos dos problemas sociais que ainda afetam os meios urbanos, como a discriminação racial, a violência e a desigualdade econômica e social. A ordem de Paraná para que o menino passasse despercebido sugere que ele está em risco na cidade e que precisa de proteção. O uso do diminutivo em “embrulho” e o erro em pegar um ônibus também reforçam essa ideia de vulnerabilidade e marginalização. O conto serve como uma reflexão sobre as condições sociais em que muitas pessoas vivem nas cidades e sobre a necessidade de proteger aqueles que são mais vulneráveis.
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