Pesquisa com 1.772 pais dos Estados Unidos mostrou que, embora tenham consciência da importância das brincadeiras para as crianças, eles desconhecem a necessidade de orientar sobre meios para estimular o raciocínio e a percepção

Brincar também faz parte da educação e do desenvolvimento infantil. No entanto, especialistas advertem que as crianças nos Estados Unidos passaram a brincar sem orientação ou com ausência de alguém para guiar. Para eles, é fundamental estimular os jogos para estímulo da cognição. Pesquisa detalhada, na revista Fronteirascom 1.172 pais norte-americanos revela que, embora reconheçam a relevância do lúdico para o bem-estar infantil, há necessidade de conscientização sobre a aprendizagem orientada pelo jogo em áreas como leitura e matemática.

Os pais ouvidos pela pesquisa têm entre 18 e 75 anos, e os filhos, de 2 a 12 anos, demonstram preferência por brincadeiras livres, considerando-as mais benéficas para a aprendizagem, seguidas por brincadeiras guiadas, jogos e instrução direta. A escolaridade e renda familiar influenciam essas percepções, com responsáveis mais instruídos e com maior renda inclinados a valorizar a brincadeira livre como método mais eficaz. Os pais de filhas meninas se mostraram mais propensos a classificar as brincadeiras livres como mais educativas do que quem tinha meninos.

Apesar do consenso atual destacar a eficácia da diversão guiada para habilidades STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), a pesquisa mostra que muitos pais não alinham suas percepções com as evidências científicas. A necessidade de educar os responsáveis sobre a importância da brincadeira orientada é enfatizada, especialmente quando se observa que o conhecimento sobre o desenvolvimento cognitivo infantil está diretamente relacionado à valorização do lúdico.

Conforme a primeira autora do trabalho, Charlotte Wright, do Laboratório de Linguagem Infantil da Universidade Temple, nos EUA, houve um avanço em relação à postura parental ao longo dos anos. “Até recentemente, as pessoas consideravam geralmente a diversão o oposto do trabalho e da aprendizagem. O que vemos no nosso estudo é que esta separação já não existe aos olhos dos pais: um desenvolvimento positivo”, reforçou, em comunicado.

Alerta

Embora deixar os pequenos livre para se divertirem seja essencial, os especialistas enfatizam a brincadeira guiada como uma abordagem mais eficaz para apoiar a aprendizagem em áreas específicas, como leitura e STEM. A autora sênior, Kathy Hirsh-Pasek, professora do Laboratório de Linguagem Infantil da Universidade Temple, na Pensilvânia, nos Estados Unidos, sublinha que é preciso ajudar os cuidadores de crianças a compreenderem a necessidade da diversão orientada.

“Para que eles possam criar oportunidades de brincadeira guiada em experiências cotidianas, como lavar roupa, passear no parque ou brincando com um quebra-cabeça. À medida que os pais passam a encarar estes momentos como momentos de aprendizagem nas brincadeiras diárias, os seus filhos prosperarão, ao mesmo tempo que se divertirão mais sendo pais”, frisou, em nota.

Segundo Lucas Benevides, psiquiatra e professor de medicina do Centro Universitário Ceub, em Brasília, esse tipo de atividade permite que as crianças explorem, experimentem e entendam o mundo ao seu redor de maneira natural e intuitiva. “Durante a brincadeira guiada, elas desenvolvem habilidades sociais, como a cooperação e a resolução de conflitos, além de habilidades cognitivas, como a solução de problemas e o pensamento criativo.”

Difícil

A brincadeira guiada pode ser feita em casa e na sala de aula e é iniciada pelo adulto, ao mesmo tempo que permite que a criança conduza a sua aprendizagem para um objetivo específico — conduzir a exploração e fazer as escolhas. Os autores deram um exemplo de cenário: “O pai de uma criança diz: Gostaria de saber se podemos construir uma torre alta com esses blocos. Ele segue então o exemplo do filho fazendo perguntas para apoiá-lo, quando necessário, como: Nossa torre continua caindo quando colocamos o bloco azul no fundo! Qual é outro bloco que poderíamos tentar?”

Andressa Maceno, psicóloga infantil do Hospital Santa Lúcia Sul, reforça que existem diversos jogos educativos facilitadores do processo de aprendizagem e que é interessante estimular a imaginação e a criatividade, com brincadeiras como contação de histórias, que utilizam desenho livre, tintas ou colagem. “Propor atividades que possam ser criadas juntas estimula a criança ao entendimento da importância do estabelecimento de regras e limites, como pedir ajuda para criar um circuito de competição em grupo. Brincadeiras que contêm com a interação de grupo, tal qual pique-esconde ou batata quente. Há também ações que estimulam a orientação espacial e do sensorial de quente e frio.”

Elias Balthazar, psicólogo, fundador e CEO da plataforma Terapia de Bolso, ressalta que a prática pode ser utilizada até mesmo na hora de chamar a atenção dos pequenos. “Pesquisar uma história clássica ou animação que mostre uma lição de moral é muito mais assertivo que dar cintadas. É importante, desenvolver amizade verdadeira com a criança, as primeiras brincadeiras podem ser mais espontâneas para ver quais são as atividades que ela mais se interessa. A diversão pode ser até na hora de fazer um bolo, dar banho no pet, fazer a jardinagem ou lavar o carro. É sempre possível se conectar com elas e ensinar uma nova visão.”

Com informações do Correio Braziliense

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Fonte: inforcia.com.br

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