Novas pesquisas destacam um potencial alvo terapêutico para distúrbios relacionados ao sistema imunológico, como esclerose múltipla e asma.
Um novo estudo esclareceu a importância da proteína STAP-1 na ativação de certas células do sistema imunológico. Compreender o papel do STAP-1 nessas células poderia dar aos pesquisadores uma melhor visão dos distúrbios relacionados ao sistema imunológico e das formas de tratá-los.
Os pesquisadores descobriram que o STAP-1 desempenha um papel importante na ativação das células T, que são glóbulos brancos que desempenham um papel crítico na defesa do corpo contra infecções e na manutenção da saúde geral. As células T são hábeis em reconhecer moléculas estranhas que desencadeiam uma resposta imune (antígenos) e em montar respostas direcionadas para eliminar patógenos, como bactérias e vírus.
O estudo, publicado em O Jornal de Imunologia, investigaram como o STAP-1 influencia a resposta imune. Os pesquisadores mostraram que ele atua como intermediário, facilitando a comunicação entre diferentes proteínas dentro das células e possibilitando a transmissão de sinais de uma molécula para outra.
“Nossas descobertas fornecem informações valiosas sobre os mecanismos moleculares subjacentes à ativação das células T e ao desenvolvimento de distúrbios imunológicos”, diz Tadashi Matsuda, pesquisador Universidade de Hokkaido professor que liderou o estudo. “Descobrimos que o STAP-1 desempenha um papel importante na regulação das respostas imunológicas, particularmente na ativação e funcionamento das células T.”
As células T precisam de dois sinais para serem ativadas e iniciar uma resposta imunológica. O primeiro sinal envolve o reconhecimento de antígenos apresentados por outras células, conhecidas como células apresentadoras de antígenos. Os antígenos são reconhecidos pelo receptor de células T, um complexo proteico encontrado na superfície das células T. O segundo sinal consiste em sinais coestimulatórios fornecidos por moléculas nas células apresentadoras de antígenos.
Os investigadores descobriram que o STAP-1 ajuda as células T a comunicar e a responder a sinais, particularmente aqueles desencadeados pelo receptor de células T. As células T sem STAP-1 tiveram problemas para receber e transmitir sinais adequadamente, reduzindo a produção de certas moléculas imunológicas chamadas citocinas. As citocinas podem causar inflamação ou doenças autoimunes, nas quais o sistema imunológico ataca erroneamente tecidos e órgãos saudáveis.
A equipe também descobriu que o STAP-1 interage com outras proteínas envolvidas na sinalização das células T, formando uma rede complexa que ajuda a regular a atividade das células T. Eles observaram que as células sem STAP-1 apresentavam menos inflamação em modelos de doenças como esclerose múltipla e asma, sugerindo que o STAP-1 pode estar envolvido no desenvolvimento destas condições.
Essas descobertas representam um passo significativo para a compreensão da regulação do sistema imunológico. Pesquisas futuras podem se basear neste trabalho, explorando o potencial do STAP-1 como alvo terapêutico para o tratamento de distúrbios relacionados ao sistema imunológico.
Referência: “Papel da proteína-1 adaptadora de transdução de sinal para ativação de células T e patogênese da desmielinização autoimune e inflamação das vias aéreas” por Kota Kagohashi, Yuto Sasaki, Kiyotaka Ozawa, Takuya Tsuchiya, Shoya Kawahara, Kodai Saitoh, Michiko Ichii, Jun Toda, Yasuyo Harada, Masato Kubo, Yuichi Kitai, Ryuta Muromoto, Kenji Oritani, Jun-ichi Kashiwakura e Tadashi Matsuda, 5 de fevereiro de 2024, O Jornal de Imunologia.
DOI: 10.4049/jimmunol.2300202
Este estudo foi apoiado pela Pharma Science Open Unit, Global Facility Center, Hokkaido University, que é financiado pelo Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do Japão (MEXT) no âmbito do Programa de Apoio à Implementação de Novo Sistema de Compartilhamento de Equipamentos.