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Qual A Área De Atuação Do Psicólogo Social?

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Quais as áreas de atuação do psicólogo social

Onde atua um Psicólogo social? O psicólogo social pode trabalhar em universidades, escolas, institutos de pesquisa, órgãos públicos, agências e departamentos de marketing e publicidade. Também pode trabalhar em empresas e indústrias de todos os tipos, no setor de RH.

Qual a função de um psicólogo social?

Como já citamos acima, o profissional da Psicologia Social é responsável por estudar e analisar o comportamento de um indivíduo em suas relações sociais, desvinculando o ser humano da ideia de que ele é ‘um ser individual’, mas sim parte de um grupo social.

Quem pode fazer Psicologia Social?

Quem pode fazer uma especialização em Psicologia? – As especializações da área de Psicologia são destinadas para Psicólogos. Médicos que trabalham com a saúde mental também costumam procurar por esses cursos. Mas, além disso, nada impede que profissionais de áreas correlatas se inscrevam nessas formações.

Qual o salário de um psicólogo organizacional

Descubra qual a remuneração de um psicólogo organizacional A psicologia organizacional serve para trazer melhores resultados relacionados à sua gestão de pessoas. Entendendo cada colaborador, o psicólogo organizacional junto ao RH da sua empresa consegue trabalhá-lo conforme o que a organização e a equipe precisam e fazê-lo se sentir bem dentro do seu negócio.

  • Além disso, observando como os profissionais se comportam no ambiente de trabalho, os psicólogos organizacionais entendem como cada colaborador pode contribuir para o desenvolvimento da empresa e a harmonia no ambiente de trabalho.
  • Neste cenário, surge a dúvida: qual a remuneração de um psicólogo organizacional ? Vamos descobrir no texto de hoje.

Presente em organizações diversas, consultorias e prestadores de serviços o Psicólogo Organizacional é um profissional essencial para a condução de ações de gestão de gente e de clima de forma sustentável e assertiva nas empresas, devido a isso há uma demanda positiva de vagas de emprego para profissionais da área no mercado de trabalho.

Hoje um Psicólogo Organizacional tem remuneração média de R$ 2.950,85 no mercado de trabalho brasileiro para uma jornada de trabalho de 38 horas semanais. As informações são de acordo com pesquisa do Salario.com.br junto a dados oficiais do Novo CAGED, eSocial e Empregador Web com um total de 1.790 salários de profissionais admitidos e desligados pelas empresas no período de Abril de 2021 a Março de 2022.

A faixa salarial do Psicólogo Organizacional fica entre R$ 2.600,00 salário mediana da pesquisa e o teto salarial de R$ 5.834,77, sendo que R$ 2.811,25 é a média do piso salarial 2022 de acordos coletivos levando em conta profissionais em regime CLT de todo o Brasil.

  1. A cidade com mais ocorrências de contratações e por consequência com mais vagas de emprego para Psicólogo Organizacional é São Paulo – SP.
  2. Em Goiás, a remuneração média do psicólogo organizacional é de R$ 2.826,35.
  3. Mas vale lembrar que conforme o profissional for adquirindo mais experiência no mercado de trabalho, oportunidades melhores podem aparecer.

A Faculdade de Gestão e Inovação oferece a pós-graduação em com o objetivo de fornecer ao psicólogo uma capacitação técnica, teórica, prática e atualizada acerca dos testes de Avaliação Psicológica. O curso dura 1 ano e 6 meses, é 100% digital e os encontros acontecem mensalmente aos finais de semana, uma oportunidade perfeita para quem não tem tempo durante os outros dias.

Qual é a origem da Psicologia Social

16º Encontro Nacional da ABRAPSO – Reflexões sobre a história da Psicologia Social Apresentação Oral em GT Autor(es): Maria da Conceição Gomes da Silva (FATECI), Deyseane Maria Araújo Lima Resumo: O trabalho traça uma breve história da psicologia social desde suas bases, sua solidificação na psicologia social cognitiva, a crise desencadeada pela sua inadequação à realidade dos países latino-americanos que resultou na busca de novos caminhos e sua superação na psicologia sócio histórica. O estudo bibliográfico refere-se às reflexões teóricas e práticas surgidas entre a psicologia social tradicional e a psicologia sócio histórica. Para esta discussão fomos buscar nos estudos de Sílvia Lane, Ana Bock e Bader Sawaia, o aporte teórico para a compreensão das causas que levaram a crise da psicologia social e os caminhos percorridos para a superação desta crise. Embora tenha bases européias a psicologia social se concretiza na América do Norte, quando da migração de estudiosos alemães e austríacos. Daí, a fusão da fenomenologia e positivismo, ocasiona o surgimento da Psicologia Social Cognitiva, centrada no estudo do comportamento (behaviorismo). A psicologia tradicional atingiu seu auge quando da publicação do livro “O soldado americano” em 1949 que tratava da readaptação dos ex-combatentes da segunda Guerra Mundial. A psicologia social psicológica, centrada no indivíduo, sem levar em consideração o contexto social que o rodeava, foi importada diretamente da América para os países colonizados, graças principalmente ao fato de renomados professores terem feito seus cursos de graduação nos Estados Unidos; exemplo disso, no caso do Brasil, foi Aroldo Rodrigues, o grande precursor da Psicologia Social Cognitiva neste país. Nos anos 60, surge a Associação Latino Americana de Psicologia Social (ALAPSO). Em rechaço à ALAPSO e na busca de uma psicologia com postura crítica que oferecesse resposta à realidade latino americana, surgem os movimentos que resultariam na psicologia social sócio- histórica. Deste confronto, surgiu a chamada “crise” que tomaria corpo nos congressos da Sociedade Interamericana de Psicologia (SIP) de 1976 e 1979. Desta crise se originariam a Associação Venezuelana de Psicologia Social (AVEPSO) e Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO). Vários teóricos se empenharam em buscar novos rumos para a Psicologia, destacando-se Martin-Baró, que convoca os psicólogos para a luta pela libertação dos povos, e Sílvia Lane que buscou no materialismo histórico dialético as bases para uma psicologia social crítica que compreende o homem como ser que interage no meio, transforma-o e é transformado por ele. Desta perspectiva surge a psicologia sócio-histórica, que é voltada para a realidade brasileira, que encara o homem como ser histórico, portanto, produtor de mudanças. Estudar a história da psicologia social, conhecer seus avanços, se constitui de fundamental importância na revisão da atitude profissional dos psicólogos sociais que, de agente mantenedor da ordem, se transforma num agente transformador da realidade, exercendo o papel libertador inerente à psicologia. Texto completo: Reflexões sobre a história da Psicologia Social Maria da Conceição Gomes da Silva Deyseane Maria Araújo Lima O trabalho traça uma breve história da psicologia social desde suas bases, sua solidificação na psicologia social cognitiva, a crise desencadeada pela sua inadequação à realidade dos países latino-americanos que resultou na busca de novos caminhos e sua superação na psicologia sócio histórica. O estudo bibliográfico refere-se às reflexões teóricas e práticas surgidas entre a psicologia social tradicional e a Psicologia Sócio- Histórica. Para esta discussão fomos buscar nos estudos de Sílvia Lane, Ana Bock e Bader Sawaia, o aporte teórico para a compreensão das causas que levaram a crise da psicologia social e os caminhos percorridos para a superação desta crise. Embora tenha bases européias a psicologia social se concretiza na América do Norte, quando da migração de estudiosos alemães e austríacos. Daí, a fusão da fenomenologia e positivismo, ocasiona o surgimento da Psicologia Social Cognitiva, centrada no estudo do comportamento (behaviorismo). A psicologia tradicional atingiu seu auge quando da publicação do livro “O soldado americano” em 1949 que tratava da readaptação dos ex-combatentes da segunda Guerra Mundial. A psicologia social psicológica, centrada no indivíduo, sem levar em consideração o contexto social que o rodeava, foi importada diretamente da América para os países colonizados, graças principalmente ao fato de renomados professores terem feito seus cursos de graduação nos Estados Unidos; exemplo disso, no caso do Brasil, foi Aroldo Rodrigues, o grande precursor da Psicologia Social Cognitiva neste país. Nos anos 60, surge a Associação Latino Americana de Psicologia Social (ALAPSO). Em rechaço à ALAPSO e na busca de uma psicologia com postura crítica que oferecesse resposta à realidade latino americana, surgem os movimentos que resultariam na psicologia social sócio- histórica. Deste confronto, surgiu a chamada “crise” que tomaria corpo nos congressos da Sociedade Interamericana de Psicologia (SIP) de 1976 e 1979. Desta crise se originariam a Associação Venezuelana de Psicologia Social (AVEPSO) e Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO). Vários teóricos se empenharam em buscar novos rumos para a Psicologia, destacando-se Martin-Baró, que convoca os psicólogos para a luta pela libertação dos povos, e Sílvia Lane que buscou no materialismo histórico dialético as bases para uma psicologia social crítica que compreende o homem como ser que interage no meio, transforma-o e é transformado por ele. Desta perspectiva surge a psicologia sócio-histórica, que é voltada para a realidade brasileira, que encara o homem como ser histórico, portanto, produtor de mudanças. Estudar a história da psicologia social, conhecer seus avanços, se constitui de fundamental importância na revisão da atitude profissional dos psicólogos sociais que, de agente mantenedor da ordem, se transforma num agente transformador da realidade, exercendo o papel libertador inerente à psicologia. Introdução Identifico-me com a humanidade como um todo. O que puder fazer em termos de humanidade, estou lá. se tudo o que se faz em função de um bem comum é religioso, eu sou religiosa”. (Lane) O presente trabalho tem como objetivo estudar a história da psicologia social desde suas bases europeias, seu enraizamento nos Estados Unidos, a crise na América Latina e a superação na Psicologia Sócio-Histórica. O estudo bibliográfico destinou-se a realizar reflexões práticas e teóricas surgidas entre a Psicologia Social Tradicional e Psicologia Sócio-Histórica. Essas reflexões baseiam-se fundamentalmente, nos estudos teóricos e práticos de Sílvia Lane, Bader Sawaia, Ana Bock, Martín-Baró e outros, na busca da compreensão das origens da chamada crise da psicologia social e os caminhos percorridos na sua superação. Esta crise tratava-se de contestação à psicologia tradicional, psicológica, com fortes elementos positivistas, de caráter adaptacionista, que pretendia moldar o indivíduo à sociedade (LANE, 1989) apropriada aos objetivos dos Estados Unidos do pós- segunda guerra, mas totalmente inadequada à realidade da América Latina e suas especificidades histórico-culturais. Neste objetivo, elaborou-se em alguns países como El Salvador, propostas como a de Martín-Baró (1996), de rever a prática profissional dos psicólogos. No Brasil, Sílvia Lane seria o expoente de uma nova forma de pensar a psicologia, e através de aprofundamentos teóricos e práticos, desenvolveu a que mais tarde viria a ser chamada de Psicologia Sócio-Histórica. Acompanhando o pensamento de Lane (1989, p.19) de que “Toda a Psicologia é social”, consideramos de extrema relevância este estudo no sentido de propor uma revisão na prática profissional do psicólogo, em busca de exercer um “quefazer” (MARTÍN-BARÓ, 1996, p.7) que teria como ponto de partida “quebrar as cadeias de alienação” (MARTÍN-BARÓ, 2009, p.215) e exercer o papel libertador inerente à Psicologia.1. A psicologia social norte americana: um instrumento de adequação do homem Para traçarmos a história da psicologia social faz-se necessário que conheçamos seu percurso ao longo do tempo, seus avanços, retrocessos e construções. A psicologia social teve bases europeias, mas apresenta os seus fundamentos enraizados nos Estados Unidos, por ocasião das migrações de cientistas gestaltistas da Áustria e da Alemanha expulsos pelo nazismo. Além da fusão entre fenomenologia e positivismo, de que teria nascido a psicologia social cognitiva, afirma Farr (1996) apud Bernardes (2010, p.26): “os psicólogos sociais da América eram teóricos cognitivistas numa época em que estão em moda, isto é, no auge do behaviorismo.” A psicologia social experimental atingiu seu auge, com a publicação do livro “O soldado americano” em 1949, um estudo sociológico referente ao período da guerra que trata da adequação dos soldados, bem como da eficácia dos treinamentos sobre seu comportamento. Esta psicologia pragmática, como enfatiza Lane (1989, p.10), visava: alterar e/ ou criar atitudes interferir nas relações grupais para harmonizá-las e assim garantir a produtividade do grupo – é uma atuação que se caracteriza pela euforia de uma intervenção que minimizaria conflitos, tornando os homens ‘felizes’ reconstrutores da humanidade que acabava de sair da destruição de uma II Guerra Mundial É interessante ressaltar, nesta fase, os “handsbboks of social Psychology” de Murchison (1935), Lindzey (1954) e Lindzey & Aronson (1968-1969; 1985). Nestes manuscritos, Lindsey afirma romper com a metafísica da psicologia social européia e criar uma psicologia social científica, com bases positivistas. Aqui chamamos a atenção para o que Bernardes denomina de concepções teóricas que se desdobraram ou que se atravessaram na psicologia social: são as formas elencadas por Farr (1996): psicológica e sociológica. Na primeira, as explicações do coletivo e do social são reduzidas a leis individuais. O indivíduo é o centro da análise, suas relações com o contexto social não influem. Há uma separação entre o homem e o social. O que importa, neste caso, é o comportamento do indivíduo (behaviorismo); na forma sociológica, os estudiosos valorizam a relação entre o individual e o coletivo. É exatamente esta psicologia social psicológica que se desenvolve na América do Norte, com o coroamento do positivismo com seu caráter adaptador e lema de “ordem e progresso”, a naturalização dos fenômenos sociais e a responsabilidade centrada no indivíduo isolado, como é ressaltado por Bernardes (2010, p.27): Seus princípios básicos nas explicações dos fenômenos sociais são: tratá-los como fenômenos naturais através de métodos experimentais, sendo que seus moldes explicativos nos remetem sempre, em última instância, a explicações centradas no indivíduo. Referenciais teóricos como o de George Mead, que coloca o “estudo da linguagem e do pensamento humano dentro de um contexto evolucionista” (BERNARDES, 2010, p.29) e seu modelo de mente: “seu modelo de mente era síntese de fenômenos tanto em nível coletivo quanto em nível individual” (BERNARDES, 2010, p.29), foi ignorado na constituição da Psicologia Social norte- americana. Outra perspectiva deixada de lado foi a histórico-crítica, centrada nas ideias marxistas de ideologia, alienação e consciência de classe, com objetivos de transformação. Constitui-se então uma psicologia ideologizada, de caráter classista.2. A crise na América Latina: busca de novos rumos A condição de colonizado dos países latino-americanos levou a importação do modelo de psicologia social predominante na América do Norte, visto que segundo Farr (1996) apud Bernardes (2010), os renomados professores de psicologia social na América Latina fizeram seus cursos de graduação nos Estados Unidos, exemplo disso foi Aroldo Rodrigues, o grande representante da psicologia social cognitivista no Brasil. Nos anos de 1960 surge a Associação Latino – Americana de Psicologia Social (ALAPSO), criada nos preceitos da psicologia social norte- americana. Em rechaço à ALAPSO e procurando uma psicologia com postura crítica e adequada a realidade dos países latino-americanos é que surgem os movimentos que resultariam na Psicologia social sócio-histórica. Esta reação à psicologia tradicional e seus conceitos que não se aplicava à realidade latino-americana, levou à chamada “crise da psicologia social”, é que tomou corpo nos Congressos da Sociedade Interamericana de Psicologia (SIP) em 1976, em Miami nos Estados Unidos, e em Lima no Peru, em 1979. Segundo Bernardes (2010, p.30): Como pontos principais da crise da psicologia social, estavam a dependência teórica metodológica, principalmente dos Estados Unidos, a descontextualização dos temas abordados, a simplificação e a superficialidade das análises destes temas, a individualização do social na psicologia social, assim como a não preocupação política com as relações sociais no país e na América Latina. A palavra de ordem era a transformação social. Esta crise deu origem às associações como a Associação Venezuelana de Psicologia Social (AVEPSO) e a Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO). É oportuno ressaltar que a crise da psicologia social não era um acontecimento isolado da América Latina, na Europa, já acontecia desde a década de 60 e onde, como ensina Guareschi (2007, p.25) foi elaborado um verdadeiro “Plano Marshal Acadêmico” para que a psicologia social nos moldes norte americano tivesse êxito. Esta crise se atingiu seu auge principalmente na França, pois segundo Lane (1989, p.11) Na França, a tradição psicanalítica é retomada com toda veemência após o movimento de 68 e sob sua ótica é feita uma crítica à psicologia social- norte americano como uma ciência ideológica, reprodutora dos interesses da classe dominante, e produto de condições históricas específicas, o que invalida a transposição tal e qual deste conhecimento em outros países, em outras condições histórico-sociais. Esse movimento também tem suas repercussões na Inglaterra, onde Israel e Täjfell analisam a crítica sob o ponto de vista epistemológico com os diferentes pressupostos que embasam o conhecimento científico – é a crítica ao positivismo, que em nome da objetividade perde o ser humano. Moscovici torna-se um ícone dessa contestação vinda dos centros europeus, repudiando o caráter individualista da psicologia social norte americana, e questionando sua capacidade de responder ao social, elabora a Teoria das Representações Sociais visando “superar dicotomias, como entre o individual e o social, o externo e o interno, o estruturante e o estruturado, o processo e a estruturação e, ao mesmo tempo, pudesse dar conta também de novos contextos sociais.”(Guareschi, 2007, p.25) Voltando ao caso específico da América Latina, os estudiosos da Psicologia Social, trilharam novos caminhos buscando uma prática de psicologia que atendesse à realidade latino-americana. Martim Baró, com seu texto, o Papel do Psicólogo, convida os psicólogos à luta pela libertação dos povos, representando uma nova visão de psicologia social para a América Latina. A obra de Martin-Baró, se reveste de fundamental importância no estudo da Psicologia Sócio-Histórica, defendendo uma psicologia específica para cada país, compreendendo suas diferenças culturais e visando a superação da miséria dos povos excluídos. O posicionamento político de Martín-Baró, a práxis comprometida com os problemas sociais latino-americanos, levou- o a elaborar a uma prática da psicologia cuja tarefa ele mesmo nos conta: Há uma grande tarefa adiante se queremos que a Psicologia latino americana realize uma contribuição significativa para a Psicologia universal e, sobretudo para a história de nossos povos. À luz da situação atual de opressão e fé, de repressão e solidariedade, de fatalismo e lutas, que caracteriza os nossos povos, essa tarefa deve ser a de uma Psicologia da Libertação. Mas uma Psicologia da Libertação requer uma libertação prévia da Psicologia e essa libertação chegará apenas por meio de uma práxis comprometida com os sofrimentos e esperanças dos povos latino- americanos. (MARTÍN-BARÓ, 2009, p.196) No Brasil, na procura destes caminhos, surge uma figura extremamente importante para a constituição de uma psicologia social que respondesse às necessidades brasileiras: Sílvia Lane, uma professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) que mudou os rumos da psicologia social. Em seu trabalho na Universidade, Sílvia primou pela militância transformadora (SAWAIA, 2006, p.91-92): O contato com alunos sempre foi a grande paixão de Lane. Suas aulas eram um exercício lúdico de descoberta de relações insuspeitas, de recriação de ideias, sempre com muito respeito e profundo conhecimento da teoria analisada. Sua atuação como docente foi especial em 68, período da ditadura militar no Brasil. Ela participou ativamente para transformar os campos de estágio, a pesquisa e a teórica em espaços de reflexão crítica e de potencialização da ação transformadora, sem perder o rigor científico. Estabelecendo, assim, uma relação dialética entre militância e pesquisa científica sem temer a vigilância do Ministério da Educação e Cultura, atento a qualquer ação de resistência, dentro do clima de opressão que culminou, naquele ano, com o ato institucional nº 5, visando sufocar todas as possibilidades de mudança. Esta postura de Lane levou-a a ser criticada por Aroldo Rodrigues de apenas fazer política e não ciência, pois para o grande representante da psicologia experimental, a psicologia social seria uma ciência “básica e neutra” (RODRIGUES, 1986, apud SAWAIA, 2002; BOCK 2007). Como resposta Lane enfatizava a necessidade da psicologia rever sua prática, “pois teoria e prática têm que vir juntas” (LANE, 1986, apud SAWAIA, 2002, BOCK, 2007, p.50) Partindo do pressuposto de uma práxis transformadora, e em busca da superação da “crise” Sílvia Lane foi buscar no marxismo as bases epistemológicas para um novo referencial para a psicologia social e com a compreensão do homem como ser que interage no meio, transforma-o e revela o ser dialético descrito por Heráclito de Éfeso (540-480 a.C,) nos tempos da Grécia Antiga quando dizia que um homem não toma banho no mesmo rio por duas vezes, pois da segunda vez nem ele nem o rio serão a mesma pessoa (KONDER, 1987, p.8). O materialismo dialético fornece o referencial “para construção do conhecimento que atenda à realidade social e ao cotidiano de cada indivíduo e que permita uma intervenção efetiva na rede de relações sociais que define cada indivíduo – objeto da Psicologia Social” (LANE, 1989, p.16). Seguindo esta linha, Sílvia ancora-se na Teoria Histórico Cultural da Mente, desenvolvida por Vygotsky, Leontiev e Luria, elaboram as categorias do psiquismo, consciência, atividade, identidade, conceitos que alavancariam os estudos da psicologia social numa perspectiva crítica. Nesta perspectiva, surge a psicologia sócio-histórica, baseada nas pesquisas e elaborações de conceitos de Sílvia Lane, um trabalho feito em conjunto no qual, conforme Bock (2007, p.52) ressalta: “nos permite perceber a coerente articulação entre suas proposições teóricas e práticas por meio da compreensão de duas importantes questões: a dialética subjetividade-objetividade; e a formação e mudança de valores”. A militância de Lane, suas viagens e contatos com estudiosos comprometidos com uma psicologia social transformadora, que atendesse os anseios populares levaram à fundação da ABRAPSO e proporcionou a discussão de forma mais ampla e como, Sawaia (2002) apud Bock (2007, p.51) nos conta sobre a fundação da referida associação: Segundo Sílvia, uma das principais realizações do encontro foi a de conscientizar os participantes psicólogos de que suas perplexidades, percebidas até então como sentimentos individuais, eram compartilhados por cientista de diversas áreas. A partir desta conscientização surge uma psicologia voltada para a realidade brasileira, não uma psicologia que como Lane (1989, p.12), ressalta, busque a objetividade nos moldes positivistas, mas compreenda o homem como ser histórico, produtor de mudanças. E o papel do psicólogo social deixa de ser de um mantenedor da ordem e passa a ser de um agente de transformação. Considerações Finais A psicologia sócio-histórica apresentada, como uma alternativa à psicologia norte- americana, rejeita a forma individualista como a psicologia era conduzida e busca “alternativas metodológicas para se construir a base de uma teoria consistente” (BOCK, 2007, p.51) para compreensão da realidade. Caracteriza-se por um movimento semelhante ao realizado por Florestan Fernandes sociologia que, para Ianni (1996, p.25) “descortina novos horizontes para a reflexão teórica e a interpretação da realidade social “. A inquietação de Lane, sua convicção de que “o conhecimento produzido deveria ser útil para a transformação da realidade na direção da criação de condições dignas de vida para todos” (BOCK, 2007, p.51), levou-a a se tornar uma revolucionária nos estudos da psicologia social, na elaboração de uma práxis transformadora que seria responsável pela deselitização da psicologia e construção de um compromisso ético-político para a profissão de psicólogo. Lane (1989) liberou a psicologia de seus fundamentos experimentais, de uma realidade estática, programada, ideologizada e a colocou em contato com o “homem em movimento”, homem dialético, concreto, instável, subjetivo, transformador da natureza e transformado por ela. Trazendo à lume as categorias do psiquismo como consciência, atividade e identidade oferecem uma visão holística do homem, os diversos ângulos constitutivos do ser social, o homem do “vir-a-ser” como ensina Ciampa (1998, p.211): “o homem é um ator- e não um marionete-, ator que, já vimos, é participante ativo e solidário de uma produção coletivamente realizada. Todos somos co- criadores ” A compreensão do homem como criador de si mesmo, nos leva a questionar a existência de tanta miséria social ao nosso redor, de tanta forma de vida que denuncia o descaso com o ser humano e refletir sobre o papel conscientizador do psicólogo social como agente mediador de transformação de realidades sociais injustas. Este, a nosso ver constitui-se objetivo primordial da profissão de psicólogo. REFERÊNCIAS BERNARDES.J.S., História. In STREY, M.N.e outros (organizadores) Psicologia Social Contemporânea. Petrópolis, RJ: Vozes.2010.P.19-33. BOCK, A.M.B.; FERREIRA, M.R., GONÇALVEZ, M.da G.M. & FURTADO, O. Sílvia Lane e o projeto do “Compromisso Social da Psicologia”. Psicol. Soc., Porto Alegre, v.19, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010271822007000500018&script=sci_arttext-> Acesso em 23/05/2011. CIAMPA, A.C. A estória do Severino e a história de Severina. Um ensaio de Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense.1998. GUARESCHI, P.A. Psicologia Social e Representações Sociais: Avanços e novas articulações. In VERONESE, M.V.; GUARESCHI, P.A. (organizadores) Psicologia do Cotidiano. Petrópolis, RJ: Vozes.2007.p.17-40 IANNI, Octávio. A Sociologia de Florestan Fernandes. Estud. av.,1996, vol.10, n.26, p.25-33. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ea/v10n26/v10n26a06.pdf. Acesso: 12 de outubro de 2011. KONDER, L. O que é dialética. Coleção Primeiros Passos. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1987. LANE, S.M.T. & CODO, W (Orgs.) Psicologia Social: O homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1989. MARTIN-BARÓ, I. O papel do Psicólogo. Estudos de Psicologia, 2(1), 7-27, 1996._. Para uma psicologia da libertação. In: GUZZO, Raquel S.L. LACERDA JÚNIOR, Fernando. Campinas (organizadores)Psicologia Social para a América Latina: o resgate da Psicologia da Libertação,São Paulo. Alínea, 2009. RODRIGUES, A. Psicologia Social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. SAWAIA, B. Sílvia Lane: a psicóloga da ação política. Mnemosine, v.2, nº 1, p.87-97, 2006. Disponível http://www.mnemosine.cjb.net/mnemo/index.php/mnemo/article/view/205/314>. Acesso: 21 de maio de 2011. : 16º Encontro Nacional da ABRAPSO – Reflexões sobre a história da Psicologia Social

Qual é o enfoque da Psicologia Social?

O enfoque da Psicologia Social é estudar o comportamento de indivíduos no que ele é influenciado socialmente.

Quais são os temas de interesse da Psicologia Social?

   Leitura fundamental para estudantes de psicologia e profissionais em busca de atualização. Edição: 2.ª Chancela: Artmed Autor(es): Cláudio Vaz Torres, Elaine Rabelo Neiva Formato: 17,5 x 25 cm | 408 Páginas | Capa mole

Descrição Dados do produto

Leitura fundamental para estudantes de psicologia e profissionais em busca de atualização, o livro traz informações atuais essenciais para a compreensão da área, abordando, entre outros temas, a psicologia social transcultural, métodos de pesquisa na área, valores humanos, cognição, identidade, a teoria das representações sociais e a psicologia política.

Totalmente atualizada, esta nova edição de Psicologia social: principais temas e vertentes reúne destacados professores e pesquisadores nacionais e internacionais que revisam os mais relevantes estudos da área, apresentando, de forma didática, as diferentes tendências que a influenciaram ao longo do tempo e a multiplicidade de perspectivas teóricas adotadas para se compreender a interação entre o ser humano e o meio.

Partindo de um capítulo sobre a história da moderna psicologia social, os autores abordam temas como a psicologia social transcultural, métodos de pesquisa na área, valores humanos, cognição, identidade, teoria das representações sociais e psicologia política, entre outros tópicos atuais. Referência 9786558820734 Disponível 3 Itens Referências específicas

Quantas horas trabalha um psicólogo social?

A jornada de 30 horas semanais foi implantada pelo Município para psicólogos e assistentes sociais que executam diretamente serviços socioassistenciais no âmbito do Sistema Único de Assistência Social – SUAS e para aqueles que atendem os usuários nos equipamentos de Direitos e Cidadania.

Quanto ganha um psicólogo social nos Estados Unidos?

A média salarial de Licensed Psychologist é de US$ 153.607 na localização: New York, Estados Unidos. A remuneração variável de Licensed Psychologist nessa localidade (New York, Estados Unidos) é de US$ 18.524, variando entre US$ 13.893 e US$ 25.933.

Quantos anos tem a Psicologia Social?

Nascimento da Psicologia Nasce na segunda metade do Séc XIX, em alguns países da Europa, e um pouco mais tarde nos Estados Unidos e outros países. Para alguns, a Psicologia Social surgiu no ano de 1859, junto com a edição da revista ” Grande Enciclopédia Soviética”, de Steintahl e Lazarus.

  • Esta revista coloca a Psicologia Social como um ramo da psicologia burguesa.
  • Para outros, a Psicologia Social surge nos últimos anos do séc.XIX, junto ao processo de psicologização da Sociologia.
  • Como se pode observar, não há um consenso quanto à data e ao contexto em que nasceu a Psicologia Social.
  • A Psicologia Social não-soviética tem em comum com a Sociologia burguesa a tendência a justificar a ideologia do capitalismo.

Mas não se pode reduzir a Psicologia Social burguesa à sua função ideológica; ela também se ocupa de problemas reais, e dispõe de métodos para obter e elaborar a informação científica. Segundo Kuzmin, a Psicologia Social tomou dois caminhos distintos: um tenta atender as necessidades da Psicologia; o outro, atende à política das classes dominantes (tal como a Sociologia burguesa).

  1. Assim sendo, torna-se difícil afirmar que a Psicologia Social está mais próxima da Psicologia ou da Sociologia.
  2. Para Mansurov, a Psicologia Social surge graças aos êxitos das várias Ciências Sociais.
  3. Entretanto, reconhece que só esse motivo não foi o bastante; o que influiu mesmo foram os interesses ideológicos e políticos da burguesia.

Mansurov reforça a idéia dos que vêem a Psicologia Social como um ramo da Sociologia burguesa, pronta para defender a classe dominante do crescente movimento revolucionário da classe operária. Segundo Pariguin (autor do texto), a Psicologia Social vai muito além desse caráter ideológico que alguns estudiosos tentam impor a ela.

Seria medíocre acreditar numa Psicologia Social servindo apenas aos interesses de uma minoria. Quem fugiu um pouco dessa análise simplista foi I.S.Kon, relacionando o surgimento da Psicologia Social com a psicologização da Sociologia. Para ele, a Psicologia do meado do nosso século ignorava os fatores sociais e a natureza específica da consciência coletiva.

Ocupava-se apenas da Psicologia do indivíduo. Para o autor, considerar as raízes gnosiológicas da Psicologia Social é tão importante quanto considerar suas raízes sociais. Assim sendo, a Psicologia Social surge também para atender as necessidades do desenvolvimento do saber científico.

• FONTES DA PSICOLOGIA SOCIAL: • NASCIMENTO DA PSICOLOGIA COMO RAMO DE DISTINTOS SETORES DA SOCIOLOGIA: • PARTICULARIDADES DO NASCIMENTO DA CORRENTE PSICOLÓGICA NA SOCIEDADE BURGUESA:

Gordon Allport aponta Platão como fundador da tendência irracionalista na Psicologia Social. Isso porque Platão subestimava a capacidade de raciocínio das massas. De um modo geral, os filósofos antigos desprezavam o papel das massas populares na sociedade.

Helvécio destacava a importância do meio social para a educação do homem x o papel da consciência e das paixões do indivíduo para o desenvolvimento da sociedade. Feuerbach deu ênfase ao fator emocional no processo de comunicação das pessoas, e às relações humanas no desenvolvimento de todas as relações sociais.

Hegel foi um dos que psicologizaram o processo histórico. Ele justificava as ações das massas como advindas de suas necessidades e paixões. Muitas questões relativas à Psicologia Social estão presentes nas obras dos primeiros pensadores burgueses. A despeito disso, não podemos considerá-los fundadores da Psicologia Social como disciplina científica independente.

Impensável também, creditar aos idealistas subjetivos a criação da Psicologia Social, visto que eles tinham como realidade única o mundo subjetivo da pessoa. E os idealistas objetivos ? Consideravam como realidade única tão somente a idéia absoluta. Também estão descartados como criadores da Psicologia Social.

A luta de classes, que foi o fio condutor das revoluções burguesas dos séculos XVII-XIX, trouxe à tona a necessidade de um estudo acerca da psicologia dos movimentos de massas, para a compreensão adequada do sentido dos acontecimentos históricos. Nesse momento de crise da tradicional concepção idealista da história, quem melhor traduziu as particularidades psicossociais de certas camadas foi Balzac, com seus retratos sobre os tipos sociais da França do séc.

  1. XIX. Balzac conseguiu atrair a atenção de filósofos e sociólogos para os problemas da psicologia das classes, através da sua arte.
  2. Para Labriola, foi Balzac, e não Augusto Comte, quem descobriu a psicologia de classes.
  3. Indo de encontro ao pensamento burguês, os historiadores franceses Thierry, Mignet e Guizot foram os primeiros a reconhecer o papel relevante das massas populares na história.

Segundo Thierry, é mais cômodo para a maioria dos historiadores atribuir a algum herói certas mudanças de ordem profunda na sociedade, ao invés de admitir o papel imprescindível do povo nessas mudanças. Os trabalhos de Marx e Engels tiveram grande influência sobre os sociólogos e psicólogos burgueses, que passaram a considerar o movimento revolucionário das massas como força progressista do desenvolvimento histórico.

O estudo da psicologia dos povos e das massas é fator originante da Psicologia Social. Vários setores da Sociologia tinham interesse pelo desenvolvimento da Psicologia Social. A Lingüística, por exemplo, foi primordial para a Psicologia Social propriamente dita, através dos trabalhos de Lazarus, Stheinthal, e até mesmo de Wilhelm Wundt.

Além da Lingüística, influíram também a Antropologia, a Etnografia e a Arqueologia. Mais especificamente na área psicológica, encontramos influências da Psicologia Geral e da Psiquiatria. Podemos localizar as primeiras bases da orientação psicossocial na Psicologia, nos trabalhos dos psicólogos Baudouin e McDougall, Wundt e Ribot.

  1. No início do séc.
  2. XX, o psiquiatra Sigmund Freud utilizou-se da Psicologia Social para estudar o caráter social e psiquicamente condicionado das neuroses e psicoses de massas.
  3. Cronologicamente, podemos situar o processo de psicologização da Sociologia burguesa na última década do século passado.
  4. Aceito esse processo, muitos sociólogos burgueses não tiveram outra saída a não ser admitir que ” ao século dos heróis sucedia o século das massas”, como afirmou o sociólogo e publicista francês G.

Le Bon. Mas, apesar de reconhecerem o poder das massas, os sociólogos burgueses e os psicólogos sociais ainda guardavam resquícios das tradições filosóficas. Reforçando essas tradições, a defesa do capitalismo apontava o movimento revolucionário das massas como algo irracional e destrutivo.

Dessa forma, os psicossociólogos burgueses não foram capazes de legitimar o importante papel das massas na história, dentro de uma concepção científica. O psicossociólogo G. Tarde e o sociólogo Mikhailovski consideravam de fundamental importância à autoridade do herói e seu poder de sugestão sobre o inconsciente coletivo.

Acreditavam que o povo necessita de um modelo a ser imitado, por não ser capaz de agir de forma consciente. Vendo na Psicologia Social um instrumento ideológico, pronto para defender a exploração dos trabalhadores, reacionários como G. Tarde, Le Bon e Sighele elaboraram a Psicologia Social nessa direção, tratando os povos como anarquistas e bandidos, destruidores da ordem.

Para Le Bon, conhecer as particularidades psicológicas de um povo é o primeiro passo para dominá-lo. A Psicologia Social como ciência independente nasce entre 1930-1940.2 ETAPAS FUNDAMENTAIS DO DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA SOCIAL BURGUESA. SEUS RUMOS E TRAÇOS CARACTERÍSTICOS • A PSICOLOGIA SOCIAL BURGUESA DO FINAL DO SÉC.XIX E INÍCIO DO SÉC.

XX: Podemos distinguir duas etapas no desenvolvimento da Psicologia Social burguesa: a primeira vai da segunda metade do séc. XIX até o primeiro quartel do séc. XX; a segunda vai desse período até os dias atuais. No primeiro período, duas tendências são notadas: uma vê a psicologia do indivíduo como produto da sociedade; outra está centrada no indivíduo ( psico-individual ), e tenta explicar tanto a psicologia da sociedade como todas as outras manifestações da vida social.

  • Dentro desta tendência, encontram-se duas correntes: a organicista e da psicologia profunda.
  • Os organicistas baseavam-se nas reações psíquicas elementares que o homem herdou dos animais, para explicar os fenômenos da vida social.
  • Os que se ocuparam da psicologia profunda ( dentre eles, Freud ) tentavam descobrir o mecanismo psicológico da conduta do indivíduo, considerando o impulso sexual.

Contudo, a concepção psicossocial de Freud é anti-científica. Diferentemente de Freud, Mikhailovski e G. Tarde situavam os processos psíquicos inconscientes na autoridade do indivíduo e na capacidade imitativa das massas. Apesar das divergências todos os representantes da psicologia profunda procuravam explicar a vida social por fatores psicológicos.

Entre fins do séc. XIX e início do séc. XX, desenvolveu-se na Psicologia Social a tendência sociológica, que colocava o indivíduo como produto da sociedade. Ribot, Blondel e Piaget defendiam essa idéia. Outra corrente que surge nesse período na Psicologia Social é a tendência biossocial. Os neopositivistas P.

Caullet e E.V. de Roberti foram representantes dessa corrente. Augusto Comte enfatiza o caráter socialmente condicionado da psique humana; Durkheim fala do caráter socialmente determinado das funções psíquicas. Dentro da corrente biossocial, surge o behaviorismo, que considerava os fatores biológicos, interagindo com os processos fisiológicos e o meio social.

O behaviorismo, que teve seu auge durante a Primeira Guerra Mundial, mais tarde foi perdendo terreno para a psicologia profunda, sobretudo para o freudismo, e depois para o neofreudismo. Um aspecto relevante da Psicologia Social burguesa é a sua tendência ao monismo, como se um único fenômeno pudesse explicar toda a Psicologia.

Outra característica desse período é a concepção irracionalista do homem, de sua psique e de sua conduta. Este pensamento ia de encontro às idéias racionalista de Kant, Hegel e Herbart. O rápido desenvolvimento das concepções irracionalistas na Psicologia Social tinham base na crise política e ideológica, e também na Filosofia burguesa.

  • Na Psicologia Social desse período também destacava-se o conceptualismo, que pretensamente elaborava esquemas teóricos gerais para explicar todos os fenômenos sociais.
  • A PSICOLOGIA SOCIAL BURGUESA NO SÉC.
  • XX: Entre os anos 20 e momento atual situa-se a segunda grande etapa da história da Psicologia Social burguesa.

A função aplicada da Psicologia Social nesta fase faz com que diminua o interesse dos psicólogos pelas questões teóricas. Passa-se das amplas generalizações filosóficas para o estudo de pequenas esferas e pequenos grupos sociais. Após a Segunda Guerra Mundial, os sociólogos e psicólogos sociais burgueses direcionaram seu objeto de estudo para os pequenos grupos sociais.

  • A partir daí, o pequeno grupo passa a ser visto como a espinha dorsal de toda a estrutura da Psicologia Social.
  • Esta concepção microssociológica tem a intenção de mascarar as diferenças de classes, aparentando uma homogeneidade social na sociedade burguesa contemporânea.
  • Uma das características desta corrente é a tentativa de fundamentar o empirismo como método fundamental de investigação.

A oposição entre os métodos empíricos de investigação e a teoria vem comprovar a grande crise metodológica da moderna Psicologia Social burguesa. Em 1924, Allport generalizou a experiência das primeiras investigações experimentais, assentando as primeiras bases da elaboração metodológica dos problemas relacionados com a experimentação psicossocial.

  1. Embora o experimento psicossocial mereça seu reconhecido valor, não podemos considerá-lo como uma descoberta original da Psicologia Social.
  2. Segundo o psicossociólogo Curtis, atualmente os psicólogos sociais burgueses defendem a idéia de interação ( sociedade – indivíduo).
  3. Surgiram novas correntes, como neobehaviorismo e a sociometria, dentre outras.

Uma novidade da Psicologia Social burguesa é o princípio da condicionalidade social. Os sociólogos Parsons e Mead criaram a “teoria dos papéis”. Essa novas tendências afetam também a concepção freudiana, que passa a considerar as inclinações do homem como resultado da influência do “meio sociológico”. Escritor oficial Brasil Escola Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja: ESCOLA, Brasil. “Nascimento da Psicologia”; Brasil Escola, Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/nascimento-psicologia.htm. Acesso em 03 de novembro de 2023. : Nascimento da Psicologia

Qual a importância do estudo da Psicologia na prática do assistente social?

Assistência social e psicologia: sobre as tensões e conflitos do psicólogo no cotidiano do serviço público

  • ARTIGOS
  • Assistência social e psicologia: sobre as tensões e conflitos do psicólogo no cotidiano do serviço público
  • Social welfare and psychology: about tension and conflicts of psychologist at the public service
  • Carmem Magda Ghetti Senra I ; Raquel Souza Lobo Guzzo II
  • I Secretaria Municipal de Assistência Social de Campinas, Campinas, Brasil
  • II Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, Brasil
  • RESUMO

O presente artigo buscou discutir a inserção da Psicologia na área da Assistência Social e a prática profissional do psicólogo no setor público. Para tanto, o contexto atual de implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) foi abordado, relacionado, sobretudo à atuação nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e às reflexões sobre o compromisso social na Psicologia.

  • Considera a importância da compreensão do profissional, enquanto elemento central na construção da política de Assistência Social e da elaboração de modelos de intervenção psicológicos comprometidos com a transformação da realidade social e as tensões do cotidiano deste trabalho.
  • Palavras-chave: psicologia social; assistência social; compromisso social; transformação social.

ABSTRACT This article aims to discuss the inclusion of psychology in the area of Social Welfare and the professional practice of psychology in the public sector. Thus, the current context of implementation of the Single System of Social Welfare – SUAS was approached, related, especially the performance of the Reference Centers of Social Welfare – CRAS and reflections on the social commitment in Psychology.

  • It considers the importance of understanding the professional as a central element in the construction of the Social Welfare and the development of models of psychological intervention committed to the transformation of social reality and the daily tensions at this work.
  • Eywords: social psychology; social welfare; social commitment; social transformation.

Introdução A atuação do psicólogo no âmbito da Assistência Social pode ser considerada recente no Brasil. Apesar de relevante e de se constituir como uma ampliação necessária do campo profissional para um envolvimento mais direto com as questões sociais, essa realidade ainda impõe inúmeros desafios e problemas aos profissionais.

Em um cenário de profundas desigualdades sociais que se revelam de modo contundente no cotidiano do sistema público, o trabalho dos psicólogos, apesar dos esforços, confirma o quanto a psicologia, como ciência e profissão, manteve um distanciamento histórico das questões sociais considerando as individuais como mais centrais (Martín-Baró, 1997).

Bock pontuou as contradições no desenvolvimento da Psicologia enquanto profissão: E é importante registrar que, ao lado de toda uma prática e de um conhecimento ‘diferenciador’ e que via o homem de forma muito simplificada, a-histórica, no qual o aspecto social era, na maior parte das vezes, relegado a segundo ou último plano, convivia um conhecimento crítico que concebia o homem e o fenômeno psicológico como indissociáveis do processo de socialização (Bock, 1999, p.319) Refletir sobre a prática profissional do psicólogo implica uma análise da inserção da Psicologia no campo da Assistência Social, contextualizando o momento atual de implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e do movimento de compromisso social emergente na Psicologia brasileira nas últimas duas décadas.

Inserção da Psicologia na Assistência Social Compartilhamos com a posição de Parker (2007) de que, historicamente, a Psicologia constituiu-se como um poderoso instrumento da ideologia burguesa a serviço da sociedade capitalista, sobretudo no Brasil onde majoritariamente se voltou à caracterização de um profissional liberal focado no indivíduo isolado de seu contexto social.

No entanto, “a entrada em campos como o da política social força-lhe a reaprender a fazer e pensar Psicologia” (Yamamoto & Paiva, 2010, p.155). Bock (2003) aponta três aspectos do caráter ideológico da Psicologia que acompanham as práticas profissionais, favorecendo o sentido acima exposto.

Primeiro, a naturalização do fenômeno psicológico, resultando em uma concepção de universalidade do fenômeno psíquico, o que distancia a Psicologia da realidade social. Destaca também que “os psicólogos não têm concebido suas intervenções como trabalho” (Bock, 2003, p.21), descolando dessa maneira a prática profissional dos interesses sociais e das disputas políticas da sociedade.

Por fim, ressalta que a Psicologia tem concebido as pessoas como responsáveis pelo seu desenvolvimento, descartando o papel da sociedade e compreendendo o fenômeno psicológico a partir do próprio homem. Tais aspectos tornam-se indispensáveis em uma análise crítica da inserção do psicólogo na área da Assistência Social.

Partir de princípios como os predominantes historicamente na Psicologia redunda em uma prática conservadora e superficial diante da realidade da população atendida pelas políticas públicas de Assistência Social. Além disso, cabe uma análise da recente presença da Psicologia nos setores públicos da Assistência Social.

Isso se revela nas pesquisas realizadas (Botomé, 1979; Conselho Federal de Psicologia, 1988), que traçam um perfil da atuação do psicólogo, com predominância em consultórios particulares, demarcando o elitismo da profissão. Mello (1975), em estudo publicado no início da década de setenta, realiza uma crítica aos rumos da profissão, apontando que a Psicologia pela natureza de seu conhecimento deveria ser “muito mais que uma atividade de luxo” (p.109).

Campos (1983) afirmava que as contingências do mercado de trabalho estariam “empurrando” o psicólogo para as classes subalternas e que esta migração exporia as insuficiências teórico-técnicas da Psicologia tradicional. Esses estudos pontuaram, portanto, o elitismo da profissão, com a prática do psicólogo restrita àqueles que poderiam pagar pelos serviços profissionais, tornando inacessível o atendimento psicológico para a maior parte da população.

O Conselho Federal de Psicologia reconhece, ao publicar referências técnicas para o exercício profissional para a área da assistência social, que “a despolitização, a alienação e o elitismo marcaram a organização da profissão e influenciaram na construção da idéia de que o (a) psicólogo (a) só faz Psicoterapia” (Conselho Federal de Psicologia e Conselho Federal de Serviço Social, 2007, p.20).

Uma análise da realidade concreta de vida das pessoas, a partir de uma compreensão histórica e social de constituição dos indivíduos exige, no entanto, novos posicionamentos da Psicologia e do fazer psicológico (o sofrimento psíquico não é igual para todos – ricos e pobres). Bock (1999) discute as limitações sociais do trabalho do psicólogo restrito aos consultórios particulares ou escritórios para a interferência ou a melhoria das condições de vida das pessoas atendidas Dados de uma pesquisa solicitada pelo Conselho Federal de Psicologia (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, 2004) indicam que 55% dos participantes informaram que sua atividade principal era “atendimento clínico individual ou em grupo” e 53% que seu local de trabalho é o consultório particular (41%) e clínica (12%).

Exercem suas atividades em políticas públicas de saúde, segurança ou educação 11% dos entrevistados. Mesmo considerando essa configuração profissional, ainda majoritariamente atuando de modo individual e com uma abordagem clínica, o envolvimento e a presença dos profissionais nos espaços públicos têm crescido, sobretudo em organizações não-governamentais e no poder público.

Yamamoto (2007), ao discutir esse movimento da área, pontua a importância do envolvimento dos psicólogos na área da saúde, sobretudo na participação na Luta Antimanicomial, “que acabam definindo algumas das condições para a inserção da categoria, de forma mais extensiva, no campo público do bem estar social” (p.31).

De acordo pesquisa realizada pelo IBGE (2006, p.55), em 2005, o número de pessoas ocupadas na área de assistência social da administração municipal foi, aproximadamente, de 140.000 pessoas, sendo 18,3% com formação superior em Psicologia e mais da metade (51,2%) com formação em Serviço Social.

Havia, portanto, uma predominância de assistentes sociais, com a Psicologia como segunda categoria profissional presente neste setor dos serviços públicos. Essa situação vem se modificando ao longo dos últimos anos, especialmente depois da implantação do SUAS. Desta inserção no campo da Assistência Social decorrem inúmeros desafios para o profissional de Psicologia.

Em 2005, Senra conduziu um estudo em que os psicólogos da rede municipal de assistência puderam relatar as dificuldades encontradas em sua prática, considerando, sobretudo, uma formação pouco embasada na realidade de atuação da Psicologia Social. Os resultados desse trabalho apontaram para uma tensão entre o papel profissional do psicólogo e do assistente social diante das demandas do campo de trabalho.

  1. O trabalho conjunto entre estes dois profissionais (Serviço Social e Psicologia) constitui-se como um ponto de conflito gerando dúvidas quanto à complementaridade ou a especificidade em relação a sua atuação.
  2. Psicólogos e Assistentes Sociais questionam-se uns aos outros sobre seus papéis e funções diante da realidade com que têm que lidar no cotidiano do trabalho.

Diante dos questionamentos, surgem inúmeras dificuldades quanto às possibilidades de intervenção no campo sem que sejam aprofundadas de modo coletivo (Senra, 2005). Essa condição aponta para a importância de um aprofundamento desta realidade a partir de uma análise crítica acerca da acerca da natureza e características de sua intervenção, assim como da condição de vida das pessoas atendidas pelas políticas públicas de Assistência Social.

Ao mesmo tempo, igualmente importante e necessária, a apropriação dos princípios e diretrizes das legislações da Assistência Social torna-se um instrumento fundamental para o desenvolvimento do trabalho diante das mais difíceis e diversas condições sociais que se apresentam diante dos profissionais.

(CFP e CFESS, 2007). Concordamos com Freitas (2005) quando afirma que, na atualidade, é possível identificar uma proliferação de práticas e trabalhos comunitários dirigidos a uma variedade de problemáticas individuais e comunitárias. O crescimento das grandes cidades foi acompanhado de um processo de “periferização” que, por sua vez, não foi acompanhado de investimentos públicos para atendimento da população, atribuindo essa responsabilidade a organizações não-governamentais.

O crescimento dessas organizações se deu de modo segmentado com intervenções para várias finalidades (criança, adolescente, família, idoso, morador de rua) em uma lógica assistencialista, historicamente construída nas políticas públicas de Assistência Social e insuficientes para uma mudança da realidade cotidiana da população atendida.

A prática psicológica na Assistência Social encontra, assim, o desafio de ampliar o debate entre os diversos atores da política dessa área e de investir na sistematização das práticas que se comprometam com a transformação da realidade, e não com sua manutenção.

  1. Com o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), a atuação do psicólogo está em pauta.
  2. No âmbito nacional, os psicólogos estão integrando as equipes dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e dos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) dos municípios (Ministério de Desenvolvimento Social, 2004).

A Política Nacional de Assistência Social propõe uma maior integração das ações da Assistência Social, mas o lugar do psicólogo nessa conjuntura ainda se encontra em construção.

  1. Há a permanência de dificuldades antigas para aqueles profissionais que já atuam na área e novos desafios que exigem a construção de estratégias de superação e fortalecimento para que seja possível o desenvolvimento das ações e o aprofundamento do debate sobre o papel do psicólogo e as contribuições da Psicologia para a Assistência Social.
  2. O psicólogo no SUAS: cenário atual
  3. A inserção do psicólogo na Assistência Social oficializa-se no país, portanto, por intermédio do SUAS, como um dos profissionais que devem compor as equipes dos CRAS e dos CREAS.

Com o processo de implantação do SUAS em todo território nacional amplia-se, significativamente, o número de psicólogos inseridos no campo da Assistência Social no nível do Poder Público e das ONGs, na composição das equipes da rede socioassistencial.

Mas não basta o ingresso dos profissionais de psicologia no campo. É preciso mais – acompanhamento e formação para a intervenção com uma análise crítica da realidade social e política. Botarelli (2008, p.16) enfatiza esse aspecto: O trabalho de profissionais da área de assistência social passou por uma nova estruturação a partir deste novo ordenamento, mas ainda resta aprofundar-se sobre a consolidação do que e quais são as ações e os serviços sócio-assistenciais a serem caracterizados como básicos ou especiais.

A atuação em contextos adversos, como em bairros na periferia das cidades ou em ocupações ou favelas implica a elaboração de metodologias alternativas às que são comuns e tradicionais no fazer do psicólogo. Ao profissional de Psicologia cabe a análise da ausência histórica de investimento do Estado nessas comunidades, culminando com a inexistência e insuficiência de espaços e equipamentos públicos, assim como a necessidade de revisitar as próprias intervenções da Psicologia, que precisam transpor os limites de uma sala, para um outro modelo de atendimento fundamentado em uma análise crítica da profissão (Parker, 2007).

  • Existem inúmeros desafios a serem enfrentados na construção do lugar do psicólogo nas políticas públicas de Assistência Social, em especial na atualidade, com a implementação do SUAS.
  • Em alguns municípios, a contratação de muitos psicólogos oficializa-se por meio de ONGs, sob a justificativa de impedimentos fiscais e legais pelos gestores municipais e a ausência de concursos públicos para o cargo.

A inserção profissional, articulada dessa forma, precariza o serviço público, além de assumir contornos de desvalorização da categoria profissional com baixos salários e alta rotatividade de profissionais. Botarelli (2008, p.52) apresenta proposição semelhante ao afirmar que: Ao considerarmos a agenda neoliberal no setor das políticas públicas, a probabilidade de envolvimento profissional do psicólogo por delegação do CRAS no chamado ‘terceiro Setor’ é mais promissora do que propriamente o desenvolvimento de trabalhos no âmbito do estado, mesmo que a ocupação seja significativamente maior também no setor público comparativamente às primeiras décadas após a regulamentação da assistência.

  • Este contexto de terceirização do serviço público remete o psicólogo a um lugar de subalternidade aos gestores das ONGs, no atendimento dos interesses específicos de cada entidade.
  • Os profissionais contratados pelas ONGs vivenciam dilemas semelhantes aos profissionais do Poder Público, mas em sua maioria participam pouco pelo temor da perda do emprego vulnerável e instável resultado do tipo precarizado de contrato de trabalho.

Destacamos assim que, embora haja hoje uma preocupação crescente com a formulação de parâmetros e diretrizes para a atuação do psicólogo no SUAS, mais especificamente nos CRAS (Conselho Federal de Psicologia, 2007a; CFP e CFESS, 2007), isso não se traduz em uma prática profissional, de acordo com as diretrizes estabelecidas.

Muitas vezes as diretrizes são subvertidas obedecendo aos interesses dominantes da gestão municipal ou da direção das ONGs. Por outro lado, os psicólogos (servidores públicos concursados) vivenciam os dilemas estruturais da atuação, que sofre as repercussões das mudanças administrativas e os impactos da falta de investimento em infraestrutura tanto para as comunidades quanto para os próprios serviços públicos.

Mesmo com um contrato mais estável, esses profissionais também sofrem o temor da retaliação, dependendo da postura assumida pelos gestores municipais da Assistência Social. Observamos, portanto, que os avanços no discurso pertinentes à área da Assistência Social, assim como da própria Psicologia, ainda não são acompanhados de avanços no cotidiano da ação.

Documentos oficiais não garantem a ocorrência na gestão dos municípios, muito menos a competência profissional para o exercício em condições totalmente adversas. Nesse sentido, Botarelli (2008) alerta para os riscos, na implantação dos CRAS, dentre uma das discussões na área: a permuta de plantões sociais centralizados para a periferia da cidade sem uma reflexão sobre ações de cunho transformador e com o agravante do isolamento das pessoas excluídas em seu próprio território.

A prática profissional do psicólogo no âmbito da Política Nacional de Assistência Social configura desafios para além de uma atuação técnica (abordagens e metodologias psicológicas), pois esta inserção no campo de atuação é contraditória e muitas vezes tensa na articulação entre os profissionais, sua prática profissional e a instituição pública.

Não se resolvem as questões sociais e a falta de acesso da população ao atendimento psicológico disponibilizando o profissional sem uma formação adequada ou infraestrutura de trabalho. Pontuamos, assim, a importância do olhar crítico dos profissionais da Psicologia que atuam na área da Assistência Social e da articulação necessária entre a prática e a produção de conhecimento acumulada pela Psicologia nos últimos anos, especialmente, no contexto latino-americano com realidade social semelhante.

Compromisso social da Psicologia “No final dos anos 80, começaram novos movimentos de mudança na atuação profissional e adotou-se o lema do compromisso social como norteador da atuação psicológica” (CFP e CFESS, 2007, p.20). A “I Mostra Nacional de Práticas em Psicologia: Psicologia e Compromisso Social”, realizada em 2000 pelo Conselho Federal de Psicologia, pode ser considerada um evento marcante na visibilização das diversas práticas sociais dos psicólogos.

Yamamoto (2007) destaca que o compromisso social do psicólogo passa de “tema a lema” nos debates sobre a profissão, vinculado a um grupo de psicólogos que lideraram este movimento. O compromisso social da Psicologia valorizava a construção de práticas comprometidas com a transformação social em direção a uma ética voltada para a emancipação humana (CFP, 2007a, p.6).

Os significados atribuídos a este compromisso, no entanto, têm sido diferenciados de acordo, por exemplo, com a formação do profissional, ideologia, contextos de atuação, entre outros fatores. Concordamos com Lopes (2005, p.10) quando aponta que o “conteúdo ideológico está presente na construção e na utilização de todo e qualquer conceito dentro das ciências, com maior ou menor grau de consciência de quem dele se apropria”.

Mas, ainda, não basta dizer de compromisso social. Para que uma profissão assuma para si a proposta de enfrentar a sociedade desigual e injusta, a serviço da emancipação humana, é preciso que ela rompa com suas próprias amarras históricas de uma profissão comprometida com a classe social dominante e que se mantém reproduzindo e mantendo o status quo (Martín-Baró, 1997; Prilleltenski, 1994).

Destacamos aqui a discussão proposta por Guareschi (2001) de que se torna necessário explicitar de que social estamos falando, quando nos referimos ao compromisso social da Psicologia, desvelando a visão de mundo dos psicólogos. Em consonância com Lopes (2005), Guareschi (2001, p.80) esclarece ainda que: A concepção que temos de social passa a se concretizar muitas vezes inconscientemente, na prática, em minhas condutas, ou comportamentos, e no tipo de relações que eu estabeleço.

É na prática que vamos testar qual é o nosso social, qual o nosso compromisso social. A heterogeneidade e o uso banalizado do termo como constituinte de modismos e de vocabulário politicamente correto no meio dos profissionais sem uma correspondente mudança na realidade do trabalho dificultam o aprofundamento e a compreensão das questões envolvidas e esvaziam de sentido um projeto técnico-político para a profissão e para os profissionais em exercício.

Martinez Mitjáns (2003) elenca questionamentos que consideramos de importância para a discussão do compromisso social na Psicologia. A autora considera complexa essa discussão, tornando-se necessária a reflexão sobre a quem se refere o compromisso social: É o corpo articulado de conhecimentos representado pela Psicologia como ciência particular que se compromete socialmente ou é o indivíduo psicólogo que produz esses conhecimentos ou que os utiliza nas suas práticas profissionais específicas? (Martinez Mitjáns, 2003, p.144) Dessa forma, o compromisso social na psicologia pode assumir conotações variadas, cabendo o esclarecimento de com quem e de que forma ele é firmado.

  • Assim, entendemos que o discurso de compromisso social da Psicologia deve estar articulado com uma prática coerente com tal propósito.
  • A Psicologia é uma construção humana condicionada histórica e culturalmente (Martinez Mitjáns, 2003) e os psicólogos ocupam lugar central quando se pretende abordar esta questão do compromisso social.

Os conhecimentos são produzidos por sujeitos concretos imbuídos de suas experiências, visão de mundo e interesses que se expressam em práticas diversificadas, Quando Yamamoto (2007, p.34) aponta que “atuar com compromisso significa não somente superar o elitismo, mas dirigir a ação para rumos diferentes daqueles que têm consagrado a Psicologia”, é preciso retomar o projeto da profissão com crítica consistente de diferentes elementos presentes na formação e no exercício profissional nos diferentes setores sociais onde a profissão se faz presente.

  1. Para uma atuação comprometida socialmente, não basta somente deslocar práticas e modelos teóricos de outros contextos de atuação do psicólogo para espaços comunitários, ou mesmo, restringir a abrangência de sua atuação.
  2. Concordamos que é insuficiente e ineficaz uma intervenção que não busque a contextualização das vivências dos diversos espaços sociais e das pessoas e comunidades que constituem o tecido social com o qual o profissional trabalha.

Martin-Baró (1997) aponta que o psicólogo deve despojar-se de pressupostos teóricos adaptacionistas e que para isso é necessária a elaboração de novas visões conceituais, novos métodos de diagnóstico e de intervenção – a construção de uma outra psicologia.

Em uma prática no campo da Assistência Social entendemos que é necessário um aguçamento do olhar crítico sobre as relações hegemônicas da sociedade, das políticas públicas existentes construídas nesse contexto e das condições concretas de vida da população atendida. Do mesmo modo, conforme aponta Yamamoto (2007), a atuação do psicólogo no setor público, por si só, não representa um indicador do compromisso social do profissional.

Muitas práticas intitulam-se de transformação social, sem, contudo significar mudanças na realidade das pessoas e das comunidades. Determinadas formas de intervenção no setor público podem caminhar em direção oposta à transformação social e ao compromisso social.

  • Muitas dessas práticas caminham no sentido oposto ao de transformação, embora no discurso intitulem-se como sendo práticas transformadoras.
  • Lopes (2005) pontua que a preocupação do psicólogo com as condições de vida da população geral e com os problemas relativos à estrutura social não tem se refletido na mesma intensidade em ações concretas a partir de tais preocupações.

Freitas (2005) destaca também a importância em se identificar a relação entre a prática desenvolvida nos trabalhos comunitários e os projetos políticos implicados. A autora esclarece que o caráter de transformação social do trabalho comunitário não é dado simplesmente por ser realizado com sujeitos novos ou com recursos nunca realizados ou ainda em situações desafiadoras (Freitas, 2005).

  1. Os trabalhos comunitários poderiam ainda estar identificados em diferentes dimensões, transformadoras em alguns momentos, “sem necessariamente implicar numa proposta de transformação social na sua totalidade ou nos aspectos estruturantes” (Freitas, 2005, p.50).
  2. Existem práticas inéditas com caráter de não transformação, assim como práticas transformadoras que não são necessariamente inéditas.

Avaliar a prática e suas consequências no cotidiano de vida das populações atendidas tem disso um desafio para os profissionais deste campo. A definição de práticas comprometidas com a transformação social exige um movimento crítico na análise e produção de conhecimento e de formulação de intervenções que englobem a complexidade que podemos observar no tema.

Concordamos com Yamamoto (2007) que, para um compromisso com a transformação social, faz-se necessário ampliar os limites da dimensão política da ação profissional do psicólogo. É essencial na prática comunitária a compreensão das repercussões das questões estruturais da sociedade no cotidiano das comunidades atendidas e de uma reflexão sobre a atuação do profissional de Psicologia nos contextos institucionais públicos.

Pereira (CFP, 2007b, p.72) reforça este aspecto ao afirmar que: Ressaltar a necessidade de pensarmos sobre a relação entre a Psicologia o domínio do público tem aqui uma aposta que afirmo ser da ordem da resistência, e apostar em uma contra-tendência hegemônica e fazer, então, esse movimento de resistência no sentido positivo, portanto, na compreensão política que se pode dar a essa noção, obriga a Psicologia a fazer um desvio.

  • Fazer esse desvio da Psicologia é engajá-la em um movimento crítico.
  • Considerações finais À Psicologia Social Comunitária e aos psicólogos da área cabem a explicitação de “um compromisso político e adoção de práticas psicossociais voltadas para intervenções coletivas com propostas de construção de atores coletivos” (Freitas, 2005, p.52).

Ao psicólogo cabe, então, assumir sua função social e política, uma vez que a intervenção profissional “é sempre posicionada e deve ser objeto de reflexão constante, a fim de que esse posicionamento fique claro” (Gonçalves, 2003, p.278). Para Martin-Baró (1997, p.7) “o trabalho profissional do psicólogo deve ser definido em função das circunstâncias concretas da população a que deve atender”.

  • O psicólogo brasileiro e latino-americano se assume um compromisso com a maioria da população deve ter como horizonte a perspectiva das massas populares, voltando sua prática para a melhoria das condições de vida da população e assumindo um compromisso de transformação da realidade social.
  • Essas contribuições denotam que é preciso mudar a prática e a formação dos profissionais de psicologia para sua inserção e atuação nos espaços comunitários e dos serviços públicos.

As tensões e conflitos diários presentes no exercício cotidiano do trabalho neste campo, tornam o profissional da psicologia ou um mero repetidor de práticas que não resultam na efetiva mudança ou em alguém que, por buscar saídas na psicologia conservadora e hegemônica, acaba desistindo de fazer avançar a profissão como ferramenta de mudança social.

A inserção do psicólogo no campo da Assistência Social requer a construção não somente de novas metodologias, mas de uma reflexão crítica acerca da própria atuação profissional num cenário de profundas desigualdades sociais, acerca da constituição da sociedade no sistema capitalista, das políticas que prometem mudanças impossíveis de acontecerem.

Um novo projeto ético-político-profissional é necessário para a Psicologia de modo que seja capaz de nortear a natureza, os objetivos e os próprios limites das intervenções neste campo. O projeto do “compromisso social do psicólogo” já se esgotou para a psicologia, pois mesmo com alguns avanços, tornou-se esvaziado de sentido quando não aprofunda as contradições existentes na sociedade e na própria profissão.

Uma prática comprometida com a transformação social da realidade requer um maior debate, portanto, sobre esse sujeito que implementa as políticas públicas, o profissional no campo da Assistência Social. O protagonismo do psicólogo na construção de uma outra psicologia exige uma perspectiva crítica e constante articulação com as políticas públicas vigentes, especialmente com a implementação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS.

Agradecimentos O presente artigo constitui parte da tese “Psicólogos sociais em uma instituição pública de Assistência Social: analisando estratégias de enfrentamento”, defendida por Carmem M.G. Senra em fevereiro/2009, com bolsa de estudo da CAPES e sob a orientação da Profª Dra.

  • Recebido em: 27/02/2009
  • Revisão em: 26/06/2010
  • Aceite em: 11/04/2011

Carmem Magda Ghetti Senra é Doutora em Psicologia pela PUC-Campinas (2009). Psicóloga na Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura de Campinas. Endereço: R. Dr. Herculano Gouveia Neto, 460 – bl. G/62. Vila Campos Sales. Campinas/SP, Brasil. CEP 13040-460.

Qual o salário de um psicólogo organizacional?

Descubra qual a remuneração de um psicólogo organizacional A psicologia organizacional serve para trazer melhores resultados relacionados à sua gestão de pessoas. Entendendo cada colaborador, o psicólogo organizacional junto ao RH da sua empresa consegue trabalhá-lo conforme o que a organização e a equipe precisam e fazê-lo se sentir bem dentro do seu negócio.

Além disso, observando como os profissionais se comportam no ambiente de trabalho, os psicólogos organizacionais entendem como cada colaborador pode contribuir para o desenvolvimento da empresa e a harmonia no ambiente de trabalho. Neste cenário, surge a dúvida: qual a remuneração de um psicólogo organizacional ? Vamos descobrir no texto de hoje.

Presente em organizações diversas, consultorias e prestadores de serviços o Psicólogo Organizacional é um profissional essencial para a condução de ações de gestão de gente e de clima de forma sustentável e assertiva nas empresas, devido a isso há uma demanda positiva de vagas de emprego para profissionais da área no mercado de trabalho.

Hoje um Psicólogo Organizacional tem remuneração média de R$ 2.950,85 no mercado de trabalho brasileiro para uma jornada de trabalho de 38 horas semanais. As informações são de acordo com pesquisa do Salario.com.br junto a dados oficiais do Novo CAGED, eSocial e Empregador Web com um total de 1.790 salários de profissionais admitidos e desligados pelas empresas no período de Abril de 2021 a Março de 2022.

A faixa salarial do Psicólogo Organizacional fica entre R$ 2.600,00 salário mediana da pesquisa e o teto salarial de R$ 5.834,77, sendo que R$ 2.811,25 é a média do piso salarial 2022 de acordos coletivos levando em conta profissionais em regime CLT de todo o Brasil.

  • A cidade com mais ocorrências de contratações e por consequência com mais vagas de emprego para Psicólogo Organizacional é São Paulo – SP.
  • Em Goiás, a remuneração média do psicólogo organizacional é de R$ 2.826,35.
  • Mas vale lembrar que conforme o profissional for adquirindo mais experiência no mercado de trabalho, oportunidades melhores podem aparecer.

A Faculdade de Gestão e Inovação oferece a pós-graduação em com o objetivo de fornecer ao psicólogo uma capacitação técnica, teórica, prática e atualizada acerca dos testes de Avaliação Psicológica. O curso dura 1 ano e 6 meses, é 100% digital e os encontros acontecem mensalmente aos finais de semana, uma oportunidade perfeita para quem não tem tempo durante os outros dias.

O que é Psicologia Social Lane?

A definição de Lane de que Psicologia Social estuda o comportamento no que ele é influenciado pelo ambiente social, mostra que o diálogo é possível visto que a Análise do Comportamento também estuda o comportamento humano levando em conta o efeito que a sociedade tem sobre ele.

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