No apagar das luzes de 2023, mais casas de análise têm revisado as suas projeções para os principais índices de mercado para o ano que vem.

A equipe de estrategistas do Santander, formada por Aline Cardoso (head), Luane Fontes e Guilherme Motta destacou suas projeções para 2024, projetando o Ibovespa a 160 mil pontos até o final de 2024. Este patamar representa um potencial de valorização de cerca de 23% frente o fechamento da última sexta-feira (15).

O banco destaca que, em junho de 2023, projetava já um mercado altista para as ações brasileiras, apoiado no ciclo de flexibilização das taxas de juros no Brasil.

“Desde então, o Ibovespa subiu 15%, mas ainda vemos espaço para uma recuperação mais forte”, avalia a equipe de estratégia.

A visão positiva é baseada em:

➢ Ciclo de flexibilização contínua do Banco Central do Brasil (BCB), com a taxa Selic atingindo 9,5% até o final de 2024, na projeção do banco;

➢ A crescente probabilidade de um “pouso suave” na economia dos EUA, o que poderá levar o Federal Reserve a reduzir as taxas no segundo semestre de 2024 (2S24);

➢Apesar da recuperação recente, o valuation ainda é atrativo do Ibovespa. O índice negocia agora a um múltiplo de preço/lucro futuro de 8 vezes, ainda um desvio padrão abaixo da média de 15 anos e nem sequer precificando o nível atual de rendimentos reais de 10 anos, aponta o banco;

➢ O pior do crescimento do lucro por ação (P/L) ficou para trás. Depois de cair cerca de 20% em 2023, os estrategistas do Santander esperam ver os lucros se recuperarem 15% em 2024, com a maior parte da recuperação liderada por nomes voltados ao mercado nacional e

➢ Posicionamento ainda leve dos agentes financeiros. “De acordo com nosso novo Santander Sentiment Index, os maiores hedge funds do Brasil ainda não estão significativamente alocados em ações”, avaliam.

Os estrategistas do Bank of America (BofA) também destacaram em relatório de estratégia para América Latina estarem otimistas com o Brasil, com exposição overweight (acima da média) para o país na região e vendo o índice a 145 mil pontos no fim do próximo ano (upside de 11%).

“Vemos melhorias nas tendências operacionais para a maioria dos setores nacionais, e um cenário global favorável para o minério de ferro e o petróleo. Os valuations continuam atrativos, como foram durante todo o ano de 2023, e nós acreditamos que o risco de revisões de baixa dos lucros para 2024 diminuiu em comparação com 2023”, apontam.

Por outro lado, veem como principal risco para a sua visão a reforma tributária, que pode corroer uma parte significativa da crescimento dos lucros das empresas.

O impulso operacional junta-se à narrativa positiva de “taxas mais baixas”, apesar da visão de desaceleração do crescimento do PIB brasileiro em 2024.

Ações em destaque

Ao fazer uma análise setorial, os estrategistas do Santander, conforme destacado, apontam que o ambiente macroeconômico previsto para 2024, que inclui (i) queda das taxas de juro, (ii) inflação controlada e (iii) melhoria das condições macroeconômicas globais podem ser benéficas para as empresas cíclicas domésticas.

“No entanto, é importante observar atentamente questões idiossincráticas dentro de cada indústria, tais como as seguintes: (i) o cenário regulatório para os bancos, incluindo a possibilidade de um limite máximo para as taxas de juros dos cartões rotativos e as mudanças dos Juros sobre Capital Próprio (JCP); (ii) as repercussões das mudanças nos incentivos fiscais para os varejistas e a ascensão de concorrentes internacionais; e (iii) uma atualização do quadro regulatório do setor de utilities”, ponderam.

A equipe de especialistas tem uma visão positiva sobre: bancos; varejo e bens de consumo; utilities; construção civil e transportes.

A visão é neutra sobre: setor financeiro não-bancário; bens de capital; educação; saúde; petróleo e gás; papel e celulose; mineração; teles e tecnologia; alimentos e bebidas.

A visão é negativa para o setor petroquímico e também para o siderúrgico.

O Santander também listou o portfólio sugerido para 2024, que segue abaixo:

O Bank of America, por sua vez, destaca gostar do setor de bancos e de empresas de consumo de mais alta renda.

Na carteira para o ano, das ações brasileiras, estão as seguintes: Cury (CURY3), Petrobras PN (PETR4), Prio (PRIO3), Cosan (CSAN3), Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), B3 (B3SA3), BTG Pactual (BPAC11), Hapvida (HAPV3), Rumo (RAIL3), Vale (VALE3), Alos (ALOS3), Eletrobras (ELET3), Equatorial (EQTL3) e Sabesp (SBSP3).

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