O rotavírus é um problema conhecido e combatido há anos no Brasil. Ele é motivo de preocupação especialmente para crianças menores de 5 anos. Esse vírus provoca surtos de diarreia, além de outros sintomas, e pode ser fatal.
A prevenção é fundamental para evitar a infecção. Conhecer os sintomas, as formas de tratamento e também os cuidados com rotavírus em crianças ajudam contra a doença. O Ministério da Saúde, por exemplo, disponibiliza vacina.
O que é o rotavírus
Vírus RNA da família Reoviridae, o rotavírus é um dos principais agentes virais que provocam doenças diarreicas agudas, conhecidas como DDA. Esse vírus requer uma atenção redobrada em crianças. Ele é responsável por quadros de surto de diarreia aguda em crianças menores de 5 anos, especialmente em países em desenvolvimento.
A manifestação clínica é conhecida como gastroenterite. Pessoas de todas as idades estão suscetíveis à infecção por rotavírus. Contudo, a prevalência maior é registrada em menores de 5 anos. As infecções em recém-nascidos são mais leves ou até mesmo assintomáticas. Isso se deve, provavelmente, aos anticorpos maternos transferidos pela amamentação.
Como não se trata de uma doença de notificação compulsória, a rotavirose é monitorada pelo Ministério da Saúde por meio da estratégia de vigilância sentinela.
A investigação epidemiológica se concentra em casos individuais de menores de 5 anos que apresentam o quadro de DDA e que foram atendidos em unidades sentinelas para rotavírus. No Brasil, pesquisas apontam que os casos de rotavírus foram registrados pela primeira vez em 1976.
A Rede Global de Vigilância da Diarreia Pediátrica, em 2023, apontou que o rotavírus é o maior responsável pelos casos graves de diarreia aguda em crianças menores de 5 anos em países de baixa e média renda. Assim, provoca mais de 200 mil óbitos por ano. A pesquisa foi coordenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Sintomas do rotavírus
Ocorrências repentinas de vômitos, especialmente na faixa etária dos seis meses aos dois anos, são os principais sintomas do rotavírus. Nas formas graves, esse vírus pode levar à morte.
- Vômitos
- Diarreia com aspecto aquoso, gorduroso e explosivo
- Febre alta
- Desidratação
- Febre
Quais são as complicações potenciais do rotavírus?
De acordo com a avaliação clínica do paciente, a internação hospitalar é indicada para tratar os sintomas do rotavírus, como a desidratação severa. A reposição de líquidos e minerais é essencial.
A Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, em documento sobre a doençaapontou que relatos encontrados na literatura associam a infecção por rotavírus a algumas complicações como encefalites, Síndrome de Reye (condição aguda que atinge o cérebro e o fígado) e à Doença de Kawasaki (condição que causa inflamação nas paredes de alguns vasos sanguíneos do corpo).
Como acontece a transmissão do rotavírus?
A rotavirose é transmitida pela via fecal-oral. Ou seja, contato de pessoa a pessoa, ingestão de água e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados, além de propagação aérea por aerossóis. O rotavírus é encontrado em altas concentrações nas fezes das crianças infectadas.
O período de incubação da doença é, em média, de dois dias. A transmissibilidade máxima da excreção viral acontece no terceiro e quarto dias, a partir do aparecimento dos primeiros sintomas.
Assim, a melhor prevenção do rotavírus é a higiene, especialmente levando em consideração a vulnerabilidade das crianças menores de 5 anos.
Surto de diarreia aguda causado por rotavírus
O estado de Goiás vem enfrentando um quadro de surto de diarreia aguda. A Secretaria de Saúde fez 12.205 registros de casos, em 74 municípios goianos. O rotavírus é apontado como o principal causador.
É um problema de saúde pública que requer cada vez mais atenção e conscientização para a prevenção.
Diagnóstico e tratamento para infecção por rotavírus
Nos serviços públicos de saúde, o diagnóstico de rotavírus se dá por meio de coleta da amostra de fezes frescas (in natura), em torno de 5 a 10 ml, sem conservantes. A amostra, armazenada em frasco, é enviada para laboratório para a análise. É recomendada a coleta simultânea de amostras de fezes para análise viral, bacteriana e parasitológica.
Testes de látex e eletroforese, que compõem o que é chamado de imunoensaios, também são formas de diagnóstico da doença. É uma maneira considerada eficaz e barata de usar em laboratórios.
Qual é o tratamento para rotavírus?
O protocolo do Manejo das Doenças Diarreicas Agudas que dita o tratamento. A reposição de líquidos e minerais, para prevenir ou corrigir a desidratação, é um ponto essencial, bem como:
- Correção da desidratação e do desequilíbrio eletrolítico (Planos A, B ou C)
- Combate à desnutrição
- Uso adequado de medicamentos
- Prevenção das complicações
O Ministério da Saúde alerta que não é recomendado o uso de antimicrobianos, antidiarreicos e antieméticos no tratamento do rotavírus.
O que tomar para rotavírus?
Além de repouso, é necessário ingerir uma quantidade adequada de líquidos, justamente para combater e evitar uma possível desidratação. Caso a diarreia por rotavírus persista, o médico pode receitar um medicamento (antidiarreico) para controlar o problema.
Como prevenir o rotavírus?
Prevenção com vacina contra o rotavírus
A vacina contra rotavírus humano G1P1(8) (atenuada) é indicada para crianças menores de seis meses. O esquema vacinal é de duas doses, via oral, sendo a primeira aos dois meses e a segunda aos quatro meses. É necessário um intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.
Contudo, a vacina é contraindicada nos seguintes casos: imunodeficiência, uso de imunossupressores ou quimioterápicos, história de doença gastrointestinal crônica, má-formação congênita do trato digestivo não corrigida, história prévia de invaginação intestinal ou história de hipersensibilidade a qualquer componente da vacina.
Quais os efeitos colaterais da vacina?
Os bebês podem apresentar um quadro de diarreia ou vômito leve, algo temporário. Além disso, podem ficar mais irritáveis.
Hábitos de higiene e outras medidas preventivas
A prevenção é uma aliada importante contra o rotavírus. Assim, lavar as mãos com frequência e higienizar os alimentos são pontos essenciais. É necessário evitar o contato com pessoas infectadas.
Quanto aos cuidados com rotavírus em crianças, além dos alertas higiênicos, garantir que a escola/creche preze por ambientes ventilados e tenha atenção redobrada com o contato diário entre os alunos, além de estar sempre vigilante sobre possíveis sintomas.
O Ministério da Saúde aponta outras ações de prevenção:
- Lavar sempre as mãos antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular/preparar os alimentos, amamentar, tocar em animais;
- Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
- Proteger os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guardar os alimentos em recipientes fechados);
- Guardar a água tratada em vasilhas limpas e de boca estreita para evitar a recontaminação;
- Não utilizar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados;
- Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada. Quando não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado;
- Usar sempre a privada, mas se isso não for possível, enterrar as fezes sempre longe dos cursos de água;
- Manter o aleitamento materno (aumenta a resistência das crianças contra as diarreias), evitando o desmame precoce.