Ao participar de uma conferência no final de maio, Enrique Lores, CEO da HP, revelou que o volume de impressões nos escritórios caiu cerca de 20% depois da pandemia. O que mais surpreende é o motivo principal dessa redução: o trabalho híbrido. Quem trabalha de casa imprime menos. Ou simplesmente não imprime.
Pico de impressões na pandemia
Lores conta que o número de páginas impressas vinha caindo nos últimos anos, mas teve um pico de aumento nos ambientes domésticos durante a pandemia. Depois disso, o movimento de queda foi retomado.
Não é uma situação surpreendente. Na pandemia, o volume de impressões domésticas aumentou simplesmente porque muita gente trocou escritórios e salas de aula pelo lar. As impressoras passaram a ser usadas até para impressão de atividades de entretenimento para crianças.
Apesar do pico de impressões no ambiente doméstico, as empresas adotaram tecnologias ou procedimentos para permitir que seus funcionários trabalhassem de modo remoto.
Esses esforços incluem soluções de compartilhamento de documentos, plataforma de comunicação ou colaboração, e sistemas de assinatura digital. Tudo isso reduz a necessidade de impressões em papel.
Menos impressões por causa do trabalho remoto
Depois da pandemia, essas tecnologias continuaram sendo usadas, afinal, muitas organizações permaneceram com o modelo de trabalho remoto ou adotaram uma proposta híbrida, que não exige que o funcionário vá ao escritório todos os dias. O efeito é este: menos impressões no ambiente corporativo.
Enrique Lores confirma esse cenário:
“No espaço corporativo, claramente, o número de páginas que são impressas está menor menor do que antes da pandemia. E isso é realmente motivado por aquilo que chamamos de trabalho híbrido. Há menos pessoas no escritório todos os dias. Isso diminuiu a quantidade de páginas (impressas).
Enrique Lores, CEO da HP
O executivo explica que, hoje, o volume de impressões corresponde a 80% do que era registrado no auge da pandemia. Essa redução de 20% já era esperada pela HP, razão pela qual a constatação não é exatamente uma má notícia. Levemos em conta também que o volume de impressões atual tem se mantido estável ou variando pouca coisa para baixo.
Isso não quer dizer que o cenário é confortável, porém. Na sua entrevista, Enrique Lores conta que as vendas de impressoras diminuíram nos últimos meses. De modo complementar, equipamentos já existentes estão sendo usados por mais tempo.
Não chega a ser uma crise
O executivo não cita números exatos, mas reconhece que a HP registra queda na receita com hardware de impressão há nove trimestres consecutivos, o que também causa um efeito negativo na venda de tintas ou toners.
Criar e implementar uma estratégia para a retomada das vendas parece ser a solução mais óbvia. Mas não é simples, afinal, existe uma pressão global para a diminuição de páginas impressas devido a fatores ligados ao meio ambiente. Além disso, impressões são caras, e as organizações sempre tentam diminuir os custos com elas.
Contudo, não dá para falar em crise. Mesmo com uma redução de aproximadamente 20% nas impressões, o setor ainda é muito demandado. Tanto que, em alguns mercados, a HP trabalha até com modelos de assinatura de impressão. Neles, a companhia oferece impressora e suprimentos mediante pagamentos periódicos.