Cristiano Gomes afirmou que está disponível para as autoridades e para a Igreja

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Cristiano Gomes afirmou que o padre Júlio Lancellotti o assediou sexualmente em maio de 1987, de acordo com a revista Oeste.

Gomes disse que tinha 11 anos quando o abuso aconteceu, enquanto ele era coroinha.

Cristiano disse que foi à sacristia para chorar depois da missa de sétimo dia da avó na Paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, bairro da Zona Leste de São Paulo. Ele afirma que o pároco de plantão o acolheu e percebeu que o consolo não foi apenas fraternal.

Ele mencionou toques afetuosos e afirmou que o religioso começou a se aproximar fisicamente dele. No final, Cristiano conseguiu escapar e nunca mais voltou ao lugar.

– Terminada a missa de sétimo dia, fui à sacristia e entrei num choro incessante, finalmente havia caído a ficha de que eu nunca mais iria ver a minha avó. Nesse momento, o padre entrou e me abraçou, um abraço que parecia ser afetuoso. Eu tinha muita admiração por ele e recebi aquele abraço como se fosse de um pai. Ele me abraçava e falava “te gosto muito, não fique assim”. Só que isso evoluiu. A barba dele, por fazer, começou a roçar no meu rosto, ele apertou mais o corpo contra o meu e começou a fazer movimentos — ou seja, esfregar-se em mim. Naquele momento, senti que ele estava excitado. Toda aquela admiração que eu tinha por ele virou medo. Eu me desvencilhei dos braços dele, saí correndo e nunca mais voltei à igreja – falou.

E acrescentou:

– As pessoas conhecem o personagem padre Júlio. Mas eu, da pior maneira possível, conheci o homem Júlio Renato Lancellotti.

Ele explicou a razão de ter demorado a falar sobre o caso.

– Não é fácil, ninguém sente orgulho em falar que foi assediado. Eu era uma criança. Seria a minha palavra contra a dele, que certamente falaria que eu estava abalado com a morte da minha avó e que não tinha sido nada daquilo.

Ressaltou ainda que está à disposição das autoridades e da Igreja Católica.

– Estou à disposição das autoridades e da Igreja. Quero levar adiante essa denúncia, pois acredito que chegou a hora de as pessoas saberem quem é não o padre que aparece na imprensa, mas o ser humano Júlio Renato Lancellotti, que, repito, tive o desprazer de conhecer da pior forma possível.

Cristiano afirmou ter encontrado o padre em duas ocasiões diferentes. Uma delas ocorreu durante o casamento de seu irmão em 2015, na capela localizada no campus da Mooca da Universidade São Judas Tadeu.

Foi Lancellotti quem realizou a cerimônia.

– Lancellotti fez questão de dizer que o meu irmão tinha sido batizado por ele, e de fato o foi, na paróquia dele. Mas ele não falou que eu tinha sido coroinha dele. Ali, tive a certeza de que ele se lembrava do que havia feito comigo.

– A única coisa que tenho a dizer, olhando para os olhos dele, é que, por mais que negue, ele, eu e Deus sabemos que é verdade. Aproveitaria para perguntar para onde ele acha que vai quando morrer, se é que ele acredita na Palavra que prega.

Da redação Estrutural On-line

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