Em uma perspectiva corrente. Aristóteles iniciou sua carreira como platônico, mas distanciou-se cada vez mais do platonismo, de sorte que a critica ao platonismo se aprofundou e se radicalizou com os anos
Segundo Owen, porém, ocorre um movimento muito diferente. Aristóteles teria, na sua fase inicial, rejeitado com veemência o platonismo no que concerne à metafísica; com os anos, porém, a rejeição matiza-se, enfraquece, e Aristóteles maduro volta a sustentar certas teses que – embora em um diapasão não platônico – evidenciam uma retomada da metafisica que tinha tão asperamente recusado.
Sim, é verdade que Aristóteles começou sua carreira como um estudante de Platão e foi profundamente influenciado por sua filosofia. No entanto, ao longo de sua vida, Aristóteles desenvolveu suas próprias teorias e se afastou do platonismo em muitos aspectos.
De fato, em sua fase inicial, Aristóteles rejeitou veementemente o platonismo em relação à metafísica. Ele discordava da ideia de que as ideias ou formas eram entidades independentes e imutáveis, que existiam em um mundo à parte do mundo físico. Em vez disso, ele propôs que as coisas individuais e concretas eram o foco da metafísica e que as formas eram apenas abstrações que surgiam da observação dessas coisas.
No entanto, ao longo do tempo, a posição de Aristóteles sobre a metafísica evoluiu. Embora ele nunca tenha adotado completamente as ideias platônicas sobre as formas, ele começou a reconhecer a importância de uma realidade mais ampla e mais fundamental do que o mundo físico que podemos ver e tocar.
Na sua fase madura, Aristóteles sustentou algumas teses que, embora diferentes do platonismo, revelam uma retomada da metafísica que ele havia rejeitado anteriormente. Por exemplo, ele afirmou que todas as coisas tinham uma causa final ou propósito, que existia uma ordem natural no universo e que a realidade consistia em diferentes níveis de ser e substância. Essas ideias foram fundamentais para o desenvolvimento posterior da filosofia medieval e da teologia cristã.