Petrobras Os rumos a serem tomados pela estatal a partir de janeiro de 2023 são diversos a depender do vitorioso nas eleições de outubro. Uma vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enterraria de vez o debate sobre a privatização da estatal, na visão de especialistas do setor. Um novo governo do PT também deve trazer de volta, em algum nível, a política de conteúdo local nas compras da estatal. Em relação à principal questão envolvendo a estatal nos últimos anos, a política de paridade de preços dos combustíveis ao mercado externo, as visões de Bolsonaro e Lula se aproximam, embora os discursos tenham abordagens diferentes.
Lula é mais direto quanto ao assunto preço e já afirmou que a paridade internacional não pode ser o parâmetro de definição dos preços dos combustíveis, que na visão dele devem estar ligados aos custos nacionais que incidem sobre a estatal.
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Preço dos combustíveis
A expectativa para um eventual governo Lula é de que a Petrobras abandone a atual política de preços atrelada ao preço internacional do petróleo e dos derivados. O candidato já se manifestou diversas vezes que pretende mudar a forma como a estatal calcula os valores de venda de derivados nas refinarias. «A PPI é para agradar os acionistas em detrimento de 215 milhões de brasileiros», afirmou Lula recentemente. Lula ressaltou também que a precificação de derivados como a gasolina e o diesel tem que ser baseada «em função dos custos nacionais» que incidem sobre a estatal.
Caso Bolsonaro saia vitorioso das urnas, é possível que a Petrobras siga com uma atuação para amortecer a volatilidade internacional sobre os preços dos derivados. Ao longo de quase quatro anos, o governo Bolsonaro teve quatro presidentes diferentes na estatal. Mesmo assim, o presidente da República afirmou que vê espaço para mais cortes nos valores de venda dos derivados produzidos pela estatal.
Refinarias
Caso o presidente Jair Bolsonaro seja reeleito, a expectativa é que o processo de venda das refinarias da Petrobras prossiga. Acordo fechado entre a estatal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica em 2019 prevê a venda de oito unidades de refino da companhia. Em junho, a Petrobras informou que vai reiniciar os processos de venda de Abreu e Lima, Getúlio Vargas e Alberto Pasqualini. A venda dos ativos é parte da estratégia do governo, via Ministério da Economia, de aumentar a concorrência no setor de produção de derivados, o que, na visão do ministro Paulo Guedes, deve contribuir para preços menores dos combustíveis a longo prazo.
Em um eventual governo Lula, a expectativa do mercado é de que as vendas das refinarias sejam suspensas. Ter refinarias nas mãos da Petrobras também garantiria um maior controle sobre os preços dos combustíveis, tema caro ao PT.
Privatização
Em agosto, o ministro afirmou que a privatização da estatal demoraria em torno de três anos. Uma fonte próxima à estatal afirmou que, em caso de vitória de Lula, o debate sobre a privatização da empresa estaria «enterrado». A expectativa é, inclusive, que a empresa seja fortalecida como estatal, uma vez que o ex-presidente já afirmou em entrevistas que a companhia será não apenas uma empresa de petróleo, mas uma «empresa de energia». No mercado, se cogita que a estatal possa, em caso de novo governo do PT, fazer uma oferta pela Vibra, antiga BR Distribuidora.
Conteúdo local
Nos dois governos de Lula, o incentivo às compras de equipamentos nacionais foi a tônica que norteou a reconstrução da indústria naval brasileira. O crescimento dos investimentos da Petrobras levou à formação de grandes estaleiros, que se beneficiavam do compromisso da estatal de realizar a maior parte de suas encomendas no país. Quando a Petrobras sofreu com o esfriamento do mercado de petróleo e com os efeitos das investigações da Lava-Jato, os grandes estaleiros nacionais quebraram. Mesmo assim, em caso de vitória de Lula espera-se algum nível de retomada das compras nacionais.
De fato, um novo governo do PT encontraria uma estatal «menor», com investimentos mais «modestos» se comparados aos recursos dispendidos até a metade da década passada.
Desinvestimentos
Uma vitória de Bolsonaro manteria o viés de venda de ativos menos relevantes no portfólio da Petrobras. Desde o governo Michel Temer, a estatal segue um plano de desinvestimentos que inclui não apenas as refinarias, mas operações como campos maduros onshore e offshore. «A mensagem que nós recebemos da esquerda é que a reciclagem de portfólio da Petrobras vai continuar», disse.